Francisco – o Santo, o Papa e o Parque:

Jesuítas e Franciscanos na promoção do ecumenismo e da ecologia no Parque das Religiões em Olinda

• Promotores: Parque das Religiões, Universidade Católica de Pernambuco e Província Franciscana do Nordeste
• Data e Locais: 10 de outubro (no Convento de São Francisco de Olinda) e 11 de outubro de 2023 (na Universidade Católica de Pernambuco)
• Modalidade: presencial, limitado a 70 pessoas através de inscrições
• Financiamento: PROAP/CAPES

Justificativa:

Inspirados pela encíclica “Laudato Si” (Louvado Sejas) do Papa Francisco e pelo “Documento do Sínodo para a Amazônia“, franciscanos e jesuítas têm se unido para empreender reflexões e ações voltadas à luta pela justiça socioambiental, contra toda forma de exploração e desigualdade socioeconômica, contra toda expressão de racismo e em defesa da democracia, entendendo que essa causa da ecologia integral é também a maior motivação para o ecumenismo e macroecumenismo, para o diálogo entre as religiões e convicções. Há 800 anos os franciscanos criaram uma regra de vida cristã inspirada em São Francisco, que questionou a estratégia das cruzadas católicas e buscou dialogar com o Sultão muçulmano Al-Malik. Há 400 anos, na China, Matteo Ricci e os jesuítas começaram um diálogo intercultural e inter-religioso buscando colaborar com tudo o que leva a humanidade “para frente e para cima”. Tais experiências motivaram a abertura desses religiosos para o estudo científico das tradições de fé e para a meditação mística sobre os dados das ciências, levando-os a acolherem e promoverem o mais amplo ecumenismo entre os grupos espirituais e filosóficos que defendem a justiça e a compaixão, o mais sincero diálogo com as pessoas que amam a vida e a liberdade. Por isso, especialmente os franciscanos e os jesuítas abraçaram o movimento internacional “Laudato Si Revolution”, que se reveste de grande simbolismo por aproximar os carismas e as forças dos dois grandes santos fundadores, Francisco e Inácio, que se refletem na imagem do Papa Francisco, personificando os dois enquanto jesuíta que escolheu o nome de Francisco. Essa união propõe uma “revolução” que incorpora profunda mudança de paradigma no relacionamento com a Terra, nossa “casa comum”, convidando as religiões para a promoção da fraternidade contra as injustiças e a favor do cuidado com o meio ambiente. Entrando nessa ciranda ecológica e ecumênica, os franciscanos de Olinda resolveram abrir o sítio do seu Convento, o mais antigo do Brasil, para acolher o Parque das Religiões: projeto de educadores da sociedade civil que vem sendo desenvolvido com suporte dos estudos de religião cultivados pelos jesuítas na Universidade Católica de Pernambuco, assessorado desde o início pelo seu Observatório das Religiões. Em pleno coração do Sítio Histórico, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, com apoio do poder público e financiamento de empresas parceiras, vai surgir, então, um jardim para meditação sobre a mística que se desenvolve entre e além das tradições religiosas, para contemplação e envolvimento com a natureza, em torno de uma secular fonte de água e com vista para o mar verde da “Marim dos Caetés”.

Contribuições:

