GUILHERME DE OCKHAM, SUPREMACIA DO PODER PAPAL, POBREZA EVANGÉLICA E NOMINALISMO
HISTÓRIA DE ONTEM, REALIDADE DE HOJE?
DOI:
https://doi.org/10.25247/paralellus.2025.v16n38.p137-158Palavras-chave:
Guilherme de Ockham, Nominalismo, Plenitude dos poderes, Pobreza evangélicaResumo
O artigo tem por objetivo analisar algumas características do debate sobre a pobreza evangélica e a supremacia do poder papal, a partir do contexto socioeclesial e político do franciscano Guilherme de Ockham, no século XIV. No contexto em que ocorreram tais discursões, que tiveram início no século XIII, a Igreja procurou legitimar o poder pontifical como de natureza divina e, ainda para justificar a supremacia do poder espiritual sobre o poder temporal, procurou deslegitimar a prática da pobreza evangélica defendida pela Ordem fundada por Francisco de Assis. À época, a partir de um novo movimento filosófico, denominado de nominalismo, Ockham, ao defender que Cristo não teve bens, refutou os argumentos utilizados pela Igreja e procurou demonstrar que o papa não era senhor dos dois poderes (temporal e espiritual), mas apenas administrador da comunidade de fiéis. Além do mais, argumentou que os poderes espiritual e temporal são autônomos e devem ser exercidos de maneira independente. O que foi história ontem é realidade hoje? Qual o alcance e as consequências, geradas simbolicamente por este fato histórico, para a sociedade e, particularmente, para a Igreja Católica contemporânea? Tais questões estão no horizonte das reflexões do presente artigo.
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