Professores pernambucanos discutem educação racial
|Representantes de secretarias de educação estiveram reunidos nesta quinta-feira (05) com a coordenadora geral de diversidade do Ministério da Educação, Leonor Araújo. Eles discutiram o ensino de cultura afro-brasileira nas escolas brasileiras, de acordo com o disposto na lei 11645. O Padre Clóvis Cabral, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Índígenas (Neabi) da Unicap, representou a Universidade.
De acordo com a lei 11645, de 10 de março de 2008, as instituições de ensino fundamental e médio, públicas e privadas, devem incluir em suas grades curriculares o ensino de cultura afro-brasileira e indígena. Os conteúdos devem ser abordados ao longo de todo o curso, sobretudo nas disciplinas de educação artística, literatura e história do Brasil.
A reunião foi aberta pelo secretário executivo do Comitê Estadual de Promoção da Igualdade Étnico-racial (Cepir), Jorge Arruda. Ele lembrou que é comum os olhares das pessoas em restaurantes se voltarem para ele quando entra nestes recintos, por conta das vestes brancas, representativas das religiões de matriz africana. Segundo Arruda, os olhares são indicativos do preconceito vigente na sociedade.
Segundo Leonor Araújo, é importante a formação de médicos que identifiquem doenças próprias dos negros, advogados que identifiquem casos de racismo e arquitetos que tenham projetos voltados à construção de casas populares. Outra questão discutida é que as capacitações não podem se voltar apenas para os professores, pois os casos de preconceito racial também acontecem no pátio e na fila de merenda. Na opinião dos professores presentes, os demais funcionários também devem ser considerados educadores e receber instrução sobre a questão racial.
A coordenadora de diversidade do Ministério da Educação também observou que os cursos de licenciatura não ensinam os futuros professores a criarem materiais didáticos, o que configura um problema para as políticas de educação racial. O MEC muitas vezes recebe projetos de material que não se adequa às necessidades curriculares.
Embora a lei trate dos ensinos médio e fundamental, as instituições de ensino superior foram apontadas como parceiras importantes no processo de enfrentamento ao racismo, e os Neabis são pontos de apoio a essa questão dentro das universidades.
O padre belga Paul Ernest também esteve presente à reunião. Ele passa uma temporada no Recife, onde pretende observar a realidade local e apresentá-la em seu país de origem, a fim de levantar apoio para instituições que realizem trabalhos sociais.