RELIGIÕES E DESAFIOS DE GÊNERO

c75b28_604d8700197c414195f855d2c597a3d9.jpg_srz_p_395_549_75_22_0.50_1.20_0O 2º Simpósio Nordeste da ABHR (Associação Brasileira de História das Religiões), com o tema “Gênero e religião: diversidades e (in)tolerâncias nas mídias”, foi realizado na Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) entre 15 e 17 de setembro de 2015 (veja aqui o site do evento). A ABHR é uma entidade acadêmica e tem realizado simpósios desde sua fundação, em 1999. Em todos os eventos, também regionais, há participação significativa de pesquisadores/as das religiões e religiosidades, provenientes de áreas como História, Antropologia, Sociologia, Ciências da Religião, Comunicação, e outras. A produção científica desses eventos é demonstrada em Anais com comunicações dos GTs e em Livros com conferências e palestras das Mesas, além do periódico PLURA – Revista de Estudos de Religião.

O 2º Simpósio Nordeste da ABHR (acesse por aqui o Caderno de Programação e Resumos) aprofundou temas associados às (in)tolerâncias e violências a diversas pessoas, com distintas crenças e descrenças. As reflexões também incidiram sobre preconceitos em razão de marcadores sociais como identidades de gênero e orientações sexuais, conexões da religião com a política, deslocamentos identitários e teorias e metodologias dos estudos de religiões e religiosidades. Os vínculos religiosos no trato das questões de sexualidade e gênero têm se ampliado no espaço público brasileiro (veja por aqui nota do Conselho Nacional de Educação sobre diversidade cultural e de gênero nas escolas e, por aqui, entrevista sobre teoria queer com a filósofa Judith Butler) e demandam reflexões dos estudiosos da religião e da educação. A conferência de abertura do ABHR Nordeste foi realizada pela Dra. Magali Cunha (UMESP), sobre “Gênero, religião e cultura: um olhar sobre a investida neoconservadora dos evangélicos nas mídias no Brasil”, e o encerramento contou com a fala do Dr. Durval Albuquerque (UFRN), sobre “O declínio do sagrado: a emergência do mercado religioso e a orfandade dos corpos e das subjetividades”. Mas o Simpósio se estruturou com 9 mesas de debate, 32 grupos temáticos, 13 minicursos, além de vasta programação cultural.

7 - 12049046_10201136417687908_1522203351_nVários professores e estudantes de Ciências da Religião da UNICAP participaram e colaboraram no Simpósio e o nosso artista e doutorando Silvério Pessoa fez até show. Os membros do Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife marcaram presença no evento, sobretudo por meio do minicurso sobre “História da bruxaria”, ministrado por Karina Bezerra, e da mesa sobre “Religiões e diálogos”, composta pelas professoras Sylvana Brandão, Rosa Aquino, Zuleica Dantas e Gilbraz Aragão. O professor Gilbraz, coordenador do Observatório, tratou de “As religiões e os sexos” e lembrou que símbolos religiosos existem para proteger a replicação dos nossos genes e a criação dos nossos filhos. Por isso geram, com suas histórias sobre como “reviver”, os interditos sexuais – e gastronômicos – necessários à garantia da boa convivência – e sobrevivência humana – em um dado contexto sócio-histórico. Acontece que estamos entrando em outro contexto cultural e tecnológico, mas nossos comportamentos sexuais continuam desenhados pelas narrativas das religiões que se mundializaram desde a Era Axial, refletindo nos seus mitos as possibilidades e limites daquela sabedoria agrícola-patriarcal que privilegiava a procriação familiar e a valorização espiritualizada do feminino submisso e maternal (agricultores precisavam de terras e de filhos). E agora?!

 

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