Momento histórico na colação de grau do CCJ 2018.2
|Exemplos de superação, declarações de carinho e homenagens. Foram vários os motivos que fizeram a colação de grau dos concluintes do Centro de Ciências Jurídicas 2018.2 entrar para a história da Universidade. Um desses motivos foi a entrega do primeiro diploma de nível superior em Braille no Estado de Pernambuco. Marília Lordleem de Mendonça recebeu das mãos da funcionária da Diretoria de Gestão Escola (DGE), Taciana Barbosa Farias, o documento elaborado em parceria com o Instituto dos Cegos.
“Um momento importante porque eu vou saber o que está escrito no diploma. Estou muito feliz pela iniciativa”, disse a concluinte de Direito que estava sentada na primeira fila do Teatro Guararapes ao lado do pai, o administrador de empresas Artur José Braga de Mendonça. “É um gesto que sela todo o compromisso que a Universidade teve para com Marília durante a educação dela. É um gesto simbólico, inovador. É o respeito com a pessoa com deficiência visual. Imaginem uma pessoa ter que fazer a áudio descrição do diploma para ela? Agora Marília se apropria do conteúdo do que está escrito ali. Parabéns a Unicap! Estou muito feliz pelo respeito à diferença”.
Eles conheceram o Reitor, por acaso, poucos dias antes de começarem as aulas de Marília. Pai e filha faziam o reconhecimento do campus para que a estudante tivesse mais autonomia. Cinco anos depois, Padre Pedro fez questão de contar essa história e prestar homenagem à concluinte. “Essa aluna se tornou conhecida por suas múltiplas habilidades e sua capacidade de superação e, sobretudo, na maneira e com o sentido que ela faz”, disse Padre Pedro contando que Marília faz shows artísticos e reverte a renda para crianças com Síndrome de Down e para aquelas que sofrem com câncer. “Muito obrigado Marília, por nos fazer entregar o primeiro diploma em Braille de Pernambuco”, disse o Reitor emocionado.
Padre Pedro também prestou homenagem ao concluinte Thiago Felype Carvalho de Sousa. Ele fez uma postagem comovente no Instagram ao terminar a última avaliação. No post, ele falou sobre sua relação com a Unicap e o clima de despedida. “Após cinco anos, este foi um dos territórios onde travei uma das batalhas mais importantes da minha vida, na luta da conquista do sonho de cursar direito. Quanto orgulho carrego desta Casa, cuja significância jamais se apagará da minha memória”, dizia trecho da postagem lida por Padre Pedro.
A relação com a Universidade também foi o mote do discurso da oradora Laís Emanuella da Silva Lima. Ela relembrou as lutas travadas desde a aprovação no Vestibular, passando pelo “aprendizado das doutrinas, jurisprudências” e destacando a importância das políticas públicas no Ensino Superior na transformação social. “Essa noite representa mais que um título, mais que um diploma. Especialmente para mim e tantas outras colegas que também são bolsistas do Prouni, tantos outros beneficiados pelo Fies, sem esses programas não estaríamos aqui hoje. Precisávamos de uma, uma só oportunidade para alcançar um curso superior. Esta é a minha história e de alguns aqui também”.
A história de Laís se confunde com a da mãe, também bolsista concluinte do curso de Pedagogia. “Ela é a prova de que nunca é tarde para estudar”. disse Laís pouco antes de voltar ao lugar onde estava com ela no teatro. De pé, mãe e filha se abraçaram em lágrimas. O cerimonial parou a solenidade por alguns instantes enquanto todos contemplavam a cena.
Outros momentos igualmente emocionantes também envolveram amor de mãe e filha. A professora Marta Rolim, do curso de Engenharia Civil, entregou o anel de formatura a filha Marcela Rolim de Almendra Freitas. “Filhos são dádivas de Deus. A minha Marcela foi o maior presente que Deus me deu. Marcela é linda, determinada, meiga, tranquila, amada e amável. Eu acredito que os filhos de vocês também são assim”, disse Marta com voz embargada. O anel entregue foi guardado por mais de quarenta anos pela sogra dela (dona Helena – avó de Marcela) que prestigiava à colação de grau da neta aos 93 anos.
Já no momento ecumênico, a funcionária da DGE Edjane Maria Cruz Santos, que formava a filha Juliana, participou das bênçãos dos aneis representando os demais concluintes, padrinho e madrinhas. “Desde quando vi a Católica pela primeira vez, percebi que aqui era o meu lugar, era onde eu queria estar. Estou formando uma filha e já tenho outra estudando Direito. Criei meus filhos e os formei aqui. A Católica é uma mãe pra mim”, disse ela hoje com a emoção de quem tem 32 anos de Casa.
A solenidade – A Unicap formou ontem mais 254 novos bacharéis em Direito. Cada um deles recebeu o diploma definitivo devidamente assinado e reconhecido. A laureada da turma foi a aluna Clarissa Barbosa Monteiro de Lucena, que obteve a média 9,33. A mesa dos trabalhos foi composta, além do Reitor, pelo pró-reitor de Graduação e Extensão Prof. Dr. Degislando Nóbrega; pela diretora do Centro de Ciências Jurídicas, Profª Drª Maria Luiza Ramos; pela Profª Drª Carolina Ferraz, que representou o corpo docente; e pelo coordenador do curso de Direito, Prof. Dr. Stéfano Toscano. Em seu discurso, ele destacou a necessidade de manter a esperança. “O homem ou a sociedade sem esperança deixam-se levar pelas ilusões ou fraudes, que nada indica quantas ou quais ações relevantes o homem devem tomar. Portanto, é preciso adverti-los que a alegria e a esperança só coexistem e subsistem”.
As famílias e amigos que lotaram o Teatro Guararapes do Centro de Convenções foram acolhidas num momento ecumênico que ficou a cargo de Karol Menezes (Instituto Humanitas Unicap), dos professores Gerson Arruda (da Igreja Presbiteriana) e Padre Marcos Gomes (coordenador de Filosofia). A leitura bíblica foi feita pelo concluinte Pablo Monteiro e Silva.
O evento contou com várias participações do MPB Unicap, que é formado por professores, funcionários, alunos e ex-alunos da Católica. Entre eles o concluinte de Direito Jeferson Lopes (percussionista). O MPB Unicap prestou homenagens aos concluintes nas vozes de Lais Xavier (aluna de Publicidade e Propaganda) e Jéssica Aragão (estudante de Engenharia Civil). O Hino Nacional foi interpretado pelo ex-aluno de Arquitetura e Urbanismo Hugo Neves, que também cantou Por Enquanto (Renato Russo). Surama Rheis encerrou o evento ao som do Hino de Pernambuco.