Racionalidade e retórica em Aristóteles

Autores

  • Tiago Penna Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

DOI:

https://doi.org/10.25247/P1982-999X.2021.v21n2.p88-114

Palavras-chave:

Aristóteles, Retórica, Racionaldiade, Arte, Conhecimento.

Resumo

Ao admitirmos que aquilo a que cunhamos racionalidade se identifica com os gêneros de discursividade (lógos), tal racionalidade pode ser re-conhecida através de análise formal dos elementos constitutivos próprios a cada esfera de racionalidade discursiva (lógos). No caso da arte retórica (rethorikê), a matéria do discurso, isto é, as palavras (lógoi), são ordenadas em vista da produção (poiésis) de um “efeito” (érgon), que se identifica com a persuasão (peithós), estritamente ligada a contextos particulares ou casos concretos. Neste sentido, é crucial a compreensão e a prática das “provas” (písteis), de acordo com uma forma (êidos) adequada, que consistirá no (i) raciocínio (lógos) inerente ao discurso; bem como deverá exprimir o (ii) “caráter” (éthos) ou “boa reputação” do orador – considerado como causa motora (ou eficiente) do discurso retórico; e (3) o páthos, isto é, as paixões ou emoções suscitadas através do discurso. Assim, as “provas de persuasão” (písteis) podem ser classificadas como provas lógicas, éticas ou emocionais (patéticas). Aristóteles distingue entre provas artísticas, isto é, intrínsecas (ou técnicas), e as não-artísticas, extrínsecas (ou não-técnicas), isto é, obtidas de modo alheio à arte retórica (rethorikê); enquanto as provas “artísticas” ou técnicas dizem respeito àquelas provas obtidas por meio das regras ou “caminhos” (méthodoi) próprios da retórica (rethorikê), compreendida como arte (techné) de produção (poiésis) de discursos (lógoi) que visam à persuasão (peithós). Portanto, a retórica (rethorikê) aponta para um gênero específico de arte, que – por sua vez – incide em um gênero específico de racionalidade discursiva (lógos), de modo que a mesma se apresenta como espécie de “saber” (epistême). Assim, resta-nos analisar se tal racionalidade inerente a esta espécie de discursividade (lógos) se assemelha com o método (méthodos) próprio da retórica, re-conhecida como espécie de conhecimento (epistême).

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Biografia do Autor

  • Tiago Penna, Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

    Professor de Estética Contemporânea e Filosofia Antiga, na Universidade Federal de Alagoas - UFAL, desde 2008. Possui Doutorado em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB (2017), com tese sobre a Poética de Aristóteles. Mestrado em Filosofia também pela UFPB (2007), com dissertação em Estética sobre A Politização da Arte em Walter Benjamin. Graduação em Filosofia pela UFPB (2003), com experiência na área de Filosofia da Mente, com ênfase no Monismo Anômalo de Donald Davidson. Possui experiência como realizador audiovisual independente desde 1995. Como cineasta, tem dedicado os últimos 10 anos de sua carreira, na realização e investigação sistêmica do cinema experimental. Investigando - tanto na teoria, quanto na prática cinematográfica - as potencialidades semânticas da linguagem audiovisual, a partir de experimentações imagéticas. pesquisas em torno do cinema experimental. Também leciona disciplinas de cinema e promove atividades de extensão e pesquisa visando a intersecção entre filosofia e cinema. Atualmente, seu foco de pesquisa - em sua investigação estética - converge para o cinema, suas estéticas e teorias, no contexto da cybercultura, e como a linguagem audiovisual tem protagonismo na ampliação da percepção sensível humana, e consequente modificação dos modos de existência humanos. No estudo epistemológico e anal´pitico da Poética de Aristóteles, como cânone da dramaturgia cinematográfica hegemônica; além da relação entre estética cinema no pensamento contemporâneo, especialmente em Walter Benjamin, Adorno, Flusser e Gilles Deleuze, entre outros.

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Publicado

2021-12-23

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

PENNA, Tiago. Racionalidade e retórica em Aristóteles. Revista Ágora Filosófica, Recife, PE, Brasil, v. 21, n. 2, p. 88–114, 2021. DOI: 10.25247/P1982-999X.2021.v21n2.p88-114. Disponível em: https://www1.unicap.br/ojs/index.php/agora/article/view/1405.. Acesso em: 16 maio. 2024.

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