A CONSTRUÇÃO DO ESTADO-NAÇÃO EM ANGOLA

O CASO DA ANGOLANIDADE RELIGIOSA

Autores

  • Adriano dos Santos Instituto de Ciências da Educação (ISCED)

DOI:

https://doi.org/10.25247/hu.2023.v10n19.p20-35

Palavras-chave:

Estado-nação, Angola, Tocoísmo, Simão Gonçalves Toco, Nacionalismo religioso

Resumo

Antes da chegada dos portugueses, o território que hoje se chama Angola foi habitado por diferentes povos que construíram Estados, sendo os mais conhecidos foram o Kongo, Ndongo, Wíla, Humbe, o império Lunda e a Confederação dos Estados Ovimbundu. Atribui-se aos portugueses a desorganização e destruição destes Estados, pois os Estados africanos não resistiram aos longos anos de tráfico de escravos e de colonização. Após a Conferência de Berlim os portugueses designaram todos os territórios conquistados a Sul do Estado Kongo de Angola. Na luta de libertação nacional que se seguiu, os povos enveredaram por nacionalismo territorial, pelo que, mantiveram as fronteiras herdadas do colonialismo logo após a independência, pretendendo constituir-se em Estado-nação. A construção do Estado-nação em Angola é um processo que percorre um longo caminho. Refere-se que, a religião tomou a dianteira nessa construção, pois na luta anticolonial um grupo de religiosos encabeçados pelo profeta Simão Gonçalves Toco resistiram contra o evangelho de colonização criando os alicerces da identidade religiosa angolana descrita aqui por angolanidade regiosa. O estudo procura responder a questão: Em que se basifica a construção da angolanidade religiosa? O objectivo do texto foi analisar as bases para construção da angolanidade religiosa. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujo procedimento técnico é a pesquisa bibliográfica. Os resultados da pesquisa nos permitem inferir que as bases da angolanidade religiosa ajustam-se no projecto gizado por Simão Gonçalves Toco que conseguiu unir os povos de Angola sobre uma única religião, sem distinção, partilhou os elementos culturais dos quatro espaços sócio-culturais de Angola criando uma religião onde todos se sentem em casa. Conclui-se que as bases para a construção da angolanidade religiosa assentam na partilha de traços culturais que colocou as diferentes culturas em diálogo permanente, criando desta feita, a cultura tocoísta, fundamento da angolanidade religiosa.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Adriano dos Santos, Instituto de Ciências da Educação (ISCED)

    Doutorando em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências Sociais / UAN; Mestre em Ensino da História de Angola pelo Instituto de Ciências da Educação (ISCED) de Luanda na opção História e Licenciado pelo ISCED/Luanda, opção ensino da História.

Referências

AMBRÓSIO, José de Magalhães Campos. Estado e Religião Contributo histórico à Filosofia do Estado Presente. Minas Gerais: UFMG, 2011

ALTUNA, Raúl Ruiz. Cultura Tradicional Bantu.Lisboa: Paulinas editores, 2006.

BARBEITOS, Arlindo. Sociedade, Estado: Sociedade Civil, Cidadãos e Identidade em Angola. Luanda: UEA, 2007.

BATSÎKAMA, Patrício. Nação, Nacionalidade e Nacionalismo em Angola. Luanda: Mayamba, 2016.

BATSÎKAMA, Patrício. Mbôngi´a ñgundu. Escola das Ciências Políticas no antigo Kôngo. Luanda: Mayamba, 2019.

BENOT, Yves. Ideologias Das Idependências Africanas 2. Lisboa: Sá da Costa Editora, 1981.

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada Africana. Paulinas editora (Tradução das irmãs Paulinas). São Paulo: Paulinas editores, 2004.

BOAHEN, Adu (coord.). História Geral da África, vol. VII. S.Paulo: Ática/UNESCO, 1985.

CALEY, Coenélio. Contribuição para o pensamento Histórico e Sociológico Angolano (intervenções e reflexões). Luanda: Editorial Nzila, 2005.

BLANES, Rui Llera. Uma Trajetória Profética. Ideologias De Tempo, Lugar E Pertença Num Movimento Cristão Angolano. Luanda: Mulemba yetu, 2018.

CARVALHO, Paulo de Estado. Nação e Etnia em Angola. Revista Angolana de Sociologia, nº 1, pp. 61-71, 2008.

COELHO, Virgilio. Os Túmúdòngò os génios da Natureza e o Kílàmba. Luanda: Kilombelombe, 2010.

CUNHA, Silva. Aspectos dos Movimentos Associativos na África Negra Vol. II. Junta de Estudos de Ciências Politicas e Sociais. Lisboa: Investigação do Ultramar, Nº 23, 1959.

DAVIDSON, Basil. À Descoberta do passado de África. Lisboa: Sá da Costa Editora, 1978.

