Memória, consciência e perdão
diálogos entre o filosófico e o teológico em Paul Ricoeur
DOI:
https://doi.org/10.25247/2595-3788.2022.v5n2.p449-466Palavras-chave:
Memória, Sujeito, Liberdade, Perdão, SuperabundânciaResumo
A questão da origem do sujeito, a partir de uma abordagem estritamente fenomenológica, Ricoeur acrescenta a problemática da falta e sua superação, sua libertação por meio do perdão. Para ele, as questões de origem do sujeito e da origem do perdão são inseparáveis: a indagação da identidade “quem eu sou?” teria por consequência a do perdão, “como eu posso efetivamente ser livre?”. Sua descrição teórica da vontade evidencia a estrutura da liberdade própria ao homem, sendo esta a condição de toda responsabilidade humana, sobre a qual se estruturará a culpabilidade, a qual, segundo Ricoeur nenhum homem escapa, pois torna-se a liberdade reduzida em escravidão. Reencontramos a situação do culpado descrita anteriormente, alargada à toda a humanidade, culpável, trazendo inerência à sua liberdade. Para tanto, ela não é destruída, ela se transforma em esperança de libertação. É precisamente isso que os mitos dizem ao homem: o mito da inocência é o desejo, a coragem e a experiência imaginária que sustentam a descrição eidética do voluntário e do involuntário. A abordagem que Ricoeur faz sobre o perdão, tem como síntese a memória, a história e o esquecimento, ou seja, trata-se de uma retomada da fase fenomenológica do autor, reafirmando sua existência e importância, mesmo em seus momentos mais “hermenêuticos”.
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