Boletim Unicap

V Semana da Consciência Negra da Católica promove a exposição “Afro-sambas: de Baden à Mariene de Castro”

A V Semana da Consciência Negra da Universidade Católica de Pernambuco, que tem nesta edição o tema “Do Combate ao Racismo à Promoção da Igualdade Racial”, deixa de ser realizada durante uma semana para ser promovida durante todo o mês de novembro. Outra novidade é a Semana da Consciência Negra Interinstitucional, onde a Católica participa e organiza junto com a Universidade Federal Rural de Pernambuco, Universidade Federal de Pernambuco, com a Universidade de Pernambuco, a Funeso, com o Museu da Abolição e a Fundação Joaquim Nabuco. O evento é realizado pela Universidade Católica de Pernambuco, por meio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas – Neabi e coordenado pelo Padre Clóvis Cabral.

Dentro da programação da Semana, foi realizada, na Biblioteca Central da Católica, a exposição fotográfica “Os Afro-sambas: de Baden à Mariene de Castro – A Circularidade Cultural na Música do Brasil”. A exposição foi organizada pelo sociólogo e professor da Católica, José Afonso Chaves, como atividade de sua disciplina Antropologia Cultural, lecionada no 8º período do curso de Publicidade e Propaganda. A exposição teve 11 trabalhos fotográficos e quatro vídeos em torno da discussão entre MPB e tradição cultural afro-brasileira.

O professor José Afonso explicou como surgiu a ideia dessa exposição. “Essa exposição nasceu do processo de trabalho, na disciplina Antropologia Cultural, no curso de Publicidade e Propaganda. Sabendo das articulações em torno da Semana da Consciência Negra, foi conversado com a turma e proposta para que a gente também se engajasse, levando em conta que a antropologia não é apenas o estudo da cultura pela cultura, mas numa perspectiva de problematização da cultura e, sobretudo, de pensar e praticar cultura como forma de elaboração crítica. Pensando nisso, se propôs discutir a relação entre tradição afro-brasileira, particularmente o que se produziu no candomblé brasileiro, com a produção daquilo que ficou conhecido como ‘Música Popular Brasileira’. O nosso interesse foi esse, saber como esse diálogo foi se produzindo ao longo do tempo, ou seja, aquilo que a gente conhece como MPB tem um nascimento muito distinto e até de certa maneira distante dos locais, nos quais, a cultura afro-brasileira é produzida, é manifestada, que é a classe média. A MPB surge nesse horizonte e como é que esse diálogo foi sendo produzido, foi nascendo, quais foram as variantes, quais eram os interesses presentes aí?”

Continuando, José Afonso abordou como se deu o trabalho em sala de aula. “Em sala de aula, o processo foi se desenrolando dessa maneira, tentando entender como essa relação era feita e quais os produtos que daí saíam, como essa relação findava. Era uma perspectiva de expropriação, de trabalho simbólico dos negros e que os brancos se apropriavam, no sentido de ter rendimentos com isso? Era um trabalho de mediação, um sentido de fazer com que essa cultura, historicamente marginalizada, pudesse ter uma maior visibilidade através desses mediadores que tinham um lugar na mídia, na imprensa? Era um trabalho realmente de diálogo, em que as coisas não se perdiam, mas se misturavam, se respeitavam e saiam ganhando um novo produto cultural, uma nova maneira de se conversar, uma nova maneira de se vivenciar processos culturais que tem origem diversificada, mas que podem dialogar, que podem encaminhar novas formas de convivência, baseadas no diálogo, no respeito, na convivência com os diferentes.”

Concluindo, o professor José Afonso analisou o resultado dos trabalhos. “O resultado é bastante produtivo. Nós temos aqui 11 trabalhos fotográficos e quatro vídeos em torno dessa discussão entre MBP e tradição cultural afro-brasileira. O resultado é positivo, têm trabalhos bastante criativos. Esse é um trabalho que deve ser mais incentivado em sala de aula, que pega pelo envolvimento do aluno, pela curiosidade do aluno, pela possibilidade do aluno experimentar a sua criatividade, a sua curiosidade e inventividade. Então, eu acho que tem um saldo também pedagógico na realização desse trabalho. O resultado é valioso”, finaliza.

O coordenador do Neabi e da Semana da Consciência Negra, Padre Clóvis Cabral, acompanhado pela bibliotecária Ana Beatriz Nascimento, falou com a reportagem do Boletim Unicap sobre a V Semana da Consciência Negra. “O tema deste ano é: ‘Do Combate ao Racismo à Promoção da Igualdade Racial’. A gente quer mostrar como houve, na sociedade brasileira, um crescimento. Antes, havia uma perspectiva quase que única de denunciar e de combater o racismo. Hoje, a gente fala em promoção da igualdade racial, isto é, incluir os negros e as negras na sociedade brasileira, em todos os sentidos. Este ano, a diferença é que a semana, ao invés de concentrar numa semana, assim: segunda, terça, quarta, quinta e sexta, a gente estendeu durante todo este mês de novembro. Teremos vários eventos, por exemplo, dia 27 faremos um outro grande evento, aqui na Universidade, com mais de cinco maracatus do Recife. Outra coisa boa também deste ano é que conseguimos participar e estamos na organização, junto com a Universidade Federal Rural de Pernambuco, Universidade Federal de Pernambuco, com a Universidade de Pernambuco, a Funeso, com o Museu da Abolição e a Fundação Joaquim Nabuco, de uma Semana da Consciência Negra interinstitucional. Foi um grande avanço para a gente, um grande passo. Estaremos realizando essa semana de 15 a 20 de novembro, no Museu da Abolição. Então, este ano, a Universidade Católica, novamente, mostra a pujança. O objetivo da Semana é reunir todas as pessoas, todas as iniciativas que existem aqui na Universidade em torno da aplicação da Lei 10.639, que obriga o ensino e o estudo da História da África e dos Afro-brasileiros”, explica.

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