“… O que morre na Cruz não é o representante terreno e finito de Deus, mas o próprio Deus, o Deus transcendente do além. Os dois termos da oposição, Pai e Filho, o Deus substancial como Em-si Absoluto e o Deus-para-nós, ou revelado para nós, morrem, ou seja, são suprassumidos no Espírito Santo. A interpretação-padrão dessa suprassunção – Cristo ‘morre’ (é suprassumido) como representação imediata de Deus, como Deus disfarçado de pessoa humana finita, para poder renascer como Espírito universal ou atemporal – continua sendo muito inadequada. Essa interpretação não leva em conta a maior lição a ser aprendida com a Encarnação divina: a existência finita dos seres humanos mortais é o único lugar do Espírito, o lugar onde o Espírito atinge sua efetividade. Isso significa que, apesar de todo o seu poder fundador, o Espírito é um ente virtual no sentido de que seu status é aquele de um pressuposto subjetivo: ele só existe na medida em que os sujeitos agem como se ele existisse. (…) É a própria Substância divina (Deus como coisa-em-si) que é suprassumida ou negada (o que morre na Cruz é a figura substancial do Deus transcendente), mas ao mesmo tempo mantida na forma transubstanciada do Espírito Santo, a comunidade de fiéis que só existe como pressuposto virtual da atividade dos indivíduos finitos” (ZIZEK, S. e MILBANK, J. A monstruosidade de Cristo. São Paulo: Três estrelas, 2014, pg. 84s).
Que no ano novo o espírito de amor encarne ainda mais entre a gente!
O ano de 2014 foi de muitos estudos e de muitos sonhos, até porque em 2015 o nosso Grupo vai completar 10 anos. Vários projetos de pesquisa em curso, bem como o nosso Fórum Inter-religioso e as suas Peripateias das Religiões, além deste Observatório na Internet e outras atividades de extensão, tudo criando pontes entre a metodologia transdisciplinar e a perspectiva transreligiosa de estudo e espiritualidade. Foi com esse sentimento que nos reunimos no dia 6 de dezembro para uma avaliação das atividades do semestre e confraternização da equipe: a conversa começou na praça do Carmo em Olinda, continuou na Casa de Noca, com uma macaxeira do outro mundo, e terminou no mosteiro de Artur Peregrino, cuja família nos acolheu para ver e discutir a relação entre ciência e fé em “Magia ao Luar”, do Woody Allen, à luz do que viemos estudando com Slavoj Zizek, e com o cheiro e o gosto de um pão caseiro transcendental. Resultado é que fechamos o primeiro livro da série “Espiritualidades, trandisciplinaridade e diálogo”, planejamos uma publicação do material educativo do nosso site em combinação com um curso EAD sobre diálogo inter-religioso, além das combinações pros congressos, até no estrangeiro, onde vamos marcar presença. O ano novo promete e a gente se garante, porque caminha em sintonia com um mistério de bem querença e desejo de bem viver que circula entre e para além de nós!
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