Esta seção vai publicar uma coletânea de dissertações e teses no campo dos estudos de religião, bem como das ciências humanas e sociais, que digam respeito às religiosidades no Recife e região e aos seus (des)encontros. Pretendemos também criar um banco de ideias com sugestões de pesquisas sobre fatos religiosos importantes em nosso contexto, de modo a estimular a investigação sobre o diálogo inter-religioso entre professores e estudantes. Como aperitivo do banquete acadêmico que está por vir, conheça algumas das pesquisas realizadas por membros do nosso Grupo de Estudos e também subsídios de alguns dos debates promovidos pelo Observatório:
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José Fabrício Rodrigues dos Santos Cabral – Crenças transumanistas: a superação do envelhecimento, o fim da morte e o advento do fibiogital
A tese enfrenta o desafio de mapear os contornos da religiosidade que surge do transumanismo, um movimento filosófico que visa transformar a condição humana com o uso de tecnologias emergentes, alcançando as máximas potencialidades em termos de evolução, deixando em segundo plano a biologia para atingir o patamar de pós-humano. Fabrício defende que o transumanismo – transignificado em religião das soluções – é um signo porque, ao evocar a engenhosidade da vida como código, desvela possíveis existências vindouras prenunciadas pela práxis soteriológica NBIC (nanotecnologia, biotecnologia, informática, cognitivismo) – o “deus por vir” ou o sagrado disruptivo. O espírito noosférico – o impulso criativo que habita o mais íntimo da interioridade humana – se “extrojeta” e enseja a IA (inteligência artificial), uma criatura (o fibiogital) que se desvencilha do criador porque capaz de autonomia, liberdade e decisão. As forças incomensuráveis, as estratégias focadas e as ferramentas eficazes da bionanotecnologia engendram um novo paradigma, o cibernético; uma nova crença, a tecnofilia; uma nova religião, o solucionismo; um novo ser superior, o vazionado; uma nova cosmovisão, a beatitude terrenal; uma nova aspiração, a amortalidade. Não é mais volta para os antepassados, reencarnação ou ressurreição, mergulho em um nada místico: é amortalidade! O transumanismo – o movimento que aglutina saberes, investimentos e polímatas – se faz resposta ao anseio mais arraigado dos bípedes consciência do universo, o de superação da morte; já que a questão não é morrer, mas “deixar de viver”. A religião das soluções promete no mundo do aquém o que as religiões escatológicas prometem no mundo do além. Apesar de a pregação das realidades invisíveis cativar uma miríade de pessoas, a escatologia secular se impõe como horizonte de sentido e significados, uma vez que o envelhecimento é superável e a morte é evitável. O que se afirma não é ficção, mas ciência da ficção.
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Arthur Jordan de Azevedo Toné – A significação da eclesiologia de Lutero no catolicismo atual
A dissertação defende que a unidade eventual entre católicos e luteranos somente terá algum significado se houver uma compreensão cabal das dificuldades existentes no tempo da Reforma, tanto dos conflitos doutrinais quanto do contexto interpretativo oriundo da atividade de Martinho Lutero. As pesquisas acadêmicas empreendidas nas últimas décadas têm fornecido uma imagem mais clara do seu pensamento, e isto favoreceu os consensos obtidos nos diálogos oficiais entre a Igreja Católica e a Federação Luterana Mundial. Dentre as questões que permanecem em aberto nesse diálogo encontram-se aqueles relacionadas com a natureza e as propriedades da Igreja (eclesiologia fundamental). A pesquisa, pois, pretendeu identificar os pontos de convergência entre o pensamento eclesiológico de Lutero e a eclesiologia fundamental católica na constituição dogmática Lumen Gentium e no decreto Unitatis Redintegratio do Concílio Vaticano II, visando contribuir para avançar o diálogo ecumênico oficial sobre o tema. Para isto, a natureza sacramental da Igreja proposta pelo Concílio foi analisada a partir dos conceitos de sacramentum tantum, res et sacramentum e res tantum da teologia sacramental, e, fazendo uso das normas de interpretação teológica, identificaram-se o grau de autoridade desse ensinamento conciliar e