Boletim Unicap

Simpósio de Teologia contou com participação de professora portuguesa

O III Simpósio Internacional de Teologia e Ciências da Religião, promovido pela Universidade Católica de Pernambuco e que se encerrou na última sexta-feira (10), apresentou uma programação variada. Um dos destaques foi a participação da professora lusitana Maria Luísa Almendra, da Universidade Católica Portuguesa (UCP).

Fotos: Daniel FrançaNascida em Lisboa em 1961, ela faz parte do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria. Formada em Teologia pela Faculdade de Teologia de Lisboa; em Ciências Bíblicas pelo Pontificium Istitutum Biblicum de Roma; e com doutorado em Teologia Bíblica pela UCP, Luísa Almendra é também assistente na Faculdade de Teologia e Membro do Centro de Estudos e Religiões e Culturas da Universidade Católica Portuguesa e da Société Internationale pour l’Étude de la Rhétorique Biblique et Sémitique.

Autora do livro Um debate sobre o conhecimento de Deus: composição e interpretação de Jb 32-37, ela atravessou o Oceano Atlântico para proferir na Unicap a conferência intitulada A Palavra como fonte de inspiração e ministrou o minicurso As Figuras de Pedro e Paulo nos Atos dos Apóstolos. Após a última aula, ela recebeu o Boletim Unicap no auditório do CTCH para uma entrevista especial.

Boletim Unicap – Quais foram os principais temas abordados pela senhora durante as atividades acadêmicas aqui na Unicap?

Maria Luisa Almendra – Eu provoquei reflexões no âmbito da teologia das diversas religiões. Explorei a diversidade das primeiras escrituras do Cristianismo, as formas como os cristãos se organizavam com o intuito de promover um intercâmbio não só teológico, mas também intracultural e intercultural.

B.U – É a primeira vez que a senhora vem a Pernambuco?

M.L.A – É a minha primeira vez no Brasil!

B.UE o que está achando?

M.L.A – É de um dinamismo muito grande! Fiquei impressionada! Nós na Europa temos a tendência de sermos mais formais, mais introspectos. Aqui se dá valor ao envolvimento, há muita participação. Nós conhecemos os brasileiros como um povo que dança muito, mas percebo que há também grande participação intelectual. O brasileiro tem muita energia não só para o samba, mas também para crescer intelectualmente! (diz aos risos).

B.U – Quais foram as suas impressões a respeito da nossa Universidade?

M.L.A – Fiquei espantada com o tamanho. É muito grande! Embora eu faça parte da única universidade católica que existe em Portugal, que é grande, eu fiquei impressionada com a ‘grandeza’ da Unicap, da maneira como ela está estruturada, organizada. Disse (em tom de brincadeira) ao Padre Pedro Rubens: ‘Não venha na nossa universidade em Portugal que eu ficarei envergonhada’. Aqui (na Unicap) existe um dinamismo entre os diferentes cursos, entre os diferentes centros de estudos. É um projeto grandioso.

B.U – A senhora também proferiu uma conferência chamada de A Palavra como fonte de inspiração. Essa ‘palavra’ a que a senhora se refere é em tom bíblico e/ou literal?

M.L.A – Nessa intervenção eu analisei e mostrei aos participantes como a palavra bíblica inspirou alguns pintores. Não são apenas pinturas que retratam literalmente os textos, mas também provocam uma reflexão sobre os textos e que podem ser autênticas interpretações para os dias de hoje.

B.U – A senhora proferiu o minicurso ‘As Figuras de Pedro e Paulo nos Atos dos Apóstolos’. Qual foi a abordagem que a senhora adotou?

M.L.A – A abordagem que eu adotei tem sido muito estudada e apresentada em muitos congressos na Europa e também fora da Europa. Estudamos as origens do Cristianismo e percebemos o que a Igreja vive em cada tempo em função da diversidade cultural, do contexto dos acontecimentos mundiais. As grandes questões éticas, as grandes questões sociais que se colocam e que têm a dimensão de sua época. Já nas origens do Cristianismo, essas questões também se colocaram a sua maneira e ao seu contexto próprios. O que eu quis colocar aqui foi como essas questões podem ser colocadas para nós nos processos de paz, nos processos de diálogo e também nos processos ‘inter-religiões’. Ás vezes é difícil falar até dentro da Igreja e para fora da Igreja. Então como esses textos podem ser inspiradores para nós?

B.U – A senhora poderia exemplificar alguma passagem desses apóstolos que pode ser aplicada ao nosso contexto atual?

M.L.A – Eu acho que o exemplo mais significativo seria quando Pedro vai a casa de um pagão e tem que aceitá-lo por sentir sede. É o que diz no próprio texto: ‘Deus não faz exceção’. Eu acho que essa é a grande mensagem para nós hoje. O Deus que nós cristãos acreditamos não faz exceção de pessoas. Nós Cristãos e não-cristãos vivemos num mundo que diferencia muito, faz muita exceção de pessoas socialmente, politicamente…em muitas áreas. Esta mensagem é muito bonita. Paulo vai na continuidade deste pensamento de Pedro. E eu penso que a Igreja hoje continua neste pensamento de Paulo e de Pedro e quer que os cristãos do mundo sejam assim, devem ser pessoas de ‘crescimento’.

print

Compartilhe:
One Comment

Deixe um comentário