Religião em Rubem Alves

a experiência emocional / existencial do sagrado e a construção de diques contra o caos

Resumo

Rubem Alves relaciona o surgimento das religiões à percepção das ausências e dos desejos, esperanças e utopias por uma realidade ideal, livre da opressão. A religião, estaria, assim, relacionada à ânsia por liberdade tanto quanto seria motivada pela angústia gerada por sua inalcançável concreção. Trata-se, na sua concepção, de um construto cultural humano, capaz de forjar realidades e construir mundos simbólicos. Com o avanço da racionalidade científica moderna, um sentido utilitarista passou a reger a lógica da produção e da organização social. Nesse ínterim, o sagrado foi colonizado, perdendo a inteireza de uma presença irrestrita. A colonialidade do sagrado demonstrou o aparelhamento da religião com a pauta da secularização e com as demandas por poder das classes dominantes. Contudo, o sagrado, ainda que retraído, não desapareceu, demonstrando sua resistência a partir de reminiscências significativas que perduraram na religião dos oprimidos. O objetivo desta comunicação é discutir como se dá a interação entre o sagrado, a religião e a cultura na abordagem alvesiana. Para tanto, algumas obras do autor foram revisitadas a partir de uma leitura inscrita sob o viés epistemológico das ciências da religião.