o limite de um pluralismo teológico católico verdadeiro. Este limite permitiu posteriormente identificar onde havia consenso entre a eclesiologia católica e a de Lutero. Quanto ao pensamento deste, analisou-se quatro de suas principais obras eclesiológicas, sintetizando-as em um todo unitivo a partir da sua confissão de fé de 1528. Foram identificados oito pontos de consenso entre a eclesiologia fundamental católica e a de Lutero, alguns dos quais não foram tratados suficientemente nos diálogos ecumênicos oficiais. Fundando-se neles, foram sugeridas oito propostas práticas para transformar em uma realidade concreta o que a análise teológica alcançou pela reflexão. Verificou-se que a analogia sacramental em relação à natureza da Igreja é um ensinamento não-definitivo do Magistério ordinário e universal, e que ela condiz com o pensamento de Lutero naqueles oito pontos de consenso. Constatou-se, por fim, que a analogia do mistério da encarnação é mais conveniente que a da relação entre corpo e alma proposta por Lutero para explicar como se coadunam entre si a visibilidade e invisibilidade na Igreja. A caminhada ecumênica poderá ser beneficiada por esta pesquisa, seja porque elenca propostas para transformar em experiência prática de formação e vivência cristã os consensos obtidos, seja porque serve para purificar a memória dos cristãos católicos a respeito do pensamento de Lutero naqueles pontos de concórdia.
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Mailson Fernandes Cabral de Souza – Embates epistemológicos em Ciência da Religião: a cartografia discursiva de uma prática científica
Desde o início dos anos 2000, a Ciência da Religião tem experimentado, no Brasil, um forte período de expansão acadêmica, com a abertura de vários cursos de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado). Como efeito desse processo, o delineamento político e institucional desses cursos adquiriu contornos mais nítidos, tornando a epistemologia um tema central nas discussões acerca do perfil acadêmico do cientista da religião, de sua área de formação e atuação. No entanto, as posições assumidas nesse debate são heterogêneas, especialmente no que tange à existência ou não de um quadro teórico-metodológico e de uma genealogia que sejam próprias à Ciência da Religião. A fim de cartografar essa questão, nossa tese tem como objetivo geral analisar como são produzidos os discursos referentes ao objeto, métodos e filiações conceituais da Ciência da Religião no Brasil. E como desdobramento, os seguintes objetivos específicos: a) apresentar como a articulação entre a Epistemologia Histórica, praticada por Georges Canguilhem, e a Análise do Discurso, elaborada por Michel Pêcheux, permite examinar a produção de valores e sentidos de uma prática científica em uma dada época; b) rastrear, a partir de uma genealogia do conceito de religião para a Ciência da Religião, a emergência, desenvolvimento e diáspora dessa prática científica; c) examinar o aparecimento e disseminação dos cursos de Ciências da Religião no Brasil e das reflexões teórico-metodológicas sobre a área; d) mapear o funcionamento discursivo do termo epistemologia no debate sobre estatuto epistemológico da Ciência da Religião no cenário nacional entre 2001 e 2022. Metodologicamente ancorados na cartografia discursiva das práticas científicas, traçamos uma história epistemológica da Ciência da Religião em sua fase formativa e período clássico, bem como analisamos as condições de produção que caracterizam a sua institucionalização universitária em terras brasileiras e as contradições inerentes a esse processo, investigando como o tema da epistemologia adquire importância nessa conjuntura. Na análise discursiva do debate em torno do termo epistemologia, observamos que apesar das variadas tentativas de equacionar o tema, persiste uma série histórica de problemas teóricos, metodológicos e institucionais nos modos dominantes de compreender o que seja a Ciência da Religião. Nas linhas que marcam o desfecho desse estudo, indicamos que apesar das incompreensões que atravessam os embates epistemológicos da disciplina em nosso país, permanecer nelas não precisa ser o destino final dos cientistas da religião. A possibilidade de novas partidas não está fechada.
