A MULHER, O PECADO E JESUS
DOI:
https://doi.org/10.25247/paralellus.2020.v11n27.p209-223Palavras-chave:
Cristianismo - Gênero - Patriarcado - SexualidadeResumo
As questões de gênero e seus enfrentamentos nos parecem uma discussão apenas contemporânea. Todavia, quando estudamos os textos sagrados, no caso específico a Bíblia, percebemos que elas são muito mais antigas. Aliás, elas começaram desde a narrativa da Criação descrita no livro do Gênesis. A partir do relato do “casal inaugural”, num jogo de luz e sombras, vamos encontrar o traçado do perfil da mulher e seus papéis a serem desempenhados naquela cultura e que se espraiam no seio do cristianismo. A reflexão aqui apresentada evidencia o quanto a mulher, de cujo ventre nasceu o pecado, teve sua própria corporeidade decretada impura e enquadrada pela legislação patriarcal judaica. Ela encontrou, entretanto, na figura de Jesus de Nazaré, alguém que a colocou definitivamente no lugar que lhe cabia, isto é, “filha de Israel”, participante do “povo eleito”. Ainda mais. “Aquele nascido de mulher” sacralizou o ventre. Em Jesus Cristo, a mulher encontrou outros papéis a assumir: tornou-se discípula e apóstola. Não só. Contribuiu para o início de sua missão messiânica; acompanhou-o pelos vilarejos; seguiu passo a passo sua via-crucis; aceitou alargar sua maternidade sobre a humanidade inteira; acolheu-o morto em seus braços; e gritou a vitória sobre a morte proclamando sua Ressurreição. Eis a reflexão que propomos.
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