MUDANÇAS ANTROPOLÓGICAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO E O IMPACTO NA EVOLUÇÃO DA IGREJA DO FUTURO

Resumo

As mudanças antropológicas no mundo contemporâneo e o seu impacto na evolução da Igreja de amanhã. O Concílio de Niceia marca a transição da Igreja dos inícios, proibida, no processo de organização das estruturas eclesiais segundo as especificidades do cristianismo, para uma Igreja institucional, parceira de diálogo com as outras instituições sociais, no jogo de poder próprio do mundo geopolítico. Este primeiro estabelecimento de marcos de unidade e de diálogo no caminho da sinodalidade é o modelo que provou a sua validade ao longo da história da Igreja. A Igreja histórica conheceu os cismas gerados pelo arianismo, o cisma do anátema de 1054, os cismas que geram a desintegração da unidade na sequência da Reforma, e o cristianismo passa de religião ilícita a religião oficial, de religião do ambiente cultural europeu-mediterrânico a religião missionária que chega a todos os continentes. Começa por inculturar os valores do Evangelho num mundo pagão, conhece a posição dominante no seio da civilização europeia, para recuar perante a secularização e a dessacralização progressiva da cultura. Atualmente, estamos no limiar de uma mudança de paradigmas antropológicos. A co-evolução homem-natureza, homem-cultura e homem-tecnologias do mundo digitalizado tem consequências sobre o indivíduo e sobre a sociedade, situando a espiritualidade num novo contexto e em novas formas de manifestação cultural. As estruturas eclesiais adaptar-se-ão em virtude da plasticidade, da capacidade de adaptação ao novo que tem demonstrado desde a Antiguidade, passando pela época medieval, moderna e contemporânea. O modelo da unidade na diversidade e da sinodalidade iniciado no primeiro Concílio Ecuménico de Niceia continua a ser o único modelo através do qual a Igreja cristã manifestará a sua catolicidade e a sua função missionário-ecumênica no mundo de amanhã.