RELIGIÕES COMPARADAS

Vinte e três acadêmicos, inclusive de outros estados e países, participaram do Seminário do Grupo de Estudo Transdisciplinaridade e Diálogo, do nosso Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife, sobre os “Estudos de Religiões Comparadas”. O evento (veja aqui a programação e os subsídios) ocorreu no dia 8 de outubro, das 10 às 15h30, no auditório do bloco G4 da UNICAP, também com transmissão pela internet.

O Grupo vem se envolvendo no planejamento de conteúdos para o Ecoparque das Religiões e, depois de estudar sobre a expografia do sagrado, tem se dedicado especialmente a temas de História e Teologia Comparadas das Religiões, de modo a poder subsidiar com embasamento científico as exposições sobre as religiões que devem ser montadas nesse museu em Pernambuco.

“Um estudo comparativo de religiões, como o que a nova época tornou possível, permite-nos ter uma visão mais completa do que a experiência religiosa pode significar, que formas sua expressão pode assumir e o que ela pode fazer pelo ser humano” (Joachim Wach – The comparative study of religions, 1958).

Todo estudioso das religiões sonha em construir uma árvore das tradições espirituais da humanidade, em que alguns troncos ou matrizes vão entrecruzando historicamente o repertório de formas e experiências do sagrado. O estudo comparado das religiões é, assim, um campo fascinante que busca entender as semelhanças e diferenças entre os diversos caminhos religiosos, mas sem cair em um comparatismo ideológico e nem dizer que é tudo a mesma coisa, porque cada “texto” ganha significado no contexto: a semelhança de forma nem sempre implica semelhança de significado e devemos apreciar não apenas o que é comum, mas também o que é diferente.

Os estudos de Religiões Comparadas, então, constituem um ramo de pesquisa dedicado à análise comparativa dos mitos, ritos, interditos e ministros das vivências espirituais, mas também dos blocos de comportamentos humanos quanto à alimentação e à sexualidade, ao olhar para o outro e cuidar do diferente, que são motivados por experiências religiosas. O campo das Ciências da Religião começou desenvolvendo esses conhecimentos comparados, que entraram em crise devido ao contextualismo socioantropológico e a uma interdisciplinaridade pouco refletida, mas as Religiões Comparadas estão ganhando novo impulso com os modelos evolutivos da Ciência Cognitiva. Esse estudo comparado das religiões nos ajuda a compreender melhor a diversidade humana e cultural, desenvolver empatia e respeito pelas espiritualidades alheias, refletir sobre nossas próprias convicções e os caminhos transreligiosos da humanidade, contribuir para o diálogo e a paz mundial.

O Seminário na Católica de Pernambuco, pois, foi aberto por Cláudio Ribeiro (UFJF), que faz parte do mesmo Grupo de Pesquisa da gente, “Espiritualidades, pluralidades e diálogos“, e falou sobre A pluralidade religiosa global e nacional em questão: aspectos analíticos da diversidade de crenças no mundo. O encontro seguiu organizado com as seguintes temáticas e comunicadores da UNICAP: A história da História Comparada das Religiões – Mailson Cabral; A crise da Antropologia contextual na História das Religiões e os novos padrões dos modelos evolutivos da Ciência Cognitiva – Cláudio Tadeu; Metodologia comparada no estudo da religião: como fazer Religiões Comparadas? – Faustino Santos, Gilbraz Aragão, Rayane Marinho; Abordagens evolutivas, cognitivas e contextuais para o estudo de sistemas religiosos: o diálogo inter-religioso pode entrar no jogo? – Maruilson Souza.

Ao final, antes da síntese da relatoria realizada por Cyntia Farias e Juane Braúna, o professor Luca Pacheco realizou um exercício de aplicação desses estudos sobre uma obra da companheira do nosso Grupo de Estudo, a artista e religiosa Adélia Carvalho: A Ameríndia de Adélia e os estudos de Religião Comparada. O dia de Seminário, que também contou com gostoso almoço vegetariano, foi uma parada importante na sistematização dos estudos do Grupo, sobretudo em vista das suas pesquisas e publicações acadêmicas.

Baixe o Relatório do Seminário (em breve!)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *