MITO-FORIA
FORMAS E TRANSFORMAÇÕES DO MITO
DOI:
https://doi.org/10.25247/paralellus.2023.v14n34.p283-304Palavras-chave:
Imaginário, Mito, MitogêneseResumo
As investigações desenvolvidas pelas Ciências Humanas sobre o mito permitiram revalorizá-lo a partir de certas conquistas teóricas que contrastam com a desvalorização massiva da qual ele foi objeto, durante muito tempo, sob a pressão do racionalismo positivista. Por um lado, uma identidade e uma legitimidade irrefutáveis foram concedidas ao mito como um modo simbólico de apreensão da experiência humana; por outro, ele já não se restringe mais apenas ao modo de pensamento arcaico, à civilização tradicional, mas o seu polimorfismo lhe permite estruturar e orientar representações e ações, mesmo nas sociedades com representações e normas racionais. No entanto, em muitas abordagens acadêmicas permanece uma persistência das falsas evidências, dos clichês, que merecem ser o objeto de análises críticas. Particularmente, o mito é ainda frequentemente assimilado às construções e às condutas narrativas fixas, a um campo fechado de significações, em oposição às produções racionais do pensamento que, por outro lado, seriam caracterizadas por uma mobilidade, uma possibilidade de adaptação a novos dados e, portanto, uma capacidade em progredir os conteúdos do ato de pensar.
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