Josué de Castro é tema de palestra na abertura da 13ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

A 13ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia foi aberta, na tarde desta segunda-feira (17), na Universidade Católica de Pernambuco, com palestra do assessor de Relações Internacionais e Interinstitucionais da Unicap, Prof. Dr. Thales Castro. No ano em que se comemora os 70 anos do clássico “Geografia da Fome”, ele falou sobre “O ativismo humanista, ecopolítico e diplomático de Josué de Castro na FAO: resgates históricos e perspectivas futuras”, atendendo a convite da coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento de Processos Ambientais, Profª Drª Clarissa Daisy da Costa Albuquerque.

Na sua apresentação, o professor Thales procurou resgatar a imagem maiúscula do grande humanista que foi Josué de Castro que, como presidente do Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), entre 1952 e 1956, e como embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas, em Genebra, em 1963, conseguiu irradiar a sua voz e o seu clamor por essa temática tão importante e, ainda persistente no século 21, que é fome e a insegurança nutricional e alimentar.

Professor Thales, enfatizou que Josué de Castro foi um pernambucano maiúsculo,  que tocou em questões urgentes e ainda persistentes nos nossos dias. “Podemos ter  avanços tecnológicos imensos, mas precisamos  nunca esquecer da raiz que é a cidadania impressa, o humanismo impresso a partir  do resgate daquelas pessoas que estão numa situação  de pobreza, de indigência e de insegurança alimentar. Essas pessoas precisam ter o nosso cuidado, nossa atenção, o nosso resgate urgente, porque são pessoas em um estado de grande vulnerabilidade,  de grande deficiência, de grande falta dos parâmetros de cidadania, que são parâmetros constitucionais. Portanto, precisamos ter esse olhar de sensibilidade”, ressaltou, acrescentando que Josué de Castro, no século 20, falava  para toda a dimensão do século 21.

Na sua palestra, o professor Thales apresentou a relevante biografia de Josué, médico, nutrólogo, professor,  geógrafo, cientista social, político (exerceu dois mandatos de deputado federal por Pernambuco), ativista brasileiro do combate à fome e autor de inúmeros livros, com destaque para “Geografia da Fome”, de 1946, e “Homens e Caranguejos”, de 1967.

Recebeu várias honrarias, entre as quais o Prêmio Franklin D. Roosevelt, concedido pela Academia de Ciências Políticas dos Estados Unidos, e o Prêmio Internacional da Paz, do Conselho Mundial da Paz. O governo da França o condecorou como Oficial da Legião de Honra. O professor Thales lembrou que Josué foi indicado três vezes ao Nobel da Paz, em 1953, 1963 e 1964.

Logo após o Golpe de 1964, foi destituído do cargo de embaixador em Genebra e teve seus direitos políticos suspensos pela ditadura militar. Sem poder voltar ao Brasil, foi morar na França, onde atuou como professor de 1964 a 1973, ano da sua morte, na Universidade de Paris VIII.