A genealogia e o governo da vontade: hipóteses de pesquisa
DOI:
https://doi.org/10.25247/P1982-999X.2024.v24n2.p168-184Palavras-chave:
Genealogia, Subjetividade, GovernamentalidadeResumo
No presente artigo, procuramos apresentar os termos de uma genealogia da vontade que se depara com a problematização do dispositivo de sexualidade e com as formas pelas quais, por meio desse dispositivo, é possível governar os indivíduos. Nosso objetivo é apresentar as bases norteadoras de uma pesquisa intitulada “Foucault e o governo da vontade”. Trata-se de delinear o campo de trabalho e defender a pertinência de seus resultados, à luz da genealogia da subjetividade de Foucault. A partir desta genealogia, a problematização dos modos pelos quais se tornaram possíveis as patologizações da sexualidade, na contemporaneidade, pressupõem a devida compreensão da articulação entre a experiência cristã da carne e o dispositivo moderno de sexualidade.
Downloads
Referências
AGOSTINHO, SANTO. O livre-arbítrio. Tradução, organização, introdução e notas Nair de Assis Oliveira. São Paulo: Paulus, 1995.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ANÔNIMO. Onania: Or the heinous sin of self-pollution and all its frightful consequences (in both sexes). London: H. Cooke, 1756. (Obra original publicada em 1716).
BOBZIEN, S. Determinism and Freedom in Stoic Philosophy. New York: Oxford University, 2004.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n.º 4.931, de 2016. Dispõe sobre o direito à modificação da orientação sexual em atenção a Dignidade Humana. Publicação inicial. Art. 137, caput – RICD.
CAPONI, S. Loucos e degenerados: uma genealogia da psiquiatria ampliada. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2012.
DUNN, J.D.G. The Theology of Paul the Apostle. Cambridge: Eerdmans Publishing Company; Grand Rapids, 1998.
ELLIS, H. Psicologia do sexo. Tradução: Pedro P. C. Ramires. Rio de Janeiro: Bruguera, 1971 (Obra original publicada em 1933).
FOUCAULT, M. Sexualité et solitude. In: FOUCAULT, M. Dits et Ecrits IV (1980-1988). Paris: Gallimard, 1994.
FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade. Curso no Collège de France (1975-1976). Tradução: Maria E. Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FOUCAULT, M. História da sexualidade 1: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
FOUCAULT, M. Os anormais. Curso no Collège de France (1974-1975). Tradução: Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
FOUCAULT, M. Segurança, território, população. Curso no Collège de France (1980-1981). Tradução: Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FOUCAULT, M. Do governo dos vivos. Curso no Collège de France (1979-1980). Tradução: Eduardo Brandão. Martins Fontes: São Paulo, 2014.
FOUCAULT, M. Subjetividade e verdade. Curso no Collège de France (1980-1981). Tradução: Rosemary C. Abílio. São Paulo: Martins Fontes, 2016.
FOUCAULT, M. Histoire de la sexualité 4. Les aveux de la chair. Paris: Gallimard, 2018.
FREUD, S. Os instintos e seus destinos. In: FREUD, S. Obras Completas. Tradução: Paulo César de Souza. v. 12. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. (Obra original publicada em 1915).
GACH, J. Biological Psychiatry in the Nineteenth and Twentieth Centuries. In: Wallace, E.R., Gach, J. (Eds.) History of Psychiatry and Medical Psychology. Boston: Springer, 2008. https://doi.org/10.1007/978-0-387-34708-0_12
GARLICK, S. Masculinity, Pornography, and the History of Masturbation. In: Sexuality & Culture, 16(3), 306-320, 2011.
HALL, L. A. Forbidden by God, despised by men: Masturbation, medical warnings, moral panic, and manhood in Great Britain, 1850-1950. In: Journal of the History of Sexuality, 2(3), 365-387, 1992.
HARE, E. H. Masturbatory Insanity: The History of an Idea. In: Journal of Mental Science, 108(452), p. 1-25, 1962.
HERRNSTEIN, R. J. The Bell Curve. A Free Press Paperbacks Book. London: Simon & Schuster, 1996.