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José Artur Tavares de Brito – À sombra do Juazeiro: as transformações da experiência religiosa popular no Juazeiro do Padre Cícero (1986-2016)
O objetivo da pesquisa de Artur foi analisar as transformações na experiência religiosa dos romeiros do Juazeiro do padre Cícero Romão, no contexto de mudanças culturais mais amplas, buscando compreender as estratégias de hibridação como mecanismos de preservação e ressignificação da romaria, no período de 1986 a 2016. Assim, situa historicamente as romarias do Juazeiro do Norte, ressaltando a autoprodução religiosa popular que transformou a região do Cariri cearense em importante centro de peregrinação no Nordeste do Brasil. Identifica a romeira e o romeiro do padre Cícero Romão como protagonistas de uma liturgia própria, que se desenvolve em negociações com poderes públicos, com a Igreja ou o mercado. E analisa o processo de canonização do padre Cícero Romão, pontuando continuidade e descontinuidade do protagonismo dos romeiros e romeiras. Esta pesquisa em Ciências da Religião situa-se dentro do marco teórico e metodológico transdisciplinar, que destaca o conhecimento brotado entre e além das diversas áreas e sujeitos. Com uso de metodologia qualitativa, procedeu-se a observação participante e entrevistas semiestruturadas com 30 romeiros e romeiras de vários estados do Nordeste, como também de 30 estudiosos da região do Cariri. Para a crítica desse material, fundamentou-se nas teorizações da Análise do Discurso (AD) de orientação francesa, que produz seu tecido através de contribuições das ciências sociais. O estudo mostrou uma realidade que só pode ser compreendida a partir de um cenário religioso mais amplo, no qual também estão inseridos padre Ibiapina, os beatos Antônio Conselheiro e José Lourenço. Os entrevistados e entrevistadas consideraram que a modernização do transporte em “caminhão pau de arara” foi “como se perdesse uma entidade do Juazeiro”, porque ele promovia ambiente de mística solidária e correspondia às condições financeiras dos mais pobres. Além do moderno turismo religioso, o protagonismo dos romeiros e romeiras foi atingido pelo processo de clericalização das romarias, que coincide com o movimento em torno da eventual reabilitação do padre Cícero Romão, contrapondo a religião do Templo à religiosidade da Estrada. Constatou-se que o movimento religioso popular do Juazeiro revela um potencial social subversivo, escondido sob as aparências de passividade alienada, pelo que chamamos de Cristianismo Místico Beato a esse movimento em torno das romarias do padre Cícero, que faz parte de um universo simbólico mais amplo e para além de Juazeiro do Norte, marcado pela inclusão do pobre e da comunhão solidária.
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João Elton de Jesus – Ser mais para e com os demais: espiritualidade inaciana para autoconhecimento e projeto de vida de universitários
A dissertação de mestrado de Elton resulta da pesquisa sobre como a espiritualidade inaciana pode ser um instrumento para ajudar os universitários em seus processos de autoconhecimento e construção de projetos de vida. Para isso, buscou compreender o contexto contemporâneo, principalmente no que tange às realidades juvenis e do mundo universitário, com as reflexões de Bauman, Baudrillard e Debord, que apresentam as suas teorias de sociedade líquida, sociedade do consumo e sociedade do espetáculo. Apresentou então as fontes inacianas, como a autobiografia de Santo Inácio e os documentos fundantes da Companhia de Jesus, que são base para a estruturação do seu Apostolado Educacional, buscando compreender o que se pretende com a formação integral dos estudantes. Em seguida, identificou, dentro do arcabouço inaciano, algumas luzes para ajudar no processo de integração e autoconhecimento de universitários, ajudando-os a se reconciliar com seu passado, reconhecendo as potencialidades e possibilidades de ação do seu presente, para então poder projetar a vida, tendo como base aquilo que cada um é, o seu lugar de anunciação, e, também, o sentido e os valores que norteiam as suas ações. Finalizou com uma proposta de “manutenção” desse projeto de vida, em um constante exame e avaliação, para que o estudante possa se adaptar às mudanças no mundo sem perder de vista sua missão cristã, de ser uma pessoa com e para os demais e em constante reconciliação consigo, com o outro, com a sociedade, com a transcendência e com o a Casa Comum.
