O nosso Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife promove estudos sobre o diálogo entre tradições espirituais, articulando-se com fóruns civis e comissões religiosas de ecumenismo na região. Em decorrência dessa atividade de pesquisa engajada, já assumimos ativismo político no Comitê de Respeito à Diversidade Religiosa do então Ministério dos Direitos Humanos e trabalhamos, país afora, por um Ensino Religioso como aprendizagem crítica sobre as experiências espirituais da humanidade. Participamos, igualmente, na rede de diálogo inter-religioso, e até no conselho de coordenação, do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental dos jesuítas, e colaboramos também com o Observatorio de la Diversidad Religiosa y de las Culturas en América Latina y el Caribe.
Além disso, agora, aceitamos convite da colombiana Red Latinoamericana y del Caribe por la Democracia (REDLAD) e do argentino Grupo de Estudios Multidisciplinarios sobre Religión e Incidencia Pública (GEMRIP), e, junto com outros parceiros aderentes pela América Latina, passamos a fazer parte da Coalición Religiones, Creencias y Espiritualidades en Diálogo con la Sociedad Civil.
Essa articulação vem trabalhando com o objetivo de visibilizar e promover as atividades de comunidades religiosas e organizações baseadas na fé, como sócias estratégicas para o fortalecimento da democracia, defesa dos direitos humanos e avanço na proteção de grupos vulneráveis (a esse respeito, veja por aqui o relatório do Conselho de Direitos Humanos da ONU “Freedom of religion or belief and Gender Equality”). A coalizão tem agido como grupo organizado da sociedade civil, sobretudo junto à Organização dos Estados Americanos (OEA).
Pois em espaços intergovernamentais como esse cresceu a presença de atores que posicionam vozes neoconservadoras de corte religioso, resistindo a leis e projetos vinculados às agendas de direitos humanos, justiça socioambiental, diversidade sexual e cultural. A Coalición Religiones, Creencias y Espiritualidades en Diálogo con la Sociedad Civil representa, então, tradições espirituais e movimentos ecumênicos e inter-religiosos que participam do Diálogo com a Sociedade Civil nas assembleias anuais da OEA, para fazer frente a tal ideologia religiosa reacionária, fundamentalista e integralista.
Interpelando os representantes de Estados nesse espaço, a coalizão já atuou em três assembleias, debatendo e defendendo desde uma perspectiva inter-religiosa as agendas inclusivas e plurais de direitos humanos, trabalhando por políticas populares que envolvam marginalizados, mulheres e LGBTs. Além dos encontros na OEA, a coalizão também promove momentos de diálogo e formação entre seus membros (veja por aqui as publicações do GEMRIP), favorecendo o surgimento de espaços de referência e incidência das espiritualidades e religiões em políticas públicas progressistas.
Com isso, vamos avançando no processo de internacionalização em rede do nosso Observatório, não apenas no campo das pesquisas acadêmicas mas também das militâncias político-culturais (veja aqui o documento Laicidade do Estado e Reforma do Sistema Político, que busca contribuir para que a laicidade do Estado e a liberdade religiosa sejam assumidas como horizontes de uma democracia plural no Brasil). O professor Gilbraz já andou consolidando relações com organizações homólogas, sobretudo desde a Colômbia, e membros do nosso Grupo de Estudo já viajaram com suas pesquisas pros Estados Unidos, Itália, Espanha e Colômbia. É tempo dessa teia de contatos estabelecer linhas de atuação mais ampla e articulada em defesa da diversidade e do diálogo, enquanto desdobramento político de uma fé esclarecida.
Saiba mais:
Presença do Observatório na Itália
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