RELIGIÃO E TERAPEUTIZAÇÃO

As comemorações dos 20 anos do Programa de Pós-graduação em Ciências da Unicap contaram com uma noite de cinema. A exibição do filme documentário Saravá Shalom, do diretor Alex Minkin, reuniu docentes e discentes do PPGCR no Auditório Dom Helder Camara na Unicap no dia 05 de novembro.

O filme nos convida a refletir sobre memória, identidade, diáspora, espiritualidade, terapeutização e cura, a partir da jornada de André Feitosa no sertão profundo da Região Nordestina em busca da ressignificação de sua ancestralidade nos encontros e desencontros da diáspora Judaica no Brasil com as religiões afro-brasileiras (saiba mais sobre o filme e o conceito de transreligiosidade por aqui).


Após a e exibição do filme foi realizado um diálogo com Alex Minkin – diretor do documentário, antropólogo visual e fundador da Ong Ticun Brasil em Nova Yorque (EUA), com a participação de Mãe Elza de Yemọjá – Iyalorixá, liderança religiosa afro-brasileira e pesquisadora do candomblé e da jurema, Marcos Gandelsman – psicólogo formado pela UFPE, educador, ativista comunitário e mestre em Educação Judaica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, e Luca Pacheco – professor de Ciências da Religião do PPGCR, diretor e produtor de vídeo, membro do Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife. O diálogo foi mediado pelo doutorando do PPGCR Creso Nuno Brito, pesquisador sobre Judaísmo e Identidades judaicas.

Para Alex Minkin, sua origem Judaica na União Soviética e a perseguição que o levou a se fixar nos Estados Unidos foi uma das motivações que o levou a realizar um filme que trabalha a ideia do trauma transgeracional e memória afetiva. Mãe Elza falou sobre os Terreiros de Candomblé e Jurema como espaços de reconstrução da existência e resistência que trabalham essa cura das memórias feridas. Já Marcos Gandelsman expressou o significado de “ser judeu no Brasil” como uma forma de identidade que se forma fora dos modelos europeus e israelenses. Luca Pacheco enfatizou o papel pedagógico do documentário em mostrar como experiências religiosas diversas podem coexistir sem conflito e, ao contrário, gerar pertencimentos múltiplos e identidades expandidas. E o doutorando Creso Nuno falou do impacto que o documentário provoca no público ao tratar temas como a dor, o trauma e a reconstrução da memória ancestral.

O filme seguirá em uma turnê de exibições em outras partes do Brasil e do mundo e, depois de uma temporada em festivais, será disponibilizado para o público no Youtube e no site do Observatório Transdisciplinar das Religiões.

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