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Luis Carlos de Lima Pacheco – O sagrado nos jogos digitais: arquétipos do sagrado no game Dragon Age
A tese de Luca parte da constatação de que existem ingredientes simbólicos que performam as narrativas dos jogos eletrônicos, para analisar então os componentes religiosos ou espirituais presentes nos operadores audiovisuais do designer dos games e como esses elementos, recorrentes especialmente nos jogos de MMORPG, despertam energias arquetípicas do sagrado no jogador. A pesquisa tomou o jogo Dragon Age Origins como estudo de caso, para imersão e cartografia da experiência religiosa nos jogos digitais, baseando-se na teoria dos arquétipos de Carl Jung, bem como no pensamento complexo e transdisciplinar, explorando a lógica da “terceira peça” no jogo com base no terceiro incluído de Nicolescu. A tese, portanto, no campo dos “games studies” em Ciências da Religião, procura revisar o conceito de “sagrado” nos videogames e propor uma criteriologia para o estudo do fenômeno religioso nos jogos digitais, apontando caminhos para um Ensino Religioso como aprendizagem crítica e transdisciplinar sobre as experiências espirituais da humanidade, aberto à complexidade da experiência religiosa na cultura digital. Uma viagem entre e além dos tempos e espaços sagrados.
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Cícero Lopes da Silva – Ensino Religioso na escola pública do Brasil: contribuições do método transdisciplinar
A tese aborda questões e práticas do Ensino Religioso no Brasil com o objetivo de contribuir para a epistemologia da disciplina a partir dos princípios do método da transdisciplinaridade e do pensamento complexo. Em adequação epistemológica e metodológica a fenômenos sociais, a pesquisa apresenta-se como um estudo Qualitativo e Bibliográfico. O Ensino Religioso no país ainda é tratado de modo ambíguo pelos sistemas de ensino, atuando tanto para a formação geral do cidadão quanto para a filiação religiosa de Igrejas. Tal situação torna a disciplina frágil e vulnerável à crítica por parte daqueles que defendem o estatuto do Estado laico e a religião como questão de foro íntimo. Entretanto, a religião integra o substrato cultural da humanidade, e desde 1873 é tratada nas Universidades como matéria acadêmica e objeto singular de estudo, podendo ser compreendido como componente curricular de ensino. Por outro lado, a história mostra que no Brasil o Ensino Religioso foi institucionalizado por questões políticas e sem uma base científica, o que lhe deixou alheio à comunidade científico-acadêmica. Assim, não se trata de excluir o ensino sobre a religião de dentro da escola, mas de contornar os seus limites e os seus métodos através de outros princípios e paradigmas. Portanto, a partir da evolução histórica dos paradigmas da ciência que influenciam o conhecimento e a educação, o estudo coloca o Ensino Religioso inserido nas Ciências da Religião e enriquecido pelo método transdisciplinar da complexidade, que engendra uma atitude dialógica, transreligiosa e transcultural de conhecimento. Nesse sentido, o Ensino Religioso se torna educação do cidadão, baseado no estudo da diversidade religiosa brasileira e mundial, sem o viés confessional ou proselitista.