IRRERA, O. L’empire de l’involontaire et la volonté de n’être pas gouverné. Revista de Filosofia Aurora, [S. l.], v. 31, n. 52, 2019. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/aurora/article/view/24813.
KANN, H. Psychopathia sexualis. Edited by B. Kahan. Translated by M. Haynes. London: Cornell University Press, 2016. E-book (obra original publicada em 1844).
KAY, J.; TASMAN, A. Essentials of psychiatry. West Sussex: John Wiley & Sons Ltd, 2006.
KRAFFT-EBING, R. Psychopathia Sexualis. 7. ed. Stuttgart: Enke, 1894.
LAQUER, T. Sexo solitario: una historia cultural de la masturbación. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2007.
LOPES, A. J. Breve introdução a uma história da libido: Poetas Latinos, Santo Agostinho e Freud (via Foucault). In: Estudos de Psicanálise. Belo Horizonte, n. 35, p. 23–40, 2011.
LOPARIC, Z. O conceito de Trieb na psicanálise e na filosofia. In: MACHADO, J. (org.). Filosofia e psicanálise: um diálogo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999.
MAUDSLEY, H. The physiology and pathology of the mind. New York: Appleton, 1867.
MOLL, A. Les perversions de l'instinct genital. Paris: G. Carré; 1893.
PUECH, A. Histoire de la Littérature grecque cherétienne depuis les origines jusqu’a la fin du IV siècle. Tome I: Le Nouveu Testament. Paris: Société d’édition “Les belles Lettres”, 1928.
RODRIGUES, M. G. Foucault e a transgressão do prazer na ética da psicanálise lacaniana. Salvador: Edufba, 2015.
RODRIGUES, M. G. A experiência da carne na genealogia foucaultiana da subjetividade. Síntese, v. 47, n. 147, p. 123-146, jan./abr. 2020.
RODRIGUES, M. G. Foucault e a noção de carne em São Paulo. Revista Kriterion, [S. l.], v. 62, n. 150, 2021.
ROUSSELLE, A. Porneia. Sexualidade e amor no mundo antigo. Trad. C. N. Coutinho. São Paulo: Brasiliense, 1984.
RUSSO, J.; VENÂNCIO, A. T. A. Classificando as pessoas e suas perturbações: a "revolução terminológica" do DSM III. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, v. IX, núm. 3, p. 460-483, septiembre, 2006.
RUSSO, J. Do desvio ao transtorno: a medicalização da sexualidade na nosografia psiquiátrica contemporânea. In: PISCITELLI, A., GREGORI, M. F.,
CARRARA, S. (org.) Sexualidades e saberes: convenções e fronteiras. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
SCHAFF, P. History of the Christian Church, Volume III: Nicene and Post-Nicene Christianity. A.D. 311-600. 5. ed. Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library, 1882 [Online]. Disponível em: https://www.ccel.org/ccel/schaff/hcc3.html. Acesso em: 1 ago. 2020.
SFORZINI, A. “Corps de Plaisir, corps de désir. La théorie augustinienne du mariage relue par Michel Foucault”. In: BOEHRINGER. S; LORENZINI, D. (eds.) Foucault la sexualité l’Antiquite. Paris: Ed. Kimé, 2016. p. 153-165.
SOUZA, P. C. As palavras de Freud: o vocabulário freudiano e suas versões. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
SHEPHERD, M; JABLENSKY, A; CAMPBELL, R. Lexicon of Psychiatric and Mental Health Terms. 2. ed. Geneva: World Health Organization, 1994.
SCULL, A. Psychiatry and social control in the nineteenth and twentieth centuries. In: History of Psychiatry, v. 2, p. 149 – 169,1991.
TISSOT, A. D. S. L'onanisme: Dissertation sur les maladies produites par la masturbation. Lausanne: M. Chapilo, 1769. (Obra original publicada em 1756).
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Malcom Guimarães Rodrigues
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à Revista Ágora Filosófica o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta Revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), desde que reconheça e indique a autoria e a publicação inicial nesta Revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer momento depois da conclusão de todo processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).