SAGRADO XUCURU

No dia 3 de abril os cursos de Ciências da Religião da UNICAP, com apoio do seu NEABI/HUMANITAS e do Observatório das Religiões, sob a coordenação do professor Dr. Artur Peregrino, organizaram uma nova excursão às aldeias indígenas do Povo Xucuru, em Pesqueira-PE, para vivenciar rituais e refletir sobre ecologia e espiritualidade.

A atividade aconteceu com a presença de 32 pessoas, envolvendo estudantes, professoras(es) e amigos(as) da comunidade acadêmica. O objetivo foi participar de um dia de convivência partilhada em uma aldeia indígena, incluindo rituais sagrados e conversas sobre a dimensão socioambiental, sobre a “ecologia integral” a partir dos índios.

O Povo Xucuru tem um território de 27 mil hectares, que hoje é habitado por 12 mil indígenas, em 24 aldeias. Eles podem ser contados entre os empobrecidos e marginalizados, que secularmente têm o seu rosto ferido e desfigurado pela grilagem de terras e escravidão dos povos originários. Essa chaga social foi engendrada pelos mesmos mecanismos de exploração que degradam e poluem a natureza por todo canto.

Após muita luta os Xucuru recuperaram terras e estão reconstruindo sua cultura. Ficamos em um dos lugares mais altos da região, a Aldeia Couro D’anta, na Boa Vista. Fomos acolhidos na Casa das Sementes, lugar de assembleias e rituais sagrados. Visitamos o laboratório das ervas curativas e das sementes. 

O dia foi recheado de cantorias ao som do maracá. Um líder indígena, Iran Xucuru, falou-nos da Cultura do Encantamento. Disse que “Deus é diversidade e isso mantém nossa humanidade”. Também falou que “a humanidade veio da floresta, que nos deu tudo e agora estamos destruindo, destruindo tudo”. E recordou as palavras do cacique Chicão: “Vamos trabalhar juntos, lutar juntos, pois é lutando organizados que a gente consegue alguma coisa”.

Por fim, os participantes dessa aula nas aldeias puderam se envolver no Ritual do Toré, na mata ao lado de uma grande pedra referencial. Percebeu-se, sobretudo aí, que o sagrado é central na vida do Povo Xucuru, é sua fonte de animação e orientação. O aprendizado do dia de campo tocou os sentidos, foi para além da razão e proporcionou um sentimento de infinito a partir daquelas serras. Pudemos vislumbrar formas mais comunitárias de existência, que buscam o bem-viver de todos e com tudo.

Pra saber mais

da religião Xucuru

e do Bem viver indígena

1 comentário Adicione o seu

  1. Erick Ribeiro disse:

    Parabéns pela valorização do povo de nosso Brasil. Realmente passou da hora de darmos valor à nossa cultura que é ampla e além disso lutar pelo direito de cada comunidade.

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