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Karina Oliveira Bezerra – Paganismo contemporâneo no Brasil: a magia da realidade
O texto, perto de 500 páginas, trata do neopaganismo no Brasil (wicca, druidismo, heathenismo e helenismo) e do paganismo brasileiro (neoxamanismo, espiritualidade da deusa, bruxarias e paganismo piagas). Mostra que o paganismo é um movimento religioso contemporâneo que acredita em vários deuses, sendo a natureza sacralizada e cultuada em ritos sazonais, com adaptações para a vida na sociedade moderna. Busca-se a inspiração e reconstrução das antigas religiões pré-cristãs europeias e/ou das tradições indígenas do país e origem dos praticantes. A tese se concentra na criação da realidade pelos pagãos, utilizando os conceitos de “programas de verdade” e “imaginação constituinte”, de Paul Veyne. Investiga, pois, a religião como vida cotidiana, com Graham Harvey, e usa a ética corpórea de Ian Jamison, em conjunto com os estudos sobre magia de Hanegraaff, Pasi, Thomas e Mauss. A pesquisa investigou a origem do paganismo no movimento romântico, que era nostálgico de um passado desaparecido (pagão), buscando uma união orgânica entre pessoas, cultura e natureza; e na nova forma de magia que surge com a secularização, que busca uma união mística com o divino, combinado ao espírito de otimismo e fé no progresso e aperfeiçoamento humano. Tendo esse contexto mundial, que comporta o mito e o rito pagão contemporâneos, chega-se ao Brasil, onde desenvolveu um levantamento bibliográfico e documental, pesquisa de campo em quase todas as regiões do país, incluindo entrevistas e questionários. Assim, com base naqueles conceitos e análise de conteúdo destes dados, descobre a magia como elo fundador e aglutinador do paganismo. Ela é o “processo” de Whitehead, é a imaginação, o encanto. A magia aí torna a vida real, possibilita que a crença em um conjunto de mitos una um grande número de estranhos, possibilita que a prática de um conjunto de gestos crie uma realidade e insira seus praticantes numa comunidade, que se perpetua pelo mesmo processo de experienciação dos sujeitos. A tese desenvolveu três hipóteses: a primeira caracterizou a magia no paganismo, que chamou de “magia tríplice”; a segunda mostrou que os pagãos usam a magia como recurso; e a terceira revelou como o mito expressa a crença e distingue as religiões pagãs.
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Maria Lúcia Gomes dos Prazeres – Terça Negra no Recife: narrativas sobre dança, música, espiritualidade e sagrado
O Projeto Terça Negra é um dos maiores eventos político-culturais realizados pelo Movimento Negro Unificado de Pernambuco – MNU, declarado como principal estratégia de enfrentamento ao racismo e a todas as formas de discriminação. O projeto de pesquisa, baseado na história oral, nas histórias de vida, foi criado com o propósito de analisar nas narrativas de lideranças femininas, articuladoras históricas do evento, a relação que estabelecem entre dança e música, desenvolvimento espiritual e vivência com o sagrado. A dissertação alinhava as narrativas de doze personagens que transformaram a experiência do povo negro no Recife e tiveram suas próprias histórias fortalecidas pelos encontros de música e dança no Pátio de São Pedro. Gente feito Vera Baroni, militante do movimento negro e integrante do Ylê Obá Aganju Ocoloiá; Marta Almeida, militante negra e coordenadora do Movimento Negro Unificado de Pernambuco; e Elza Maria Torres da Silva, sacerdotisa de matriz africana conhecida como Mãe Elza. Lúcia conclui que a Terça Negra é um laboratório de produção, realimentação e disseminação de conhecimentos e saberes artísticos, culturais e religiosos, oriundos da herança ancestral africana.
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Maria Vanessa Nunes do Carmo – Mapeamento e pluralismo: a territorialidade religiosa no bairro do Pina em Recife (2012-2016)
No Recife percebe-se o crescimento de tradições religiosas alternativas, sobretudo nas periferias. O estudo buscou mapear as territorialidades religiosas nas comunidades do bairro do Pina, tendo como base as práticas de apropriação do espaço urbano. A metodologia da pesquisa incluiu levantamentos documentais e cartográficos, inclusive o geoprocessamento nos territórios de 55 núcleos religiosos, além da participação em atividades religiosas e realização de entrevistas com animadores. O suporte teórico para análise desse material incluiu autores da geografia das religiões e analistas das transformações do fenômeno religioso e da sua pluralização, tais como Rosendahl, Teixeira e Sanches. Foram construídos mapas temáticos e se constatou que os discursos das lideranças religiosas, ainda que aludindo ao respeito e ao diálogo, revelam antagonismos gritantes e uma disputa acirrada por espaços sagrados em uma metrópole regrada sempre mais pelo mercado, também de significados e valores religiosos.
