Merleau-Ponty e Wittgenstein escapando da oposição entre ciência e fé apoiada no absolutismo alienante de um radicalismo obtuso
DOI:
https://doi.org/10.25247/P1982-999X.2023.v23n3.p97-113Palabras clave:
crenças, razão, Merleau-Ponty, Wittgenstein, postura absolutistaResumen
O presente artigo tem por objetivo abordar a conflituosa relação entre ciência e fé, com vistas a mostrar a impossibilidade de invalidar tanto o campo da ciência quanto o campo da fé. Com isso, defende-se a tese de que invalidar significa assumir uma postura absolutista que tem como principal característica o assujeitamento alienante derivado de um radicalismo obtuso, ou seja, os posicionamentos radicais tornam os indivíduos alienados por ficarem assujeitados em um fechamento. Para tal, toma-se por base as elaborações de Maurice Merleau-Ponty principalmente na sua tese de doutoramento Phénoménologie de la Perception (1945). Ao longo do artigo, recolhe-se algumas notas de outras obras suas com o intuito de ilustrar uma postura legitimadora quanto à importância de abertura ao inacabamento, concernente à ciência, bem como, à religião. Por fim, versa-se sobre a teorização de Ludwig Wittgenstein em Lectures e Conversations on Aesthetics, Psychology and Religious Belief (1967), abordando sua concepção fideísta da crença em Deus não pelo viés das crenças factuais, racionais e/ou empíricas, mas vistas por ele, como uma maneira de ver o mundo e se posicionar nele. O paralelo entre os referidos autores serve para corroborar a tese de que é inexequível pensar a ciência e a fé por um viés essencialmente cartesiano, mas, sobretudo, assinalar a impossibilidade de explicar cientificamente a fé, ou anular sua importância nas trilhas do humano, além de reconhecer o valor da ciência para a evolução da humanidade.
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