COMER E COEXISTIR

No 21 de janeiro celebramos o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa: é o Dia Mundial das Religiões, mas no Brasil é Dia de Combate à Intolerância, por causa da morte de Mãe Gilda, do candomblé da Bahia, vítima de agressões por cristãos. E nosso país segue marcado por essa intolerãncia, que é muito classista e racista, sendo que cristãos chegam a transformar a “liberdade religiosa” em direito de fazer proselitismo violento nos Terreiros Afroindígenas: neste 21 de janeiro de 2025, inclusive, ao menos três episódios de racismo religioso foram registrados na Região Metropolitana do Recife. Afinal, se cada fé achar que pode impor seus credos às pessoas de fora do grupo, instala-se o inferno na Terra, de modo que todos precisamos nos educar para a tolerância e a coexistência.

Entre nós, então, a data foi celebrada com um encontro inter-religioso promovido pela Prefeitura da Cidade, conjuntamente com o nosso Fórum Diálogos – Fórum da Diversidade Religiosa em Pernambuco, no Centro Comunitário da Paz (COMPAZ) Dom Hélder Câmara. Durante o evento, a partir das 9h, foi assinado um Protocolo de Intenções que oficializa a parceria entre a Secretaria de Cidadania e Cultura de Paz do Recife e o Fórum Diálogos, que há 12 anos trabalha para garantir o direito à liberdade de crença – ou de não crer, para realização de ações conjuntas em defesa da Cultura de Paz e do Estado Democrático de Direito. Ainda no dia 21, o programa da rádio municipal Frei Caneca, o Calor da Rua, recebeu o professor de Ciências da Religião e membro do nosso Observatório das Religiões da UNICAP, Luca Pacheco, para falar sobre o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

E no dia 25 de janeiro, iniciativa apoiada pelo nosso Observatório das Religiões e animada pela pesquisadora Rayane Marinho, do Tucrepodcast (na foto ao lado, com Haricakra, do Movimento Hare Krishna), tivemos uma vivência espiritual e política de combate à intolerância religiosa no Recife: a partir das 8h na Casa do Pão, na Rua do Imperador, pessoas de várias religiões, associadas ao Fórum Diálogos, encontraram-se para conviver e compartilhar alimentos com gente em situação de rua, no Café da Coexistência Espiritual. Após a refeição partilhada e animada por tambores ancestrais, houve uma partilha da palavra, em que cada caminho religioso falou da relação da comida com o sagrado. Foi uma experiência tocante de descentramento de si e de conexão com o outro e o Outro, dessas em que vislumbramos o mistério da vida, em tudo e em todos – e o diálogo das religiões é justamente para redescobrirmos a alteridade entre e para além de todas as tradições espirituais.

Dia de Combate à Intolerância 2024

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