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Mailson Fernandes Cabral de Souza – Religião e espaço público: o discurso político do Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa
O Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa (CNRDR) é um colegiado, criado em 2014, no âmbito da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). O órgão surge com o objetivo de auxiliar a SDH/PR na elaboração de políticas de afirmação e direito à liberdade e diversidade religiosa, atendendo ao Plano Nacional de Diretos Humanos III (PNDH-3) no campo da promoção do respeito às diferentes crenças, liberdade de culto e garantia da laicidade do Estado. Esta pesquisa tem por objetivo observar o funcionamento do discurso político do CNRDR. São seus objetivos específicos: expor o contexto histórico-político de surgimento do CNRDR; situar conceitualmente a correlação entre as noções de laicidade, direitos humanos e políticas públicas no cenário político brasileiro; analisar os processos discursivos presentes no discurso do Comitê. Adotou-se como marco teórico e metodológico do trabalho a Análise do Discurso de linha francesa (AD). Tendo por base esse dispositivo teórico-metodológico, as seguintes questões de pesquisa foram formuladas: que formações discursivas e ideológicas sustentam o discurso político do CNRDR? Qual é o panorama sócio-histórico em que o discurso do colegiado emerge? Que outros discursos presentes no interdiscurso atravessam a discursivização do Comitê? Como resultado, foi possível perceber que, sob a impressão de transparência da linguagem, os sentidos do político estão sempre divididos no discurso do CNRDR, sendo a diversidade religiosa uma noção heterogênea e aberta que torna a inserção da dimensão religiosa possível no âmbito das políticas públicas em direitos humanos.
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Constantino Jose Bezerra de Melo – Representações sociais das religiões afro-brasileiras: o que pensam os estudantes das escolas estaduais de referência da cidade do Recife
A presente dissertação está relacionada ao mestrado de ciências da religião, à linha de pesquisa: campo religioso brasileiro, cultura e sociedade. Ela tem como propósito analisar as Representações Sociais das religiões afro-brasileiras, apresentadas por estudantes de três Escolas de Referência da Rede Pública Estadual de Pernambuco, localizadas na região norte da cidade do Recife. As religiões afro-brasileiras foram geradas historicamente no processo de enfrentamento com o colonizador português e escravocrata, resultando num processo de reelaboração e ressignificação religiosa como saída para preservação das religiões minoritárias de negros e nativos. Para contextualizar historicamente as religiões afro-brasileiras, utilizamos como pesquisa bibliográfica, a produção de conhecimentos da história, da antropologia, da sociologia e da psicologia social, visando compreender como essas religiões foram concebidas no passado e resinificadas no presente. Esta é uma pesquisa de campo, qualitativa e descritiva. Assim, a coleta de dados foi realizada através de entrevistas semiestruturadas, aplicadas aos dezoito entrevistados para analisar o que pensam os estudantes sobre as religiões afro-brasileiras, bem como aos três coordenadores pedagógicos das três escolas com o objetivo de analisar o cumprimento das ações recomendados pela Lei 10.639/2003 que trata da História e Cultura Afro-Brasileira, indicando um trabalho de desconstrução e combate ao preconceito étnico-racial e religioso. A análise dos dados coletados foi realizada através da análise de discurso. Como resultado, espera-se contribuir para a problematização da abordagem das religiões afro-brasileiras representadas pelos estudantes da escola pública estadual de Pernambuco, ampliando no Programa de Educação Integral de Pernambuco a valorização da educação na dimensão religiosa e espiritual, fortalecendo a concepção de educação crítica e emancipadora de estereótipos, preconceitos e discriminações religiosas, e, assim, possibilitar a construção de uma sociedade mais justa e democrática, onde a diversidade e o diálogo inter-religioso possam ser respeitados.