FERREIRA, Cléria de Lourdes. O Tokoismo como Elemento da Identidade Angolana (1950 – 1965). Lisboa: Universidade de Lisboa Faculdade de Letras, 2012.

FINER, Samuel E. História de Governos, Monarquias e Impérios Antigos. Lisboa: Publicações Europa-América, 2003.

FONSECA, Dagoberto José. As Línguas Nacionais e o Prestigioso Português em Angola. Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU. Disponível em: http://www.redeangola.info/especiais/aprender-as-linguas-nacionais-exigencia-actual/ acessado em 2 de Fevereiro de 2021.

FUKUYAMA, Yoshirhiro Francis. As origens da Ordem Política. Dos tempos pré-humanos até a revolução francesa. Alfragide: Publicações Dom Quixote, 2018.

GASSAMA, Mikhily. A África Responde a Sarkozy Contra o discurso de Dakar. Lisboa: INIC, 2010.

GROMIKO, A. A., et al. As Religiões da África Tradicionais e Sincrética. Moscovo: Edições progresso, 1987.

HENDERSON, W. Lawrence. A igreja em Angola um rio com varias correntes. Luanda: editorial além-mar, 2001.

JÚLIO, Altur da Silva. Vestígios Históricos e o povoamento do território de Angola de 1000 a 1600 D.C. Luanda: s.e, 2004.

KAJIBANGA, Victor. Culturas étnicas e cultura nacional: uma reflexão sociológica sobre o caso angolano. Revista angolana de Sociologia, nº 5 e 6, pp.97-105, 2010.

KAJIBANGA, Victor. Sociologias em Angola: Paradigmas clássicos e tendências actuais. Revista angolana de sociologia, nº 4 pp 179-224, 2009.

KAMABAYA, Moisé. O Renascimento da Personalidade Africana. Luanda: Mayamba, 2014.

KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra II. Paris: Publicações Europa-América, 1972.

MALUNBU, Moisés. Os Ovimbundu de Angola: Tradição - Economia e Cultura Organizativa.Roma: Edizioni Viver, 2005.

KUNZIKA, Emanuel. A Formação da Nação Angolana Através da Luta de Libertação. Luanda: Plátano editora.

MILLER, Joseph Calder. Poder Político e Parentesco. Os antigos Estados Mbundu em Angola. Luanda: Arquivo Histórico Nacional, 1995.

MOREIRA, Vasco & PIMENTA, Hilário. Literatura 12ª Classe. Luanda: Porto editora, 2006.

MUACA, Eduardo André. Breve História da Evangelização de Angola. Luanda: CEAST, 2001.

MBOKOLO, Elikia. História Da África Negra. História E Civilizações Até Ao Século XVIII Tomo I. 2 ed. Lisboa: Edições Colibri, 2012.

OTTO, Rudolf. O sagrado. Lisboa: Edições 70, 2005.

QUIBETA, Simão Fernando. Simão Toco o Profeta Africano em Angola. Luanda: s.e, 2002.

SANTOS, Eduardo dos. Movimentos Proféticos e Mágicos em Angola. Lisboa: casa da moeda editora, 1972.

SANTOS, Adriano dos. Contributo do Tocoísmo para o Nacionalismo Angolano (1949-1963). Luanda: BC Livtec Lda, 2019.

SANTOS, Adriano dos. O Tocoísmo: A Construção da Identidade Religiosa Nacional por Processos Migratórios. Cadernos CEACIS 01, nº 1 pp. 20-25, 2022.

SAVELLE, Max (coord). A Civilização Atlântica História da Civilização Mundial (Vol. II). Belo Horizonte: Villa Rica Editora, 1990.

SILVA, Sónia C. dos Santos. A Conferência de Berlim. Uma visão contemporânea dos problemas de interpretação. Luanda: Paulinas editores, 2014.

SOUSA, Fonseca. Etnografia de Angola - Entre a Pesquisa e o desenvolvimento de políticas culturais. Luanda: Mayamba, 2012.

WATCH TOWER. O Homem em Busca de Deus. São Paulo: Sociedade Torre de Vigia de Biblias e Tratados, 1990.

WHEELER, Douglas e PÉLISSIER, René. História de Angola. Luanda: Tinta da China, 2011.

Publicado

2023-09-26

Como Citar

SANTOS, Adriano dos. A CONSTRUÇÃO DO ESTADO-NAÇÃO EM ANGOLA: O CASO DA ANGOLANIDADE RELIGIOSA. HISTÓRIA UNICAP , Recife, PE, Brasil, v. 10, n. 19, p. 20–35, 2023. DOI: 10.25247/hu.2023.v10n19.p20-35. Disponível em: https://www1.unicap.br/ojs/index.php/historia/article/view/2388.. Acesso em: 28 abr. 2024.

Artigos Semelhantes

1-10 de 89

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.