A SOTER, Sociedade de Teología e Ciências da Religião, é uma associação civil fundada em 1985, independente de estruturas eclesiásticas ou partidárias, amplamente ecumênica e de orientação libertadora. Tem mais de 650 sócios dedicados ao estudo e pesquisa das religiosidades e religiões, bem como das suas interfaces sociais, naturais e humanas.
De 9 a 12 de julho de 2019, na PUC Minas, teve lugar o Congresso Internacional da SOTER, que está entre os mais tradicionais do campo dos estudos de religião no país, chegando agora à sua 32ª edição, o que demonstra a consolidação de sua proposta e a importante contribuição acadêmica que traz à sociedade. Muitos professores e estudantes da UNICAP estiveram presentes, e do nosso Observatório destacaram-se Franci, Mailson, Luca e o Prof. Gilbraz.
Ao trabalhar o tema “Decolonialidade e práticas emancipatórias: novas perspectivas para a Área de Ciências da Religião e Teologia”, a SOTER procurou evidenciar situações estruturais de injustiça, provocadas pelo capitalismo e colonialismo dos nossos processos históricos, pelo patriarcado, pelos fundamentalismos religiosos e o antropocentrismo depredador do ambiente, pelo racismo social e epistemológico, pela necropolítica.
O discurso decolonial tem como base os lugares onde se produz um conhecimento alimentado pelas lutas e resistências populares e é guiado pela utopia de Outro Mundo possível. O Congresso defendeu, assim, que os estudiosos de religião precisam criticar a manipulação ideológica da fé e contribuir para ativar a potência libertadora dos símbolos, terapeutizar o entulho colonizador, machista, explorador e sacrificial das narrativas religiosas, para superar o vaticínio de que “só quando a fé diminui a tolerância aumenta”.
Nesse sentido, o Grupo de Trabalho Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso, que articula os pesquisadores do nosso Observatório, junto com os vinculados ao Prof. Roberlei em Minas e ao Prof. Cláudio Ribeiro no Rio, marcou presença com duas tardes de comunicações e debates, compartilhando estudos de casos relacionados ao ecumenismo e ao diálogo entre religiões e convicções e aprofundando alicerces conceituais e lógicos para um Princípio Pluralista na compreensão do mundo religioso. Percebemos que a decolonialidade tem muito a ver com a pesquisa transdisciplinar que a gente desenvolve, conectando métodos lúdicos e pensamentos poéticos e tecendo um conhecimento mais circular e inclusivo, por entre e além das disciplinas formatadas nas metrópoles.
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