Unicap forma primeiras engenheiras civis com intercâmbio na França
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Em mais de 40 anos de existência, o curso de Engenharia Civil assistiu a mais um momento histórico nesta quinta-feira (16). Pela primeira vez, profissionais formados pela Universidade Católica de Pernambuco desenvolveram Trabalhos de Conclusão de Curso a partir de intercâmbio fruto de parceria com o Instituto Católico de Artes e Ofícios (ICAM). Pioneirismo que tem um simbolismo todo especial quanto ao gênero. As mulheres foram as responsáveis pela proeza.
Letícia Mendes de Freitas, Nathalia Pontual Dornellas Camara e Amanda Gabriela Dias Maranhão passaram cinco meses desenvolvendo pesquisas na unidade da escola jesuíta de engenharia localizada na cidade de Nantes, Noroeste da França. Os TCC´s foram orientados pelo Prof. Dr. Fernando Artur Nogueira. As defesas públicas aconteceram no auditório Dom Helder Camara. A banca foi formada pelos professores Caetano Queiroz (coordenador do curso), Marta Rolim e Cláudio Mota.
“Foi uma experiência maravilhosa, aprendemos bastante coisa com essa troca cultural. Contribuiu não só para a formação acadêmica, mas humana também. Agora temos uma visão diferente de mundo. Foi excelente”, disse Amanda. Quem também vibrava com o momento era Letícia. “Foi muito importante para a minha formação profissional. Passamos oito horas por dia nos laboratórios, pesquisando, compondo a referência bibliográfica do trabalho, fazendo experimentos”.
Nathalia contou que a experiência foi enriquecedora para a parte acadêmica e também para o aprendizado da língua francesa. “Eu trabalhei num laboratório com um francês e a gente prestava um serviço para uma empresa. Desenvolvemos um projeto que era importante para esta empresa. Foi uma experiência bem diferente, ainda mais sendo em francês. No final das contas, a gente conseguiu apontar a solução que a empresa desejou”.
A empresa a qual Nathalia se refere é a Baudet, que trabalha desenvolvendo banheiros pré-fabricados em poliéster. “O mercado está evoluindo de acabamento em poliéster para acabamento cerâmico. Eles já haviam desenvolvido um protótipo e nosso objetivo geral era melhorar as características desse protótipo”, explicou ela.
A pesquisa contou com um caderno de especificações com funções, critérios, nível e flexibilidade. O projeto intitulado Concepção e Caracterização de um Banheiro Pré-fabricado com Acabamento em Revestimento Cerâmico teve como chefe de projeto na França Yoann Etourneau. Além de Nathalia, o outro engenheiro do projeto foi Guilaume Debare.
Na sequência, Amanda e Letícia apresentaram o trabalho intitulado Análise Numérica e Experimental da Penetração do Cloreto em Tubos de Transporte de Água compostos por Argamassa Armada: Influência da Microestrutura. O orientador na França foi o Prof. Dr. Mahfoud Tahlaiti. Elas analisaram os efeitos corrosivos em tubulações de uma empresa saudita de saneamento que trabalha com água dessalinizada.
A pesquisa vai ter continuidade no mestrado sanduíche das duas (agora ex-alunas) que começará em 2020. “É uma ótima oportunidade para os alunos do último ano tanto para intercâmbio quanto para conseguirem um mestrado fora”, complementou Nathalia ao analisar a parceria da Unicap com o ICAM.
“O bom desse trabalho, portanto, é o que a Universidade tem desejado: a aproximação com as empresas. Ela pega o problema de uma empresa, que tem contrato com o ICAM, como aluna ainda, resolve o problema e vira um produto no mercado. É a formação profissional perfeita”, afirmou o professor Fernando. Ele frisou ainda que a parceria está apenas no começo e que há abertura para que outros alunos participem. “Vai depender do interesse de cada um, da capacidade de desenvolver estudos”.
O representante da escola francesa de engenharia, Victor Wuillaume, esteve presente na defesa dos TCC´s e comemorou as primeiras vitórias conquistadas pelo intercâmbio com a Católica. “É a primeira vez que recebemos estudantes com essa especialização em Engenharia Civil. Elas desenvolveram projetos fabulosos. É impressionante a qualidade dos trabalhos que elas fizeram. Parabenizo as meninas que fizeram um trabalho muito bom nas condições que eram difíceis: novo país, duas delas nem falavam francês. Tiveram que fazer o projeto em inglês e, ao mesmo tempo, aprenderam francês. Foi impressionante”.