Seminário sobre Abuso Sexual aborda o crime contra crianças e adolescentes
|A segunda edição do Seminário sobre Abuso Sexual aconteceu na última quarta-feira (26), e abordou o tema com enfoque no abuso sofrido por crianças e adolescentes. A palestra foi ministrada pela psicóloga jurídica, da 1º Vara da Infância e da Juventude do estado de Pernambuco, Sônia Porto, pela psicóloga Liliane Melo e pelo professor do curso de Direito da Universidade Católica Alexandre Nunes. O debate foi mediado pela professora do curso de psicologia da Unicap Irinéa Catarino.
O objetivo do encontro, segundo Irinéa, é aprimorar o diálogo dos psicólogos com o setor jurídico. “Um tema como esse mobiliza muito, é bom termos a visão jurídica para entendermos melhor o processo, além de abrir a discussão sobre o tema”, completa.
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O processo do abuso sexual às crianças e adolescentes a partir do judiciário foi colocado pelo professor Alexandre, que fez uma breve explanação do que é pedofilia, crime praticado contra menores de 14 anos, não dando à vítima a mínima condição de defesa. Segundo o professor, pedofilia não se enquadra na Constituição Federal (CF) como sendo crime, mas o estupro de vulnerável sim, é crime inafiançável, com pena que varia de 12 a 30 anos de prisão, de acordo com o artigo 247 da CF. Ainda segundo o professor, a pedofilia se caracteriza como um vínculo de proximidade, no qual o crime é praticado no ambiente familiar. “A criança é vítima dos próprios parentes, os mais próximos, e toda ação que acontece contra a vontade da vítima é crime”, acrescenta. “O pedófilo é um sociopata, que carrega consigo uma doença de caráter, não se sensibilizando pela dor da criança, que pode ser seu filho ou um parente”, finaliza.
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Falando das suas experiências vividas em consultório, Liliane definiu o abuso sexual às crianças e adolescentes como “uma dor que se inscreve na alma”. Colocou que a abordagem do psicólogo tem que ser a de reorganizar o psicológico do abusado, oferecendo acolhimento e ao mesmo tempo contribuindo com o judiciário. Uma grande questão para ela é compreender o que se passa na mente de uma pessoa que se apodera de uma criança. “A criança não sente prazer, mas sim dor. Por isso que o acolhimento se torna uma urgência”, completa. A criança, vítima de abuso, pode desenvolver doenças e até transtornos psicossomáticos, com isso, o principal tratamento é a Psicoterapia Breve. “A psicoterapia é como um vaso alquímico, onde é feita uma transformação, e é especificamente indicada para a crise”, afirma.
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Por último, Sônia Porto tratou da questão familiar e o papel do psicólogo. Na dinâmica familiar é muito importante entender como se dá a relação do casal, isso pode contribuir na prevenção do abuso, pois numa família com a dinâmica violenta é mais difícil prevenir, pois há nela o complô do silêncio. Quanto ao papel do psicólogo foi bem taxativa: “Não podemos ser coniventes com o segredo. Somos medrosos, mas temos como reverter a situação e denunciar”, completa.