Boletim Unicap

Semana de Ativismo dos Direitos Humanos começa com oficina sobre violência contra a mulher

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Foto: Daniel França

O combate à violência contra a mulher teve avanços significativos nos últimos anos, mas a luta ainda está longe de acabar. Este é o sentimento das representantes de entidades que participaram da oficina sobre Estratégias de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher: rede de apoio para o acesso à Justiça.

O encontro, que aconteceu na tarde desta terça-feira (26), na sala 102 do bloco G, fez parte da programação do primeiro dia da Semana de Ativismo dos Direitos Humanos.  O evento é uma parceria do Instituto Humanitas Unicap (IHU) com o grupo Mulher Maravilha, que celebra 40 anos de existência.

A coordenadora do Núcleo de Apoio à Mulher do Ministério Público de Pernambuco, a promotora Geovana Belfort, falou da atuação do núcleo. “Nós elaboramos capacitações para o público externo e interno, divulgamos a Lei Maria da Penha, desenvolvemos pesquisas e recebemos e encaminhamos aos órgãos competentes denúncias do 180”.

Geovana destacou os avanços trazidos pela Lei 11.340. “As agressões cometidas por homens em suas companheiras deixaram de virar um mero TCO (termo circunstanciado de ocorrência) e agora são investigadas por um inquérito policial”. 

Quem também fez parte da oficina foi a professora do curso de Serviço Social, Valdenice Raimundo. Doutorado na área, ela abordou, entre outros assuntos, a violência contra a juventude negra. O tema foi objeto de pesquisa de sua tese.

Valdenice fez um recorte de gênero para adaptar a sua fala à temática da oficina. ” O que mais me impressionou é que aquelas meninas não sentiam ou percebiam o quanto elas tinham sido vítimas da violência ao longo da vida”.

Mas, apesar do cenário preocupante, a professora terminou sua explanação provocando o público presente. “Temos que pensar o sonho, se encher de esperança que te lança em busca do sonho. Como está a esperança dentro de você?”

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Foto: Daniel França

Irmãs – A oficina teve a participação de duas ativistas políticas que foram sequestradas e presas durante a Ditadura Militar. As irmãs Amelinha e Criméia Teles são reconhecidas nacionalmente pela luta dos Direitos Humanos das Mulheres. Militantes do Partido Comunista do Brasil e integrantes do Movimento de Guerrilha do Araguaia, elas foram presas pelo Estado em 1972. Amelinha foi levada junto com o marido e os dois filhos, na época com 4 e 5 anos de idade.  Criméia estava grávida de 8 meses e teve o seu filho na cadeia.

“Ainda bem que podemos dar o nosso testemunho hoje enquanto sobreviventes. Temos muitos a fazer.” Sobre a luta pela violência contra a mulher, Amelinha destacou os avanços, mas ressaltou que as mulheres precisam aumentar sua participação no mercado de trabalho e na política. “Temos que exigir do Estado o reconhecimento dos Direitos Humanos das Mulheres e políticas públicas concretas que saiam do papel”.

Discussão que foi ampliada durante a fala da irmã dela, Crimeia Teles. Ela relembrou o período militar, ressaltando as lacunas que faltam ser preenchidas nos Direitos Humanos. “Tivemos de buscar essas conquistas nas cortes internacionais, a exemplo da Lei Maria da Penha e a obrigação de o Estado brasileiro investigar e penalizar os envolvidos nos crimes cometidos durante a Ditadura. Mas ainda falta tipificar o crime de desparecimento político”.

Mulher Maravilha – A Semana de Ativismo dos Direitos Humanos marca as comemorações dos 40 anos do grupo Mulher Maravilha. Fundado em pleno regime militar, no mesmo ano em que o jornalista Vladimir Herzog foi executado (1975), o grupo do bairro de Nova Descoberta, Zona Norte do Recife, se notabilizou pela luta pelos Direitos Humanos e Democracia. A programação da Semana seguirá até sábado (30) com outros eventos, entre eles uma oficina a ser realizada em Afogados da Ingazeira, Sertão dfo Estado. Confira os detalhes no www.unicap.br/ihu ou no www.mulhermaravilha.blogspot.com.

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