GILBRAZ NO FÓRUM INTER-RELIGIOSO DO G20

Gilbraz Aragão, professor da UNICAP e coordenador do nosso Observatório das Religiões, foi convidado para participar do Fórum Anual do IF20, Fórum Inter-religioso do G20, onde colaborou na Mesa de Debates sobre “Engajamento em Educação Religiosa”. O G20 é o grupo dos países mais ricos da Terra, cuja Cúpula se encontra todo ano (agora em novembro, a reunião será no Rio de Janeiro), pra ver como contribuir para a estabilidade global, especialmente pros Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas. A Cúpula do G20 é precedida de eventos preparatórios, como o Fórum Social e o Fórum Inter-religioso: este surgiu pela compreensão de que não bastam bons projetos e investimentos, é preciso incluir uma mística de reverência ao mistério do Universo, para que as pessoas se envolvam com justiça socioambiental, no cuidado pela Casa Comum.

Então, de 19 a 22 de agosto, em Brasília, esse Fórum Inter-religioso reuniu mais de 300 lideranças religiosas e estudiosos da religião do mundo todo, para tratar do tema “Não deixar ninguém para trás: o bem-estar do planeta e das pessoas”. O encontro, sobre religiões e ecologia integral, buscou, pois, favorecer o encotro entre as diversas correntes de fé e levantar sugestões e compromissos das tradições espirituais para a Cúpula do G20, visando enfrentar crises alimentares e do meio ambiente, reduzir dívidas internacionais e taxar grandes fortunas, combater a escravidão moderna e construir a paz com justiça – que são os destaques do G20 este ano no Brasil.

Na Mesa sobre religião e educação, o professor Gilbraz apresentou experiências exitosas da região, enfatizando a defesa da laicidade, porque ela é garantidora da verdadeira liberdade de crença e convicção: para uma sociedade crescer, socioeconomicamente, o Estado precisa controlar proselitismos e regrar o uso de símbolos religiosos em espaços públicos (além de não submeter questões legais, como a educação sobre os fatos religiosos, a interesses de alguma religião privilegiada). Defendeu que os cientistas da religião devem transformar o Ensino Religioso nas escolas públicas em aprendizagens críticas sobre as espiritualidades humanas, para que a meninada aprenda a respeitar nossa diversidade cultural. E os teólogos precisam trabalhar nas catequeses e escolas das igrejas, para que os crentes desenvolvam uma fé terapeutizada, capaz de dialogar com outras convicções, de apreciar a beleza do sagrado diferente:

“Numa sociedade democrática, enfim, as pessoas religiosas devem rezar e discutir os problemas sociais à luz de sua tradição e escrituras, atualizando e aprofundando valores humanos que, então, os seus líderes comunitários e lideranças políticas podem (de forma autônoma e madura, e não em nome de igreja ou para uma igreja) traduzir em argumentos razoáveis pro debate público, em favor do bem comum. Não é o caso de apadrinhamento particular com o governo, por cima, mas de articulação por baixo, na Sociedade Civil. Assim se pode avançar na administração da diversidade e das suas controvérsias. Assim, a gente pode descobrir, em diferentes sons e mantras religiosos, um sonho humano comum, e passar do terceiro ausente ao terceiro incluído entre as fés: pelo compromisso ético com a justiça socioambiental na Casa de Todos, pelo silêncio místico que nos religa às fontes da vida. Somente assim, a diversidade espiritual deixa de ser vista como fruto de um pecado original e passa a ser acolhida como uma bênção das origens”.

Ficou claro no Fórum que, com o processo de globalização da esfera cultural e da vida acadêmica, propiciando o intercâmbio de ideias e de informações entre os países, as comunidades epistêmicas dos estudiosos das religiões, mas também dos animadores espirituais, podem atuar orgânica e coletivamente em um plano global, no tratamento de uma diversidade de temas, tais como direitos humanos, imigração internacional e aquecimento global. Esses pensadores do mundo religioso, ainda que pouco visíveis individualmente, podem contribuir em rede para projetar uma série de questões relevantes para o debate público sobre a vida e a liberdade, sobre o estatuto humano da humanidade.

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