O Simpósio “Francisco – o Santo, o Papa e o Parque”, quer ajudar a aprofundar a causa e os temas ecológicos e ecumênicos do Parque das Religiões, que une jesuítas e franciscanos em Olinda. Em 2023, os franciscanos comemoram 800 anos de sua regra, celebramos 80 anos da UNICAP sob animação dos jesuítas e 10 anos de Francisco como Papa. Junto com o Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da UNICAP, estamos desenvolvendo uma pesquisa sobre os conteúdos educativos a serem apresentados no Parque das Religiões, com o objetivo de promover aprendizagens críticas e transdisciplinares sobre as experiências espirituais da humanidade, através de espaços e vivências que unam arte, tecnologia e natureza, constituindo-se em um ponto importante de cultura em Pernambuco, em um museu dinâmico e interativo, em um sítio de educação humanista que estimule a busca de significados mais profundos para o patrimônio que são as espiritualidades, tanto religiosas como também não ou pós-religiosas. O Parque deve se fundamentar nos estudos de religião (“Religious Studies”), que tratam dos fenômenos espirituais contextualizando e comparando processualmente as suas diversas tradições, buscando os sentidos mais densos dos seus textos escritos ou orais. Não se trata de um comparatismo com fins ideológicos ou proselitistas. Nesse sentido, temos destacado a história comparada das religiões, principalmente a produzida por Willian Paden, além da museologia do sagrado desenvolvida por François Mairesse, Charles Orzech e Maria Isabel Roque, que inclusive desenvolveram análise acerca dos principais museus sobre as religiões, fazendo críticas e sugestões com base em trabalhos antropológicos sobre a curadoria de objetos religiosos. As igrejas têm se tornado por vezes museus e os museus funcionam como “igrejas” ou centros espirituais e os dois atendem cada vez mais à indústria turística: desejamos que o nosso museu, todavia, acenda o farol da educação científica em Olinda, apresentando as experiências espirituais em um sítio alegre, acolhedor das pessoas e promotor do diálogo para a paz com justiça. Nessa linha, como ilustração, a primeira sala ou tenda temática poderia ter ao centro uma representação da “árvore das religiões”, ladeada por uma linha do tempo cartografada e animada das tradições religiosas e alguma história das ideias religiosas. Mas como inspirar as apresentações dos outros temas do museu? O nosso Simpósio pretende ampliar o debate com a comunidade acadêmica e os representantes da sociedade, buscando pensar sobre as temáticas transversais de religiões e religiosidades, que devem inspirar objetos mentais e levar à produção de objetos virtuais no Parque das Religiões.

Comitês:

Comitê de Honra:

• Frei César Lindemberg Serafim, OFM, Guardião do Convento de São Francisco de Olinda
• Pe. Pedro Rubens Ferreira Oliveira, S.J., Dr. em Teologia, Reitor da Universidade Católica de Pernambuco
• Sérgio Gonçalves Ferreira, Dr. em Psicologia, Diretor Presidente do Parque das Religiões

Comitê Científico da UNICAP:

• Gilbraz Aragão, Dr. em Teologia, professor do PPGCR-UNICAP, onde coordena o Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife
• José Afonso Chaves, Dr. em Sociologia, professor e coordenador do PPGCR-UNICAP
• José Artur Tavares de Brito, Dr. em Ciências da Religião, professor da UNICAP
• Leonardo da Silva Chaves, Dr. em Etnobiologia e Conservação da Natureza, assessor do Museu de Arqueologia e Ciências Naturais da UNICAP
• Luís Carlos de Lima Pacheco, Dr. em Ciências da Religião, coordenador da Licenciatura CR e do eixo diálogo inter-religioso da Clínica Interdisciplinar de Direitos Humanos UNICAP
• Luiz Carlos Luz Marques, Dr. em História das Religiões, professor do PPGCR-UNICAP
• Mailson Fernandes Cabral de Souza, Dr. em Ciências da Religião UNICAP
• Riccardo Burigana, Dr. em História, diretor do Centro de Estudos Ecumênicos da Itália, professor visitante do PPGCR-UNICAP
• Rebecka Borges da Nóbrega Chaves, museóloga do Museu de Arqueologia e Ciências Naturais da UNICAP
• Roberta Richard Pinto, Dra. em Ciências Biológicas, coordenadora do Museu de Arqueologia e Ciências Naturais da UNICAP
• Silvério Leal Pessoa, Dr. em Ciências da Religião, professor do PPGCR-UNICAP e secretário de Cultura de Pernambuco
• Valdenice José Raimundo, Dra. em Serviço Social, professora do PPGCR e Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação da UNICAP

Comitê Consultivo da Sociedade:

• Ana Luíza Ferreira, Dra. em Ciência Política, secretária de Meio Ambiente de Pernambuco
• Constantino Jose Bezerra de Melo, Dr. em Ciências da Religião, coordenação do Ensino Religioso na Secretaria de Educação PE
• Emanuela Sousa Ribeiro, Dra. em História, professora de Museologia na UFPE
• Faustino dos Santos, Me. em Teologia, frade e animador do diálogo inter-religioso na Província Franciscana do Nordeste
• Floridalva Paiva Dias de Sá Cavalcanti, facilitadora em Cultura de Paz no Centro Budista, membro do Fórum Diálogos e sócia do Parque das Religiões
• Francilaide de Queiroz Ronsi, Dra. em Teologia, coordenação do PPGTeo-PUCRio e do Grupo de Pesquisa Espiritualidades contemporâneas, pluralidade religiosa e diálogo (CNPQ)
• Iron Mendes de Araújo Júnior, Me. em Ciências da Religião, equipe educativa do Museu de Arte Sacra PE
• Joanildo Albuquerque Burity, Dr. em Ciência Política, pesquisador da FUNDAJ
• Marcelo Barros, Dr. h.c. em Ciências das Religiões UFPB, monge e animador de movimentos populares e ecumênicos
• Westei Conde y Martin Junior, Me. em Direito, promotor do MPPE na promoção da liberdade religiosa e membro fundador do Fórum Diálogos

