No dia 22 de fevereiro próximo, Karina Oliveira Bezerra, que é membro do Grupo de Estudos do nosso Observatório, vai defender a sua tese de doutorado no Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da UNICAP, com o título “Paganismo contemporâneo no Brasil: a magia da realidade”. O texto, perto de 500 páginas, trata do neopaganismo no Brasil (wicca, druidismo, heathenismo e helenismo) e do paganismo brasileiro (neoxamanismo, espiritualidade da deusa, bruxarias e paganismo piagas). Ele está sendo analisado pela banca composta pelos professores João Lupi (UFSC), David Lira (UFPE), Luiz Carlos Marques e José Afonso Chaves (UNICAP), além do seu orientador, Gilbraz Aragão. A sessão de defesa pública acontecerá na sala 501 do bloco G4 da Universidade, a partir das 14h.
Karina é mestre em Ciências da Religião e graduada com Licenciatura em História (aluna laureada), pela Universidade Católica de Pernambuco. É integrante do grupo de pesquisa interuniversitário “Espiritualidades contemporâneas, pluralidade religiosa e diálogo “. Trabalha com o tema História das Religiões, sobretudo com Religiões Neopagãs, com a História da Bruxaria e das Práticas Mágicas, e com o Diálogo Inter-religioso. Atua nas áreas de História, Sociologia, Filosofia e Antropologia, desenvolvendo abordagens interdisciplinares. Também tem experiência na área de Patrimônio e Cultura Popular. Possui vários artigos publicados em congressos e revistas. Realizou comunicações, palestras e minicursos. Organizou eventos e atuou em produção áudio-visual. Participou de intercâmbio dentro e fora do país. Criadora e escritora do site Cliografia.com. Foi docente universitária por quatro anos e meio e atualmente é bolsista CAPES de doutorado.
Na tese, Karina mostra que o paganismo é um movimento religioso contemporâneo que acredita em vários deuses, sendo a natureza sacralizada e cultuada em ritos sazonais, com adaptações para a vida na sociedade moderna. Busca-se a inspiração e reconstrução das antigas religiões pré-cristãs europeias e/ou das tradições indígenas do país e origem dos praticantes. A tese se concentra na criação da realidade pelos pagãos, utilizando os conceitos de “programas de verdade” e “imaginação constituinte”, de Paul Veyne. Investiga, pois, a religião como vida cotidiana, com Graham Harvey, e usa a ética corpórea de Ian Jamison, em conjunto com os estudos sobre magia de Hanegraaff, Pasi, Thomas e Mauss.
A pesquisa investigou a origem do paganismo no movimento romântico, que era nostálgico de um passado desaparecido (pagão), buscando uma união orgânica entre pessoas, cultura e natureza; e na nova forma de magia que surge com a secularização, que busca uma união mística com o divino, combinado ao espírito de otimismo e fé no progresso e aperfeiçoamento humano. Tendo esse contexto mundial, que comporta o mito e o rito pagão contemporâneos, chega-se ao Brasil, onde desenvolveu um levantamento bibliográfico e documental, pesquisa de campo em quase todas as regiões do país, incluindo entrevistas e questionários.
Assim, com base naqueles conceitos e análise de conteúdo destes dados, descobre a magia como elo fundador e aglutinador do paganismo. Ela é o “processo” de Whitehead, é a imaginação, o encanto. A magia aí torna a vida real, possibilita que a crença em um conjunto de mitos una um grande número de estranhos, possibilita que a prática de um conjunto de gestos crie uma realidade e insira seus praticantes numa comunidade, que se perpetua pelo mesmo processo de experienciação dos sujeitos. A tese desenvolveu três hipóteses: a primeira caracterizou a magia no paganismo, que chamou de “magia tríplice”; a segunda mostrou que os pagãos usam a magia como recurso; e a terceira revelou como o mito expressa a crença e distingue as religiões pagãs.
Adoraria me fazer presente, pois é um tema muito instigante, contudo choca com meu horário de trabalho.
Hoje o mu do busca a todo momento resposta nos vários campos da interpelação e porque não dizer na Magia.
Sucesso, com sua aprovaçâo, vai deixar um impprtante documento para muitos seguidores anônimos.