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Rosália Soares de Sousa – Ensino religioso e paisagem religiosa: uma análise panorâmica na legislação e no projeto político-pedagógico das escolas da rede estadual de Pernambuco
A presente dissertação de mestrado está relacionada à linha de pesquisa Campo Religioso Brasileiro. Pretende analisar o Ensino Religioso, Paisagem Religiosa e Lugares Sagrados uma análise panorâmica na legislação e no projeto político-pedagógico das escolas da rede estadual de Pernambuco. Para tanto, foi resenhado a legislação educacional, analisou-se os Parâmetros Curriculares de Geografia e os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso na perspectiva de defender a conexão entre esses dois componentes curriculares através da temática Paisagens Religiosas e Lugares Sagrados nos Projetos Político-Pedagógico das escolas da rede pública estadual. A caminhada metodológica adotada foi a análise qualitativa bibliográfica e descritiva e envolveu pesquisa na Gerência Regional de Educação Metropolitana Sul. Fundamentando-se na literatura das Ciências da Religião. Ao final fizeram-se sugestões no decorrer dos capítulos, enfatizando-as nas considerações finais. No primeiro capítulo constatou-se a não existência de proposta pedagógica para o Ensino Religioso Escolar no âmbito federal e estadual apesar de ele estar inserido em diferentes legislações e figurar como área de conhecimento e componente curricular com oferta obrigatória. No segundo capítulo, a inserção da paisagem religiosa e dos lugares sagrados no Projeto Político-Pedagógico das escolas é pertinente e se fundamenta na autonomia da escola defendida pela legislação educacional. Finalmente, no terceiro capítulo ficou evidente a possibilidade de conexão entre o Ensino Religioso e a Geografia através da temática Paisagem Religiosa e Lugares Sagrados. As escolas pesquisadas demonstram preocupação com a construção de uma proposta para o Ensino Religioso em seu PPP, mas não avançam devido à inexistência de uma diretriz nacional.
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Maruilson Menezes de Souza – “Pelos muitos caminhos de Deus”: possibilidades e limites da teologia pluralista trans-religiosa da libertação
Nesse início de milênio está se formando consenso entre estudiosos de diversas partes do mundo de que a teologia clássica já não mais responde a contento às culturas pluralistas desse novo tempo Axial e cresce o anelo pela construção de uma nova teologia, que seja inter-faith ou multi-faith. Tal teologia exige a construção de um novo paradigma, uma lógica de complementariedade e não de exclusão, na forma do pensar teológico. Refletindo os esforços de iniciativas convergentes pelo mundo, a Associação Ecumênica de Teólogos do Terceiro Mundo, ASETT, através da coleção “Pelos muitos caminhos de Deus”, propôs uma teologia nova, trans-religiosa, leiga, aberta, não institucional, planetária, pluralista e em conexão com os princípios da Teologia da Libertação. A presente pesquisa contextualiza, analisa e discute as possibilidades e limites dessa proposta. Palavras-chave: Teologia da Libertação, Diálogo Inter-religioso, Atitude Trans-religiosa.
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Valter Luís de Avellar – Espiritualidade e Internet
Esta pesquisa tem como objetivo entender o porquê de tantas pessoas se utilizarem do e-mail para divulgar mensagens de atitude positiva, valores positivos, otimismo, sabedoria, espiritualidade e sentido da vida. O que as motivam e quais são os efeitos em suas vidas? Partindo da experiência de um grupo de troca de mensagens humanísticas e espirituais, abordaremos alguns aspectos sobre esse fenômeno da Internet. Para o enfoque da sociabilidade em rede, utilizaremos os conceitos de Ciberespaço, Cibercultura e Inteligência Coletiva. A propagação da fé terá uma ótica da Mística e do Sagrado. A Transdisciplinaridade servirá de suporte para o diálogo inter-religioso que se evidencia. E analisaremos os efeitos terapêuticos através de uma forma de conhecimento humano denominado Logoterapia. Palavras-chave: Internet, Mística, Diálogo Inter-Religioso, Transdisciplinaridade, Logoterapia.
