Em março passado o nosso Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife completou 16 anos e por isso ganhou um presente: a sua logomarca, o desenho e nome estilizado da sua identidade. O Observatório começou (e continua) como grupo de estudo semanal (online na pandemia) sobre diálogo inter-religioso, do professor Gilbraz na UNICAP: depois uniu-se em rede com outros núcleos homólogos e foi constituindo no CNPQ o Grupo de Pesquisa “Espiritualidades, Pluralidade e Diálogo”, que se encontra nos congressos de estudos da religião e em seminários e publicações conjuntas. Além disso, foi articulando visitas guiadas a centros espirituais da região, junto aos trabalhos de pesquisa dos estudantes; e organizando assessorias às articulações de religiões em Pernambuco, a começar por um Fórum Inter-religioso na Universidade, que se desdobrou no Fórum Diálogos e na Rede de Feiras das Religiões. O Observatório foi ganhando representatividade e integrando comissões de respeito à diversidade em espaços religiosos e públicos, regionais, nacionais e latino-americanos; bem como desenvolvendo parcerias com o Observatório de Justiça Socioambiental dos Jesuítas, os Núcleos de Arqueologia e História e de Direitos Humanos da UNICAP; além do Parque das Religiões de Pernambuco.
Então, para celebrar essa caminhada, um grupinho de trabalho pra logomarca foi formado dentre os voluntários que tocam o Observatório: Rayane Marinho, Adélia Carvalho, Mariano Vicente e Luca Pacheco. Com as sugestões de todo mundo e muita discussão e desenvolvimento de arte entre eles, chegaram a uma bela e representativa logo. Ela foi pensada com base no caleidoscópio: aparelho ótico formado por um tubo com pequenos fragmentos de vidro colorido que se refletem em espelhos inclinados, apresentando, a cada movimento, novas variações sobre o mesmo tema, combinações simétricas e variadas de cores bonitas. Por isso, o centro representa a entrada de luz (o mistério divino de criação, a energia vital que pulsa e transborda) e as cores e os reflexos lembram as espiritualidades religiosas, mas também poéticas, artísticas e filosóficas. A presença da luz simboliza a experiência humana de descentramento e envolvimento com a transcendência, e as cores e os reflexos que se propagam e entrelaçam representam a irradiação da luz ancestral nas mais variadas tradições espirituais, representam a pluralidade de místicas que revelam e escondem um centro transreligioso, o mistério da realidade. A forma espiral da logo remete ainda ao desenvolvimento espiritual da gente, indica alianças e corações entrelaçados em volta do “princípio”: assim, o que uma religião descobre no processo histórico é por causa das outras e para as outras e tudo o que se aprofunda, no centro e no destino comum, é convergente.
“O formato circular representa nossa maneira de pensar a unidade na diversidade: no Observatório desenvolvemos sapiência como quem faz ciranda, buscamos uma visão complexa e transdisciplinar sobre a humanidade e o cosmos, aberta à transcendência que transparece entre e além de tudo e todos, como o equilíbrio gerado entre os dançarinos, no meio de uma roda de dança”, disse Rayane, toda contente com o trabalho bem feito que coordenou e que o grupo presenteou pra gente. A partir de agora o Observatório Transdisciplinar das Religiões do Recife tem uma bela carteira de identidade: carteira aberta para trocar saberes em uma roda que envolve a academia com as comunidades, identidade aberta a relações alterativas com quem se compromete não só em explicar e compreender os fenômenos religiosos, mas em relacionar e salvar, pelo diálogo, os fatos espirituais em meio aos quais nos reencontramos. Viva: parabéns pra nossa mocidade, pros 16 anos da gente. Agora temos documento e podemos sair mais por aí…