RELIGIÕES E CA(U)SA COMUM

De 14 a 17 de setembro de 2021 acontece a 8ª Semana Socioambiental da Unicap, que nesta edição vai envolver a comunidade acadêmica na preservação das nossas matas. Em meio à programação, no dia 16 o nosso Observatório das Religiões organizou uma Roda de Conversa sobre “Diálogos inter-religiosos, tempo da Criação e cuidado da Casa Comum”, com várias tradições espirituais convidadas e participação de mais de trinta pessoas. O debate buscou aprofundar como cada religião compreende a natureza e os desafios ecológicos, bem como descobrir o que as religiões podem fazer juntas para promover o cuidado pela Casa Comum, a Terra.

Os convidados presentes no encontro foram o frei Faustino Santos (frade franciscano/ Recife), o rev. Maruilson Souza (major exército de salvação/ São Paulo), a mãe Elza de Yemọjá (sacerdotisa do candomblé/ Olinda), Floridalva Cavalcanti (tutora budista/ Timbaúba) e o prof. Marcos Ferreira (liderança bahai/ João Pessoa). Os mediadores da Roda de Conversa foram a advogada Thaís Santos (doutoranda em Ciências da Religião na Católica de Pernambuco) e o prof. Gilbraz Aragão (coordenador do Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife).

Numa certa altura da conversa foi lembrado que muitos religiosos cultivam preocupações com o meio ambiente, como no caso dos preceitos ecológicos recolhidos dos sermões do Padre Cícero do Juazeiro: “Não derrube o mato nem mesmo um pé de pau. Não toque fogo no roçado nem na Caatinga. Não cace mais e deixe os bichos viverem. Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer. Não plante em serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza. Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água da chuva. Reprise os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta. Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou de outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só.  Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca. Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer. Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só”.

Multiplicar conselhos e engajamentos assim pode e deve ser uma causa humana (e cósmica) comum, entre (e para além d)as religiões. A reunião desde a Unicap, virtual mas muito afetiva, começou com a canção “Tudo está interligado“, inspirada na encíclica Laudato Si do papa Francisco, e a conversa, ecumênica e ecológica, terminou com o compromisso de seguirmos, juntos e misturados, trabalhando na promoção de justiça socioambiental e na defesa da integridade da Criação. Você pode ver a gravação do encontro abaixo ou direto no YouTube: entre nessa história com a gente…

Saiba mais:

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