A liberdade volitiva na moral kantiana: implicações à bioética do bio-respeito em Fritz Jahr
DOI:
https://doi.org/10.25247/P1982-999X.2025.v25n3.p95-125Palavras-chave:
liberdade, bioética, bio-respeito, imperativo categóricoResumo
Este artigo analisa as raízes filosóficas da ideia de liberdade em Immanuel Kant e sua influência na bioética e no bio-respeito em Fritz Jahr. Partimos da Crítica da Razão Pura (1781/1783), exploramos a liberdade transcendental até a admissão da liberdade prática (autonomia da vontade racional frente aos impulsos sensíveis), que são pilares do discurso moral kantiano. Jahr, em seu Imperativo Bioético, amplia o imperativo categórico kantiano ao estender o estatuto de “fim em si” a todos os seres vivos, fundamentando-se na autonomia kantiana (deontologia e responsabilidade moral); capacidade de sofrimento (Leidensfähigkeit); biopsicologia e interdependência ecológica; neuropsicologia. Embora Jahr desestabilize o antropocentrismo kantiano ao incluir animais e plantas como portadores de valor intrínseco, mantém a centralidade dos deveres humanos em contextos de sobrevivência (ex.: autodefesa). A bioética jahriana emerge, assim, como síntese entre a liberdade prática kantiana e uma ética planetária, antecipando desafios contemporâneos como a crise ecológica.
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