Boletim Unicap

Livro de professor de Teologia aborda a relação entre Fé, Igreja e Sociedade

Sezino, Aquino Jr e Degislando. Fotos: Marcela Dubourcq

Uma roda de diálogo no auditório do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH) marcou, na tarde desta quinta-feira (31), o lançamento do livro Nas Periferias do Mundo: Fé, Igreja e Sociedade, de autoria do Prof. Dr. Francisco de Aquino Júnior, do curso de Teologia da Universidade Católica de Pernambuco. O Reitor da Unicap, Padre Pedro Rubens, fez a abertura do evento.

“Nosso professor e amigo tem uma biografia importante também na teologia e na militância de movimentos dos quais participa. Ajudar a gente a compreender essa relação entre Fé, Igreja e Sociedade a partir dessa visão, dessa inquietação do Papa Francisco é algo muito importante”.

A mesa contou ainda com a participação do Prof. Dr. Sérgio Sezino e do diretor do CTCH, Prof. Dr. Degislando Nóbrega. O autor do livro começou sua explanação tecendo considerações sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II (celebrados em 2015) e a Conferência de Medellín, que terá seu cinquentenário ano que vem e que marcou o início da recepção dos ensinamentos do Concílio na América Latina.

“Se o Concílio Vaticano II abriu a Igreja ao mundo e ajudou a Igreja a compreender que ela não existe para si mesma, mas existe para o mundo, a Conferência de Medellín deu um passo a mais e ajudou a entender que esse mundo que a gente vive ao qual a Igreja deve se abrir não é um mundo homogêneo, mas um mundo marcado por profundas desigualdades sociais. É um mundo que produz miséria e sofrimento em meio a tantas conquistas”.

Aquino também ressaltou a orientação do Papa Francisco que é direcionar os rumos e a atuação da Igreja aos mais pobres. “A Igreja deve estar no mundo sempre a serviço daquelas pessoas que sofrem, deve ser no mundo como um oásis de misericórdia. Como isso, Francisco recupera as grandes intuições do Concílio Vaticano II e da Conferência de Medellín numa nova síntese”.

O pesquisador também destacou que o livro deseja chamar a atenção para o que está no centro e na missão da Igreja, que é ser no mundo o sinal e instrumento do amor, da misericórdia, da bondade de Deus. A obre reúne um conjunto de artigos publicados independentemente organizados em duas seções. A primeira trata de aspectos teológicos da compreensão e da missão da Igreja no que se refere à fé e à justiça.

A segunda parte traz artigos que abordam os grandes desafios do mundo atual para a Igreja como a relação com a política, pluralismo religioso, diálogo inter-religioso, o cristianismo numa sociedade plural e a pastoral social. “O Concílio continua oferecendo bases importantes para pensar essas relações”, disse Aquino.

A necessidade do diálogo da Igreja Católica com as outras religiões e a pluralidade serviram de mote para as considerações feitas pelo professor Sezino. “A pluralidade não é um problema a ser superado mas é um lugar teológico por excelência, trinitário. O diálogo se realiza na medida em que as religiões se engajam na busca por caminhos de superação, de solidariedade frente ao sofrimento humano. Se a gente lê sem os óculos ideológicos os pontificados do Papa João Paulo II e do Papa Bento XVI os locais onde eles se encontraram com líderes religiosos, eles tocam nessa tecla. Nossos tesouros espirituais (expressão usada por João Paulo II) podem ajudar no nosso empenho comum nos três temas do diálogo inter-religioso: a Justiça, a Paz e a Preservação da Natureza”.

Logo depois foi a vez de o Prof. Degislando falar. Ele chamou a atenção para o 4º capítulo do livro que discute a relação entre a Igreja e a política à luz do Concílio Vaticano II. “É uma temática bastante pertinente e atual tanto no que diz respeito à ação dos cristãos no mundo quanto à urgência da questão política no mundo e no nosso país especialmente. Hoje é muito forte esse preconceito da relação entre fé e política, ou seja, uma visão bastante deturpada. Acho que em outra época tivemos a oportunidade de colocar esse binômio de forma mais equilibrada. Política não se restringe à questão de Estado, de partidos etc. Político se tornou tudo, as próprias relações interpessoais, familiares. Em todos os níveis nós temos uma dimensão política. A vida é essencialmente convívio político que não é uma mera luta de poder”.

A tolerância no convívio foi um outro ponto abordado pelo professor Aquino. Ele enfatizou a fraternidade com a qual Jesus conviveu com os outros e que ela é a expressão mais radical do Deus em que ele acredita. Aquino destacou ainda que o propósito do cristianismo é passar pelo mundo cultivando e espalhando o bem.

“Por isso, o Papa Francisco é uma figura que tem impactado o mundo porque toca naquilo que o mundo mais carece nesse momento: Justiça, Paz, Fraternidade. Por isso, ele tem se tornado uma referência não só para os cristãos, mas para outras religiões. Francisco é hoje uma das grandes reservas éticas, espirituais e humanitárias do mundo. Essa é a riqueza que nós recebemos de Jesus: viver como irmãos, cuidando da humanidade sofredora. Esses textos retomam esse processo de renovação eclesial que o Papa Francisco coloca hoje para a Igreja.”

print

Compartilhe:

Deixe um comentário