Estamos acompanhando uma onda de busca por experiências religiosas (você já ouviu falar de Missa Cósmica ou da Escola da Vida?!), contrapondo-se ao crescimento secular imposto pelo avanço da chamada pós-modernidade e em meio a um crescente pluralismo religioso da cultura globalizada. Esse contexto desafia sobretudo os cristãos, ainda majoritários em muitos lugares mas bem apegados a formas devocionais excludentes de antanho, a descobrirem “místicas para um novo tempo”.
Este é, justamente, o título da pesquisa de pós-doutorado que Francilaide de Queiroz Ronsi começa a realizar, sob orientação do professor Gilbraz Aragão, no Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da UNICAP, com apoio do Programa Nacional de Pós-doutorado da CAPES/Ministério da Educação. Franci estudou teologia na Católica de Pernambuco e participou ativamente do Grupo de Estudos da gente, onde realizou Iniciação Científica.
Depois foi pra PUC do Rio de Janeiro, onde cursou mestrado e doutorado em teologia, tendo defendido tese, com orientação de Maria Clara Bingemer, sobre “A mística cristã e o diálogo inter-religioso em Thomas Merton e em Raimon Panikkar”. De volta à UNICAP e ao Grupo de Estudo, onde se apresentou na reunião deste 20 de maio (retratada aí nas fotos de Rosália), Franci vai desenvolver o seu método teológico aplicando-o às experiências espirituais de Dom Helder Câmara e do padre José Comblin, dois esteios do cristianismo no Nordeste brasileiro.
Com efeito, quando nos deparamos com as experiências intereclesiais e inter-religiosas do Dom e de Comblin nos damos conta de que apontam para as sendas do diálogo, tanto como aporte para o discernimento pessoal como enquanto instrumento para a concórdia social. Por isso, a pesquisa de Franci vai procurar resgatar no itinerário espiritual de Dom Helder (veja aqui seu discurso sobre as religiões a serviço da paz) o seu interesse no diálogo inter-religioso, revelando um Deus acolhedor e uma Igreja aberta; e destacar na experiência de Comblin (veja aqui compilação de textos dele sobre religiões), que o verdadeiro diálogo só pode existir entre os povos quando eles começam a conviver, “comparando suas religiões e influenciando-se mutuamente, encontrando causas comuns que as atravessam e ultrapassam”.
Estamos todos contentes com a presença de Francilaide até o começo de 2016 entre nós, agradecemos muito a colaboração dos amigos Lucy Pina e Paulo Cesar na sua empreitada acadêmica e já ficamos ansiosos para ler o relatório dessa pesquisa auspiciosa.
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