Boletim Unicap

Palestra sobre os desafios do Brasil Pós-2018 marca lançamento do Instituto Politeia

Fotos: Adelson Alves

A Universidade Católica de Pernambuco lançou, na noite desta segunda-feira (3), no auditório G1, o Instituto Politeia. A solenidade reuniu professores, alunos, candidatos a cargos eletivos e autoridades acadêmicas da Unicap. A mesa foi composta pelo Reitor, Prof. Dr. Padre Pedro Rubens; pela Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação, Profª Drª Valdenice José Raimundo; pelo Pró-reitor Comunitário, Prof. Dr. Padre Lúcio Flávio Cirne; pelo Pró-reitor de Graduação e Extensão, Prof. Dr. Degislando Nóbrega; pelo Pró-reitor Administrativo, Prof. Msc Márcio Waked; e pelo coordenador do Instituto, Prof. Dr. Thales Castro.

Ao dar as boas-vindas, Padre Pedro ressaltou que a iniciativa faz parte das celebrações dos 75 anos da Unicap, além de marcos históricos como os 70 anos da Declaração Universal de Direitos Humanos, 50 anos do movimento estudantil, em Paris, de maio de 1968, e 30 anos da nova constituição brasileira. “Esse evento quer marcar uma nova aposta, a partir do que cabe como missão uma verdadeira universidade, a saber, elevar o tema da Política ao nível universitário no Ensino, Pesquisa e Extensão”.

Durante seu pronunciamento, o Reitor disse que o Instituto Politeia é uma “concretização de uma agenda de atividades” que prevê debates, cursos de extensão, consolidação da especialização em ciência política e criação do bacharelado na área, que será lançado no Vestibular 2019. Ele explicou ainda que o termo que batiza o Instituto é um convite ao retorno às origens das democracias ocidentais.

“Politeia, em grego, é o lugar da discussão argumentada, da busca de ideais e da construção da cidadania; foi esse o primeiro termo que Platão pensou para a sua obra, a República. A “coisa pública” agora está mais complexa, em uma sociedade global, no cenário de uma comunicação sem limites, de oportunidades inéditas e o desafio do cuidado com a “casa comum”, diz um trecho do discurso (clique aqui para ler a íntegra).

Ao final, foi exibido um vídeo com mensagem do Superior-geral da Companhia de Jesus, Prof. Dr. Padre Arturo Sosa. No vídeo ele, celebra a parabeniza a iniciativa da Unicap. “O ato desta marcante noite também é necessário pelas urgentes demandas de reconstruirmos os caminhos destroçados pela cegueira dos populismos diversos e pelas novas e sutis formas de exclusão social, econômica e política do mundo digitalizado contemporâneo. Numa casa de universalidade e pluralismo, como é a Unicap, precisamos reencontrar com a verdadeira Civitas Maxima, onde o ambiente acadêmico opera a ponte da preservação de novos humanismos com virtude cívica da política”, disse ele que é doutor em ciência política.

Palestra – Na sequência, o coordenador do Instituto Politeia, Prof. Dr Thales Castro, proferiu uma palestra sobre os Desafios do Brasil Pós-2018. Entre outros aspectos, Thales tratou da conjuntura internacional citando episódios como a eleição de Donald Trump, o Brexit, a onda anti-imigração na Europa e Estados Unidos e o debate em torno do espectro político norteado pela esquerda, centro e direita. “Ele de fato tem algum sentido hoje. Direita, centro e esquerda nunca estiveram tão presentes e creio que elas jamais desaparecerão”.

Com relação à conjuntura nacional, Thales destacou aspectos da ambivalência da cena política brasileira. Ele citou o livro Crítica da Razão Dualista: o ornitorrinco, de autoria do sociólogo pernambucano Francisco de Oliveira. A metáfora com o animal que põe ovos, mas é mamífero, que vive na água e na terra ajuda a explicar a dualidade brasileira da nova política e da política arcaica.

Thales também falou do sentimento do eleitor sobre as eleições de outubro. “Nós temos detectado uma apatia, um desalento, uma desesperança. Elas têm objetos causais, a gente percebe um eleitor fraturado, angustiado, desorientado. Quais serão as estratégias comunicacionais para esse eleitor, que tipo de abordagem para esse tipo de eleitor que interpreta a política de forma absolutamente negativa? O que é muito perigoso para a nossa jovem democracia, o que é muito danoso para a nossa democracia semi-periférica”, explicou ele, mencionando dados do eleitorado nas regiões.

O coordenador do Politeia mostrou também dados de pesquisa CNI feita em novembro de 2017 sobre os principais problemas apontados pelos eleitores. Desemprego (56%), Corrupção (55%), Saúde (47%) e Segurança Pública (38%) foram os itens mais citados. “O que me causou estranheza é o fato de a gente não ver Educação, o que é muito dantesco. Educação, por incrível que pareça, estatísticas comprovam, na determinação do voto do eleitor médio, educação não ocupa uma prioridade urgentíssima”.

No trecho final da explanação, Thales defendeu repensar o presidencialismo de coalizão, debates em torno das reformas política, fiscal e da previdência. “Se tivermos de falarmos de uma reforma previdenciária séria, essa casta de privilégios deverá ser tocada. A questão é: ou a gente estabelece um mínimo consenso suprapartidário pra entender que ela é urgente ou de fato vamos continuar preservando essas microelites corporativistas de manutenção de privilégios”.

Thales defendeu um plano de reforma política como o que o Plano Real foi para a economia em 1994, que “curou o monstro da hiperinflação. Nós precisamos talvez de um novo Plano Real da dinâmica da política. Essa nova dinâmica a la Plano Real, que não tem nenhuma conotação política-partidária-ideológica, talvez faça com que o Brasil comece a entrar no século 21. Há setores que ainda estão no século 19. Precisamos fazer uma ponte entre o século 19 e o 21. Enquanto não fizermos essa ponte, vamos continuar com essas castas de privilégios”.

Ele ainda alertou para os sentimentos das manifestações populares que ganharam as ruas cinco anos atrás. “O Brasil das Jornadas de Junho de 2013 está vivo, ele está silenciosamente dormindo. O que aconteceu, de maneira inicialmente espontânea em razão dos aumentos das passagens em São Paulo, gerou verdadeiramente um grande debate, uma ferida não resolvida na sociedade civil brasileira. Dois mil e treze é um sinal dessa transformação de um Brasil arcaico para um Brasil moderno, de um Brasil que emerge e que precisa entrar no século 21, pelo menos no campo da esfera política”.

Presenças – o evento, transmitido ao vivo pelo Facebook,  contou com as presenças do vice-governador de Pernambuco e candidato a deputado federal pelo MDB, Raul Henry; dos candidatos ao governo do Estado, Dani Portela (PSol) e Maurício Rands (Pros); da candidata ao Senado e professora do curso de Direito da Unicap, Drª Adriana Rocha (Rede); e pelo candidato a deputado estadual pelo Partido Verde, Manuel Aguiar.

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