Igarassu é município da Região Metropolitana do Recife, um dos primeiros núcleos de povoamento do Brasil, palco de muitas lutas libertárias e onde está o mais antigo templo cristão em funcionamento do país, a igreja de Cosme e Damião. Aí, os santos que são padroeiros e até “vereadores” da cidade, unindo católicos e seguidores das religiões afro-brasileiras (onde misturam-se sincreticamente com a divindade gêmea Ibeji), estão vendo a sua festa ser demonizada por “evangélicos”, que “substituem” os tradicionais doces da festividade por outros “abençoados por Jesus” – e não “possuídos pelos Encostos”.
Mas esse é um desafio entre outros, de intolerância simbólica e violência humana, que assola as nossas periferias urbanas. Ultimamente, até devido à quarentena da peste, as questões de gênero são as mais acirradas: pelo Anuário Brasileiro 2019 de Segurança Pública, 7 estupros são registrados no país a cada hora e, segundo dados da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, de 2015 a 2020, 219.175 mulheres sofreram violência doméstica/familiar no estado e, deste somatório, 2.459 foram em Igarassu. Para transformar essa realidade de agressões, no Dia Municipal da Paz, no próximo 21 de maio, o Projeto Mãos Promovendo a Paz vai mobilizar, junto com muitos grupos parceiros, o 3º Abraço Histórico pela Cultura de Paz em Igarassu, tendo como mote neste 2021 o fim da brutalidade contra as mulheres e a sua proteção contra a violência doméstica e familiar.
E a proposta de participação, que conta com apoio do nosso Observatório das Religiões da UNICAP e centros espirituais e culturais da localidade, é muito simples e pode ser realizada nesse tempo de pandemia porque é um hábito seguro e cotidiano, sobretudo dos jovens: a produção de selfies/fotos postadas nas redes sociais. Então, no dia 21 de maio, vamos fazer fotos de auto abraço ou de abraços familiares e publicar nas redes sociais (especialmente no instagram @mppazbrazil) com mensagens e votos de respeito às mulheres, junto da hashtag #igarassupelapaz2021. Com um pouco de atitude e boa vontade uma semente pode gerar florestas, ainda mais quando plantada em solo adubado com esperança e poesia!
Parabéns! anos se passam e nosso Observatório culmina temas e assuntos sociais onde culturalmente as mulheres continuam sendo vítimas das perversidades do feminicídios. Compactuando dizeres, atos e ações incoerentes as maldades continuam e somente nós mulheres temos o direito e o dever da cobrança pela punição à violência e mortalidade que assusta e se alastra ao domínio do poder e da intolerância entre pessoas. O abraço pela paz desperta: afeto, coragem, esperanças pelo respeito. Abração