A construção discursiva do conceito de “heresia” no contexto da questão religiosa: uma análise a partir do jornal O Apóstolo (1871-1875)
DOI:
https://doi.org/10.25247/hu.2020.v7n14.p450-465Palavras-chave:
Ultramontanismo, Heresia, Questão Religiosa.Resumo
No Brasil do século XIX, o advento da modernidade política foi marcado por profundas mutações conceituais, que acompanharam as reconfigurações nos nexos entre religião e política, as quais tiveram como etapa crucial os acontecimentos associados à Questão Religiosa (1872-75). Desde então, a Igreja católica caminhou para a separação oficial e abrupta em relação ao Estado e para a conquista de sua identidade institucional, subordinada ao Sumo Pontífice. Na defesa deste projeto, clérigos e leigos ultramontanos fizeram da imprensa católica instrumento eficaz na nomeação de seus inimigos e preservação de sua influência junto à sociedade civil, à medida que diminuía sua participação política direta. Este projeto visa analisar um dos conceitos que, na conjuntura em foco, foi amplamente veiculado pelo discurso ultramontano, assumindo singular importância e capacidade de generalização, ao mesmo tempo em que se revelou profundamente polissêmico. Trata-se do conceito de “heresia”, o qual, na formulação discursiva ultramontana, observou um deslocamento das heresias medievais em direção às tendências associadas à modernidade ocidental, ajudando a modelar o novo sujeito herético, no Brasil da segunda metade do século XIX. A fonte eleita é o jornal ultramontano O Apóstolo, editado na província do Rio de Janeiro entre 1866 e 1901, cuja análise se pauta no instrumental metodológico da História dos Conceitos.
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