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Professores de Jornalismo da Católica vencem concurso de roteiros promovido pela Fundaj

Os professores Cláudio Bezerra e Stella Maris, do curso de Jornalismo da Unicap, foram vencedores da sétima edição do Concurso de Roteiros Rucker Vieira. O prêmio foi promovido pela Massangana Multimídia, produtora de audiovisual da Fundação Joaquim Nabuco.  O projeto escolhido conta a história de Alexina Crespo, esposa do líder das Ligas Camponesas, Francisco Julião.

As Ligas eram um movimento de trabalhadores rurais que defendiam a reforma agrária no Brasil e tiveram forte atuação até a década de 60, quando foram reprimidas pela ditadura militar.  Enquanto Julião fazia as vezes de líder político do movimento, Alexina comandava o braço armado da entidade, a Brigada Tiradentes. Ela também tinha um papel semelhante ao de uma guarda-costas do esposo, chegando a ficar de prontidão pela casa quando Julião recebia uma visita suspeita.  A vida dessa mulher não era apenas armas e revolução. Era ela quem prestava cuidados de enfermagem aos camponeses feridos que procuravam a residência da família. Segundo Stella Maris, o documentário pretende “dar a Alexina o lugar que ela merece na história das Ligas Camponesas”.

O curta dará ênfase ao período em que Alexina Crespo viveu em Cuba, exilada do regime militar. Por defender os direitos de trabalhadores rurais, o casal adquiriu inimigos e passou a sofrer ameaças de atentado. Julião e Fidel Castro, ambos advogados e líderes populares, mantinham boas relações. Fidel fez um convite ao brasileiro para que a família enviasse os filhos Anatólio e Anacleto a Cuba e as filhas Anatilde e Anatailde para a então União das República Socialistas Soviéticas, cujo membro mais forte era a Rússia. Sem se adaptarem, as meninas terminaram se juntando aos irmãos em Cuba.

A história do exílio de Alexina começa quando ela viaja a Cuba par ao casamento da filha mais velha, Anatilde. O que pareceria uma visita breve se transforma numa vivência de oito anos, pois a boda viria a acontecer na semana do golpe militar de 64, que pôs o Brasil numa ditadura de 21 anos. Diante de tal realidade, a mulher com ideias revolucionárias se vê em Cuba, no auge da Guerra Fria e em meio a figuras como Fidel Castro  e Che Guevara.

“A ideia é resgatar a memória do que foi essa passagem em território cubano,  e do que ainda persiste desse período”, declara Cláudio Bezerra. Ele pretende levar a própria Alexina à ilha e conversar com pessoas que fizeram parte dessa história, inclusive o ex-presidente Fidel Castro.

Após o período em Cuba, Alexina seguiu para o Chile  (que sofreu um golpe em 1973) e posteriormente para a Suécia, onde estudou teatro. A arte, inclusive, foi um ponto de intersecção entre as vidas de Alexina Crespo e de Stella Maris. Em 1981 as duas trabalharam juntas no Teatro Hermilo Borba Filho. Foi nesse período que a professora e jornalista se  interessou pela vida desse mulher, que não recebeu o devido destaque da História tradicional. 

Alexina tem hoje 84 anos e vive no Recife. Apesar da passagem dos anos e das mudanças políticas no Brasil, permanece fiel aos ideias socialistas.  Ela não voltaria a viver com Julião, que morreu no México, em 1999, casado com Marta Rosas. 

O Concurso de Roteiros Rucker Vieira deste ano contou com a participação de 85 projetos de 13 estados brasileiros. Outro vencedor da edição foi o trabalho Memórias de um sertão que virou mar, de autoria do baiano Cláudio Marques. O filme aborda a construção da barragem de Sobradinho. As filmagens do documentário Alexina devem começar em dezembro. A previsão é de que o filme fique pronto em outubro do ano que vem.

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