Boletim Unicap

Grupo Frida promove ato contra violência de gênero

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Cartaz do Grupo Frida de Gênero e Diversidade

Em meio a gritos de “meu corpo, minhas regras” e “lugar de mulher é onde ela quiser”, o Ato Contra Violência de Gênero reuniu estudantes de vários cursos quinta-feira (03), no hall do bloco G da Unicap. A manifestação foi organizada pelo Grupo Frida de Gênero e Diversidade, com apoio do Instituto Humanitas, e contou com representantes de grupos que evidenciam a luta feminista no Recife, como o coletivo Mães pela Diversidade, o Núcleo de Apoio à Mulher do Ministério Público, o Departamento de Polícia da Mulher, a Secretaria da Mulher e o Coletivo Muda. O ato contou também com a presença do promotor Maxwell Vignoli e das professoras de Direito Andrea Campos e Rosângela Lira.

A manifestação teve início com a confecção de cartazes com mensagens de empoderamento feminino e de um varal que, além de cartazes, continha roupas íntimas penduradas em sinal simbólico de protesto. Em seguida, o público se reuniu e deu início aos discursos.

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Alunas reunidas para confecção do material

A coordenadora do Grupo Frida de Gênero e Diversidade e professora do curso de Direito, Carolina Ferraz, foi a primeira a falar e enalteceu o propósito do ato: “Pretendemos mobilizar não só mulheres, mas homens também. Temos uma ideia equivocada que o feminismo traça como parâmetro o homem como nosso inimigo, o que não é verdade. O machismo é tão perverso que tem como vitima principal as mulheres, mas também vitimiza os homens, pois impede que eles se sensibilizem, sejam parceiros e tenham uma percepção de igualdade. Isso é um mal que deve ser combatido em favor da igualdade.”

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Professora Carolina Ferraz discursando sobre desigualdade de gênero

A manifestação é realizada todo ano com diferentes temáticas, mas as datas não são aleatórias. Ana Carolina explica o porquê de ter escolhido o mês de novembro: “25 de novembro é o Dia da Visibilidade da Erradicação da Violência de Gênero. Esse dia surge na agenda mundial depois da morte de três ativistas políticas na República Dominicana, as irmãs Mirabal. Elas tinham um ativismo muito empoderador, então foram presas, torturadas e mortas. Isso aconteceu no século 20 mas, no contexto político que vivenciamos atualmente, é visível como as mulheres que estão no poder também incomodam.”

Em seguida, a fala foi cedida à delegada à frente do Departamento de Polícia da Mulher, Inalva Regina. Ela abordou assuntos como violência doméstica e submissão. “Em 100% dos casos que chegam a uma Delegacia da Mulher, a vitima, antes de tomar a iniciativa, já foi várias vezes submetida à violência. O que começa com uma crise de ciúmes, aos poucos se torna obsessão, depois vira violência direta. Quando a mulher chega à delegacia, o que ela quer é que dê um ‘susto’ no homem. O sentimento é sempre o mesmo, de não querer prejudicar a pessoa que vem lhe prejudicando.”

A oradora seguinte foi a coordenadora do coletivo Mães Pela Diversidade, Gi Carvalho. Ela deu início ao seu discurso com um relato pessoal que arrancou lágrimas do público sobre aceitação de sua filha lésbica e o papel dos pais no apoio à causa. “Estou aqui convidando as mães a saírem do armário. Venho dizer que meu amor é realmente incondicional e não vai ser parado pelo machismo. Tenho sido muito feliz dizendo ‘tire o seu preconceito do caminho, que vamos passar com o nosso amor,'” afirma ela.

Defendendo a causa do feminismo negro de periferia, a estudante de Direito Larissa Meyrelles compartilhou a luta do grupo dentro da Universidade. “Temos professores que defendem a causa, mas é uma empatia teórica. Quando conheci o Grupo Frida, percebi que é possível que filhas de lavadeiras tenham voz, mulheres pretas, pobres, possam adotar seu padrão e usar suas roupas e seus cabelos da forma como quiserem, sendo respeitadas por isso. Precisamos praticar sororidade sem interessar pelo rótulo que a mulher carrega, mas sim pensar que ela carrega o rótulo de mulher, igual a você. Não somos rivais.”

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Público reunido durante o ato

Pontuando a fala de Larissa, a secretária executiva de Política para as Mulheres, Ceça Costa, completou: “Nós, mulheres negras periféricas, somos as mais violentadas.” Em adição, a representante do Coletivo Muda, Emilia Bousinho, explicou: “Quando a gente se cala, esse silêncio grita, e o silêncio é opressor.”

Representando o Núcleo de Apoio à Mulher, Fátima Ferreira divulgou um serviço de denúncias que pode ser usado por qualquer pessoa. “Existe um canal criado no Governo Federal para denunciar abusos contra mulheres. Se você souber de alguma mulher em situação de risco, ligue. Qualquer um pode fazer a ligação sem se identificar.”

No fim, qualquer aluno que quisesse adicionar algo, ficou livre para ir à frente do microfone se pronunciar. Foram contadas histórias pessoais e pontos intrínsecos à temática do ato. A professora Carolina Ferraz finalizou o ato levantando a seguinte bandeira: “Nós não vamos nos calar enquanto exista qualquer tipo de mulher que sofra qualquer tipo de retaliação, violação ou atentado. Nosso silêncio não será mais esperado, pois nossas vozes ecoarão.”

 

 

 

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