RELIGIÕES NO ESPAÇO PÚBLICO

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A SOTER é a principal associação da área de estudos da religião do país e, neste ano de 2015, em que comemora o 30º aniversário, a Sociedade de Teologia e Ciências da Religião realizou, de 14 a 17 de julho, o seu 28º Congresso Internacional. Cerca de 600 pesquisadores estiveram em Belo Horizonte debatendo a temática “Religião e espaço público: cenários contemporâneos”, que recolocou em pauta, para reflexão, a atualidade da religião no campo político e sua influência nos diversos setores da sociedade e da cultura. Tanto no que se refere às religiões institucionalizadas, quanto no que diz respeito à religiosidade trânsfuga das ruas; quer seja fermentando movimentos libertários na micro-política, quer fundamentando comunitarismos reacionários nas câmaras e assembleias. Globalização, secularização e educação foram os eixos das conferências e mesas de debates, mas o Congresso se articulou sobretudo através de 12 Grupos de Trabalho mais permanentes e 11 novos Fóruns Temáticos, que abrigaram 352 comunicações científicas..

Muitos professores e estudantes da UNICAP marcaram presença e, do nosso Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife, estiveram participando das discussões e apresentando comunicações os colegas Artur, Luca, Franci, Vanessa e Karol, além de Gilbraz. Eles se reuniram por duas tardes no GT “Espiritualidades, Pluralidade e Diálogo“, juntamente com grupos de estudo sobre o diálogo da UMESP e PUCMinas. Esse Grupo de Trabalho e Pesquisa busca reconhecer, no convívio com a diversidade, o que há de único e irrevogável em cada religião; ao mesmo tempo em que o dinamismo espiritual que está entre e para além das religiões, inclusive entre aquelas expressões laicas e sem divindades. O diálogo “inter-religioso” que todas proporcionam faz repensar o compromisso ético das religiões com a paz mundial.

11745660_1600079056932524_5864577404687838979_nFalar nisso, o professor Gilbraz ainda proferiu no encerramento do Congresso a conferência “Religião, Educação e Ética” (veja por aqui o texto integral). Partiu do debate sobre a teologia performática ensaiada por uma atriz “crucificada” em recente Parada Gay, para lembrar que a religião, como pedagogia para uma mística da relação e do diálogo, está entre a educação e o amor, podendo colaborar para a ampliação da nossa ótica sobre a realidade e, em decorrência, para a dilatação das fronteiras de nossa ética: a gente cuida amorosamente daquilo que reconhece como relacionado (da florzinha ao cosmos, do vizinho ao pobre, ao outro cultural e ao estranho moral). E as religiões, quando bem entendidas, fazem variações pedagógicas para uma experiência de descentramento e busca de religação com a transcendência, de reconhecimento de si em tudo e todos como partes da grande teia da vida, de sentimento oceânico e reverência pelo mistério da realidade – o que ajuda na formação de pessoas e comunidades saudáveis e respeitosas. Nesse sentido, deve-se pensar principalmente o Ensino Religioso nas escolas públicas como exercício de uma aprendizagem trans-religiosa de valores e sentidos humanizantes – inclusive para se desconstruir demonizações como a feita por cristãos no Congresso Nacional daquela atriz transexual, que uniu o seu sofrimento e esperança ao de Cristo na cruz. Agora, das montanhas de Minas, o debate prossegue pelos campos e campi do Brasil.

 

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Saiba mais:

Debate sobre Ensino Religioso

Fundamentalismos e esperanças

Laicidade, religiões e direitos

Diversidade religiosa

 

7 comentários Adicione o seu

  1. sobre a história da travesti crucificada…
    https://www1.unicap.br/ihu/?p=7581

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