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O dia 21 de janeiro é o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data foi oficializada pela Lei nº 11.635, sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 27 de dezembro de 2007. Essa data marca a morte de Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda, ialorixá do terreiro Axé Abassá de Ogum. A líder religiosa morreu, em 21 de janeiro de 2000, numa situação de combate contra a intolerância religiosa praticada por evangélicos em seu templo, localizado no Abaeté, em Itapuã, na Bahia.
Neste ano de 2014, em Pernambuco, a data foi celebrada em vários locais e ocasiões. Na Universidade Católica, pela manhã, e em Colégio de Moreno, pela tarde, o nosso Observatório das Religiões e o Mestrado em Ciências da Religião, juntamente com o Conselho de Promoção da Igualdade Racial, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas, o Movimento Negro Unificado, a Associação Caminhada de Terreiros e o CEPIR, organizaram Seminários (veja fotos aqui), sob coordenação do prof. Jorge Arruda, para discussão sobre Intolerância Religiosa, sobretudo no contexto do Ensino Religioso, frente ao projeto de distribuição de bíblias nas escolas do Recife. O prof. Gilbraz Aragão apresentou reflexões apontando a necessidade, sim, do estudo de história das religiões no ambiente escolar (veja aqui os seus argumentos) e uma mesa composta por representantes da Jurema, Umbanda, Católicos e Evangélicos debateu a questão juntamente com animadores religiosos, professores e estudantes presentes.
No final da tarde, a Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco convocou uma ação especial para assinatura de um manifesto em prol da celebração do Dia de Combate à Intolerância Religiosa e a formação de uma Comissão de Direito e Liberdade Religiosa, composta por seis advogados, que ficará responsável para fiscalizar casos que possam ferir os direitos religiosos de grupos sociais e pessoas físicas. O evento (veja aqui) reuniu representantes dos vários credos no auditório do órgão e o presidente da OAB-PE, Pedro Henrique Alves, garantiu que ainda há muitos casos de preconceito por conta da opção religiosa no Estado, bem como em todo o país, e isso deve ser amplamente criticado. “Ainda é muito presente e manifestado de diversas formas. Por exemplo, o tratamento da mídia quanto às religiões de matizes africanas. É feito de forma generalizado, carregado de preconceito”, afirmou o presidente.
Além disso, o Fórum Diálogos (saiba mais desse movimento aqui), animado pelos amigos Westei Conde e Floridalva Cavalcanti e que reúne lideranças das principais religiões de Pernambuco para promoção da liberdade religiosa e sedimentação da convivência entre as diversas tradições, realizou pela manhã uma sessão especial no Terreiro de Mãe Elza (escute por aqui a reportagem da CBN). Por fim, à tarde, o prestigioso debate na Rádio JC News foi sobre o Combate à Intolerância Religiosa (escute por aqui) e partiu de uma enquete: sinceramente, você tolera a religião das outras pessoas? 71% dos ouvintes e internautas responderam que não! Coordenado pelo jornalista Rhaldney Santos, o programa refletiu sobre esses dados com a espírita Ednar Santos, Carlos Alberto de Souza, da Religião de Deus, a bahai Simin Jalali Rabbani e a capitã da Polícia Militar Lúcia Helena, que é coordenadora do Grupo de Trabalho no Enfrentamento ao Racismo Institucional. Dia bem cheio, de grandes e auspiciosas mobilizações em favor da convivência das pessoas, com as suas diversas tradições espirituais.
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