Boletim Unicap

Professoras da Unicap participam da XIII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco

Fotos: Marina Maranhão

Começou na última sexta-feira (23), no Centro de Convenções, em Olinda, a 8ª edição da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, que este ano está homenageando os autores Ronaldo Correia de Brito e Mauro Mota (In Memorian).

Fabiana Câmara

A Universidade Católica de Pernambuco participou pela primeira vez do evento, trazendo parte de seu corpo docente para participar de discussões a respeito do tema central da Bienal – “Um olhar sobre a Literatura e a Cidadania”.

As professoras do curso de Letras da Unicap Elizabeth Siqueira e Fabiana Câmara Furtado e a coordenadora do curso, Haidée Camelo Fonseca, estiveram na Bienal trazendo ideias sobre os seguintes temas: “E a palavra se fez cidadã e habitou entre nós: as Homilias de frei Aloísio Fragoso”, apresentado pela professora Elizabeth Siqueira; “A exclusão e os excluídos na poesia de Manuel Bandeira”, abordado pela professora Fabiana Câmara Furtado; e “A escuta da Palavra Silenciada”, trazido pela professora Haidée Camelo Fonseca.

A professora de Literatura brasileira e portuguesa, Fabiana Câmara, foi a responsável pela abertura das discussões, apresentando alguns poemas do poeta pernambucano Manuel Bandeira. Câmara trouxe para discussão os poemas – “Tragédia Brasileira”; “Auto-Retrato” e “Última Canção do Beco”, em cujos versos, Bandeira ilustra a desigualdade social, onde muitas pessoas menos favorecidas financeiramente são esquecidas e muitas vezes passam despercebidas, são excluídas, tornam-se “vidas invisíveis”, ou visíveis somente para o mau.

Elizabeth Siqueira

Já a professora Elisabeth Siqueira abordou posicionamentos do trabalho realizado por Frei Aloísio, em suas obras literárias e homilías. Falou do modo diferenciado pelo qual o Frei prega o sermão tradicional das missas que  celebra. Teve como base para sua apresentação, a obra “A cura do Cego Bartimeu”, interpretada por Frei Aloísio, onde o “cego” estaria sendo representado por toda uma sociedade que procura não enxergar os excluídos socialmente. Frei Aloísio diz que grande parte da sociedade elitizada trata a outra menos favorecida como algo comum aos olhos deles (elite). Que a miséria é algo que já se tornou comum, para os olhos de quem a vê.  Para encerrar sua participação nas discussões, a professora Elizabeth leu um texto sobre o evangelho pregado por Frei Aloísio.

A professora Haidée Camelo falou sobre as mulheres excluídas que, no dia a dia na sociedade, têm suas vozes silenciadas. As ideias trazidas por ela se basearam no trabalho de pesquisa de campo, da qual a docente colheu informações dessas mulheres esquecidas e camufladas, que foram ocultas pelo tempo, ou foram silenciadas por vontade própria, por vergonha ou medo de serem prejudicadas ao revelar suas confissões, nunca antes expostas em público. Haidée citou a obra “A Vida Bate”, de Ferreira Gulsar que, para ela, retrata fielmente as histórias, antes não reveladas, das 10 mulheres com as quais  conversou. A professora disse que a obra de Gullar mostra que, independentemente, de qualquer queda, nós sempre levantamos.

 

Haidée Camelo

A partir dos depoimentos dessas mulheres, foi escrito um livro chamado Ave Mulher, que explica o título: “a justificativa para esse título foi devido ao mistura de ‘ave Maria’, fazendo referência a nossa senhora, com a expressão popular ‘ave’. Quando coloco a palavra Ave Mulher, queria dizer… ‘ave mulher… como você passou esse tempo todo escondendo essas histórias todas”. Para a professora, o livro representa o elo entre a mulher santa, com a guerreira. Uma mulher que transborda os limites. Haidée ainda citou os nomes,ou os pseudônimos de suas personagens, entre elas – Amália; Bernadete; Corina; Cristina; Eunice; Iracema; Irene;Lourdes;Maria de Catarina e Paulina.

 

O evento terminou com um momento de emoção, quando a professora Haidée falou sobre sua mãe,  uma das mulheres das quais ela ouviu as histórias ocultas. A professora relembrou bons e maus momentos de sua mãe e disse ter ficado surpresa com as histórias contadas por ela, que Haidée não conhecia. Haidée ainda mostrou um texto descritivo sobre sua mãe, escrito por sua filha, onde descreve a avó, aos seus olhos.

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