Um método realçado em nossa missão, de refletir sobre a vivência pluralista do sagrado e favorecer ensaios de uma mística trans-religiosa, é o compartilhamento das artes. Temos articulado estudos mas também organizado mostras sobre arte e espiritualidade, onde se é levado a reconhecer beleza (e, pois, salvação) no caminho do outro, onde transparece a experiência mística realizada entre e para além das religiões. E vamos ajudando a construir um espaço para amplificar esse trabalho: o Parque das Religiões. É um museu em movimento que está surgindo com processos de pesquisa e divulgação, com uma sede que está sendo mapeada mas também representações e exposições que vão se espalhar por aí.
Aos poucos, vários eventos vão desenhando (também virtualmente) um lugar para acolher as pessoas que querem conhecer melhor o desenvolvimento das religiões; seus personagens divinos e palavras inspiradoras; os espaços, calendários e rituais sagrados; as visões da vida para além; a vivência comunitária e ética nas tradições espirituais; seus conflitos, sincretismos e diálogos místicos. Trata-se de um vasto projeto de educação sobre o que as culturas manifestam como divino.
De modo que, mesmo antes da construção da sede, o Parque das Religiões já está vivo até nas redes sociais e vai realizar uma primeira exposição de peças do seu acervo na biblioteca da Universidade Católica de Pernambuco. No dia 4 de outubro, a partir das 17h30, no hall do bloco G, teremos uma apresentação do artista Silvério Pessoa, entoando canções da diversidade religiosa, dando início à cerimônia de abertura da exposição “Espiritualidade em Imagens”.
A reunião prosseguirá até 19h no térreo da biblioteca da Universidade, com lançamento do livro “Espiritualidades, transdisciplinaridade e diálogo” e do documentário “Conviver: o encontro entre as religiões“, que resultam das pesquisas do nosso Observatório das Religiões da UNICAP. Em seguida será apresentada a exposição com 44 imagens e símbolos de religiões indígenas e orientais, das religiosidades mais antigas da humanidade. As peças, muitas delas em bronze, representando Padmashambava (na foto), por exemplo, são parte da bela coleção com mais de uma centena de imagens das principais tradições espirituais, que está sendo doada ao Parque das Religiões pelo médico Rinaldo Santori: ele decidiu se dedicar ao estudo das teologias comparadas e agora cursa mestrado em diálogo inter-religioso na Alemanha.
Com efeito, as imagens sempre dão materialidade ao sagrado presente nas culturas da humanidade, representando as suas figuras salvíficas ou de santidade, retratando cenas que favorecem a contemplação. Essas imagens artísticas ganham caráter religioso e são tratadas com reverência porque enfeixam os poderes que sustentam a vida em cada grupo. Nos povos indígenas, elas evocam as forças da natureza e as relações com os antepassados; nos hinduísmos a iconografia antropomorfiza e sacraliza poderes naturais e sociais, além de referir uma tríade principal de deidades: Brahma, Vixnu e Xiva. Quando surgem movimentos iconoclastas nas religiões, como em parte é o budismo, a caligrafia e a ornamentação assumem posição substitutiva e criam-se representações mentais dos textos, mesmo na ausência das imagens plásticas.
Junto das figuras de divindades e peças simbólicas, a exposição “Espiritualidade em Imagens”, que ficará por um mês no hall da biblioteca da UNICAP, contará também com fotografias de festas religiosas de Gabriel Galvão e pinturas de santidade de Fernando Alves. E quem gostar dessa mostra e quiser apoiar as atividades do Parque das Religiões, pode passar na loja da Fundação de Apoio da Universidade (FASA) no térreo do bloco A e adquirir lembranças, como as canecas do Museu, que estão sendo confeccionadas especialmente para celebrar a mostra. Mais arte, mais transcendência em nossas vidas, por favor!
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