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Luiz Justino da Silva Júnior – A manifestação do sagrado na Noite dos Tambores Silenciosos
Qualquer experiência humana pode ser sacralizada, continuando na sua superfície “profana”. O caráter sagrado lhe vem da atribuição do mistério que oculta. Este mistério pode ser de beleza ou de feiura, de bondade ou de maldade, de segurança ou de pecado, de anjo ou de demônio, no templo ou na rua. O sagrado opera uma transformação nas coisas do mundo, tornando uma realidade inteiramente diferente das realidades naturais. O trabalho se propõe a analisar, pois, a “hierofania” contruída e reelaborada na Noite dos Tambores Silenciosos, em uma tentativa de compreender o desenvolver deste processo, nessa festa religiosa que prorrompe em meio ao carnaval do Recife.
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Marconi de Queiroz Campos – Cristãos e Muçulmanos: exigência de uma relação dialógica para a construção da paz
O trabalho traça alguns pressupostos epistemológicos para o diálogo entre cristãos e muçulmanos. Dividido em cinco capítulos, inicia com a conceituação de diálogo à luz dos pensamentos de Paulo Freire e Martin Buber. Nesse capítulo, define-se o que seja diálogo inter-religioso, diferenciando-o do ecumenismo. Em seguida, apresenta-se uma síntese dos grandes encontros inter-religiosos ocorridos no mundo, desde o Primeiro Parlamento Mundial das Religiões, realizado em Chicago, EUA, no ano de 1893, até a Jornada Mundial da Oração, ocorrida em Assis, Itália, no ano de 1986. No segundo capítulo, as teologias pluralistas de John Hick e John Spong são utilizadas para uma nova compreensão da encarnação divina de Jesus Cristo de forma metafórica e a importância deste fato para o diálogo inter-religioso. No terceiro capítulo, mostra-se que o mundo muçulmano, através de seus teólogos, também tem procurado fazer o aggiornamento de sua base teológica, reinterpretando alguns fundamentos do Alcorão e da Sharia. No quarto capítulo, aborda-se a necessidade do diálogo inter-religioso à luz das filosofias da alteridade de Martin Buber, Emmanuel Lévinas e Boaventura Santos. O quinto capítulo tratou da aplicação da epistemologia transdisciplinar de Basarab Nicolescu e Edgar Morin ao diálogo inter-religioso, com a integração dos saberes, a partir do axioma lógico do terceiro incluído. Na conclusão destacam-se os pontos essenciais, dentro de uma nova forma de pensar e interpretar, para a coexistência entre cristãos e muçulmanos na construção de uma cultura de paz. Palavras-Chave: diálogo inter-religioso, cristianismo, islamismo, alteridade e transdisciplinaridade.
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Valéria Alvarenga Taumaturgo Silva – Comunidade judaica do Recife: possibilidades e entraves ao diálogo intra-religioso entre judeus asquenazes, sefarades e messiânicos, o que os distancia o que os une
O trabalho analisa as possibilidades e os entraves ao diálogo intra-religioso na comunidade judaica em Recife, formada por judeus asquenazes, sefarades e messiânicos, buscando evidenciar o que os une e o que os distancia, tomando como chave hermenêutica a teocracia judaica e a complexidade da transdisciplinaridade. Constata-se que existe inegável tensão entre esses grupos que se distinguem entre si (e até se excluem) por alguns conteúdos sagrados específicos, mas que, ao mesmo tempo, estão ligados ao princípio fundamental da teocracia judaica, isto é, ao axioma judaico do monoteísmo, à fé num único Deus que tudo governa. A análise histórico-critica da origem de cada grupo ajudará compreender o que os caracteriza e as razões de suas diferenças, esperando-se, com isso, constatar reais probabilidades de um possível diálogo intra-religioso entre eles.
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Veja Subsídios de Debates
MORTE E RENASCIMENTO
Lei das Religiões
Sacrifício e Religiões
Mulheres nas Igrejas
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