Dia desses, com o professor Gustavo Oliveira, a amiga Dani Pessoa e mais um grupo de gente igualmente tresloucada e sonhadora, ficamos até quase meia noite discutindo cinema na Praça dos Milagres (veja aqui), lá em Olinda. Um dos filmes discutidos no cineclube que tá se organizando por ali foi o curta Pax, uma animação brasileira feita a partir de bonecos de massa por Paulo Munhoz, de 2005, com 13 minutos. O filme, que agora achamos na internet e compartilhamos acima, a propósito do ano novo e do Dia da Paz e Fraternidade Mundial, no 1º de janeiro, é uma obra de arte no gênero, mas é também uma provocação tragicômica aos encontros e concertos ecumênicos e dialogais que a gente tem ensaiado – cada vez às voltas com a tentação de se tornarem uma ONG a mais, uma instituição possível e desejável nos padrões desse mundo sempre mais “religioso” e cada vez mais “capetalista”!
Mas o desafio do diálogo inter-religioso – e intercultural – exige que façamos o impossível, que nos disponhamos a eventos miraculosos, que arrisquemos palavras diferentes e que façam diferença nas correrias cegas dessa vida da gente. Para onde vamos com os nossos movimentos ecumênicos? Nossas cidades são sempre mais violentas, ao mesmo tempo que interconectadas pelas comunicações e transportes e, por conseguinte, culturalmente pluralistas. Isso impõe o diálogo entre as tradições religiosas, pois não haverá paz entre os grupos e povos enquanto os que meditam e rezam para alcançar serenidade, os que gritam shalom, paz e salamaleico, não conseguirem se entender um pouco sobre o que há de importante e comum entre, e para além, dos seus mitos e ritos, valores e sentidos.
Diversidade pede tolerância, compreensão, respeito, educação e diálogo. Quando essa diversidade cultural toca em questões mais delicadas, que se fundamentam em tradições de fé, temos que ser ainda mais capazes de ouvir, de entender os motivos alheios, de também nos fazer escutar e argumentar. “Pax” desperta para esse tema importante e complexo através do debate entre líderes espirituais de diferentes correntes, representando quatro das maiores religiões do mundo: Catolicismo, Islamismo, Judaísmo e Budismo. Ah, tem também um Preto-velho que entra na história e seria bom, para não precisar recorrer à “solução final” do filme, se a gente pudesse escutar os conselhos desse “espírito brasileiro” pra combinar diferenças, e aprendesse a mudar de nível de realidade e incluir em nossas conversas e articulações o silêncio místico e o serviço ético, nas fronteiras das nossas alternativas doutrinais. Quem sabe, ainda dê tempo pra “fazer milagre” e ter um ano “novo” mesmo, com muita paz e vida boa!
A postagem vai dedicada aos grupos ecumênicos com os quais colaboramos no Recife:
Comissão Arquidiocesana de Pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso,
Fórum Inter-religioso do Observatório das Religiões,
Fórum Diálogos para Promoção da Diversidade Religiosa,
Espaço Museu das Religiões de Pernambuco.
nao gostei muito mas e bom