Programação:

Grupo de Estudo Preparatório:

De março a agosto, nas quartas-feiras das 17 às 18h através do Meet da UNICAP, o Grupo de Estudo do Observatório vai pesquisar as temáticas a serem trabalhadas nos GTs do Simpósio.

A adesão de pesquisadores interessados pode ser solicitada por aqui, já temos uma pasta de subsídios compartilhados e uma lista de referências para o estudo está disponível aqui.

Também estamos organizando Dias de Campo para enriquecer a pesquisa com vivências de processos de musealização.

Dia 10 de Outubro (terça) no Convento:

16h – Visita guiada ao sítio do Parque

17h – Acolhida dos participantes do Simpósio no claustro e vídeo contextualizando os 800 anos da Regra dos Franciscanos, os 80 anos da Universidade Católica de Pernambuco e os 10 anos do Papa Francisco

17h30 – Show cultural religando macro-ecumenismo e ecologia integral (“O casamento do céu e da terra”)

Dia 11 de Outubro (quarta) na UNICAP:

8h – (Anfiteatro do Bloco G4) Conferência “Francisco – o Santo e o Papa, o ecumenismo e a ecologia”, por Dom Jaime Spengler, O.F.M., presidente da CNBB.

9h – (Antessala) Café e conversação

9h30 – (Anfiteatro do Bloco G4) Palestra e debate sobre “Como mostrar o divino: pistas para um museu tropical das religiões”, palestra de Maria Isabel Roque, Charles D. Orzech e/ou François Mairesse seguida de mesa de debate com especialistas em religião comparada, museologia do sagrado e gestão de museus: Atila Bezerra Tolentino (IPHAN), Manoela Lima (UNIRIO), Marilia Xavier Cury (USP), Renato Athias (UFPE).

14h – (Salas do Bloco G4) Grupos de Trabalho simultâneos sobre as “Temáticas a serem desenvolvidas no Parque das Religiões”: discussão de propostas com foco na concepção de objetos pedagógicos que possam apresentar os temas no museu:

• tempos e locais: linha do tempo e desenvolvimento histórico das tradições; distribuição geográfica dos fiéis e geopolítica; árvore das religiões; matrizes religiosas indígenas, indianas, do leste asiático e ocidentais; espiritualidades pós e não religiosas;
• personagens divinos e palavras inspiradas: os grandes vultos das religiões e as palavras inspiradas; dosséis das divindades e seus representantes, xamãs, médiuns, monges, profetas, sacerdotes, pastores; tradições orais e textos sagrados; revelação e interpretações;
• espaços, calendários e rituais: imagens, objetos e lugares santos; ritos, festivais e tempos sagrados; orações e canções, danças e meditações; santuários e peregrinações; símbolos e hermenêutica;
• vida, morte e além: as religiões, o mistério e a mística da vida agora, antes e depois desta existência; ancestralidade, reencarnação, ressurreição e negação;
• política, vida comunitária e ética: interditos religiosos e sacrifícios; comida, habitação e costumes; sexo, gênero e religiosidade; ética e política, dinheiro e poder nas tradições de sabedoria e espiritualidade;
• diálogos e conflitos: religiões cósmicas, místicas e proféticas; conflitos, diálogos e sincretismos entre correntes espirituais; filosofias e sabedorias pós ou não religiosas; ciências e múltiplos altares da modernidade; mística transreligiosa;
• povos e religiões: níveis de participação religiosa; magias populares e mística dos santos; saúde e salvação.

Inscrições:

A partir de junho, por favor preencha o formulário disponível por aqui e aguarde a confirmação no seu e-mail.

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