Boletim Unicap

Editor-executivo do portal Terra lança livro na Unicap

DSCN4058Os alunos do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco acompanharam na noite da última segunda-feira (12), no auditório G1 da instituição, o lançamento de um livro escrito por um ex-aluno da própria universidade, o jornalista Daniel Buarque, editor-executivo do portal Terra.

A palestra foi mediada pelo coordenador do curso de Jornalismo, Juliano Domingues. A mesa foi composta ainda pelo coordenador do curso de Economia, José Alexandre.

O jornalista, que trabalhou no portal G1, Folha de São Paulo e Estadão, revelou que a ideia para elaborar a sua obra, que leva o título de Brazil, um país do presente – a imagem internacional do “país do futuro”, surgiu a partir de pautas que ele fazia enquanto estava trabalhando como repórter internacional nos Estados Unidos.

Sobre o estilo do livro que escreveu, Buarque foi bem direto. “Meu livro é jornalístico, sempre cito as falas das fontes e nunca coloco minhas opiniões nos textos”, revelou.

O professor José Alexandre também comentou sobre o aspecto econômico abordado no livro de Daniel.  “Abrir ou fechar uma empresa no Brasil é muito complicado e isso afasta o capital estrangeiro”, disse.

Saiba mais

capa-livro

Texto de apresentação escrito pelo jornalista Roger Modkovski

Resultado de dois anos de pesquisa, incluindo seis meses vivendo em Nova York, Brazil, um país do presente é um livro sobre a imagem internacional do país na virada da primeira década do século XXI, quando o Brasil se tornou “fashionable”, se tornando mais conhecido e mais relevante internacionalmente.

Trata-se de um estudo aprofundado da história da interpretação internacional sobre o Brasil, incluindo pesquisa em livros lançados nos Estados Unidos a respeito do país e mais de uma centena de entrevistas com as pessoas que estudam o Brasil, que falam sobre o Brasil e que olham para o Brasil a fim de entender esta imagem vista de fora. Foram realizadas ainda dezenas de horas de entrevistas informais, buscando ouvir de todo o tipo de pessoas o que elas pensavam sobre o Brasil.

No total, passei por dez estados americanos, da cosmopolita Nova York ao conservador Texas; da engajada capital Washington DC ao tradicionalismo americano de Ohio; da fábrica de entretenimento da Califórnia à pobre Louisiana, ainda se reconstruindo anos após a passagem do furacão Katrina; e passei ainda por Illinois, Pensilvânia, além de Massachusetts e Nova Jersey onde estão duas das maiores concentrações de imigrantes brasileiros.

Por questão de viabilidade da pesquisa, o trabalho evitou fazer uma coleta de dados estatísticos sobre o assunto. Para isso, o estudo contou com o apoio de dados especificamente sobre o assunto levantados por uma empresa especializada em estatísticas. Tive acesso com exclusividade a dados do Nation Brands Index relativos à imagem brasileira nos Estados Unidos. A pesquisa de Top of Mind sintetiza a opinião genérica de um país em relação ao outro, tudo com base científica. Com os dados da imagem geral que o “americano médio” tem sobre o Brasil, foi possível partir para uma análise mais profunda e qualitativa dessa opinião, falando com as pessoas que estudam isso na academia, e com os próprios americanos sobre suas ideias. Gente da academia, da mídia, do mercado financeiro, dos grupos ambientais, das relações internacionais, da moda, da beleza, da cultura, da comunidade brasileira no exterior, tudo para entender de forma qualitativa a forma como o Brasil é visto na virada da primeira década do século.

O livro divide o assunto em temas imprescindíveis, como política, economia e relações internacionais, mas incluir a questão ambiental e da Amazônia, que muitos americanos confundem com a própria ideia de Brasil. Ele inclui um capítulo sobre a visão que os imigrantes brasileiros nos Estados Unidos, um grupo com mais de 1,5 milhão de pessoas, têm do Brasil atual. Traz ainda a evolução mais recente dos estudos acadêmicos a respeito da realidade brasileira nas universidades americanas e uma apresentação de como funciona o mito da democracia racial brasileira, em que eles parecem crer como contraste que existe com a realidade deles mesmos. Por último, traz um capítulo de perfis dos “ícones” do Brasil no exterior, gente como Carmen Miranda e Santos-Dummont, Eike Batista e Henrique Meirelles, Pelé e Gisele Bündchen. As opiniões apresentadas são sempre as dos entrevistados, observadores externos que não têm oficialmente nenhuma ligação com governos e partidos do Brasil, por mais que possam expressar simpatias ou antipatias. Como autor, tentei manter-me à distância na organização das ideias dos entrevistados e da bibliografia pesquisada, buscando a objetividade e o equilíbrio entre as opiniões divergentes.

Depois de tanta coleta de informações, é possível dizer que a sensação de que o Brasil está recebendo mais atenção é unânime, assim como é unânime a sensação de que o país tem uma imagem cada vez mais positiva. “O futuro chegou”, declarou o presidente Barak Obama em discurso proferido durante sua primeira visita ao Brasil . “O Brasil virou o país do hoje” , ouvi repetidas vezes, em contraposição ao tradicional clichê do “país do futuro”. “O Brasil deixou de ser um exemplo de problemas a serem evitados e se tornou uma fonte de exemplos a serem seguidos”  , diziam. “O Brasil passou a ser visto como um país sério” , reiteravam, sempre fazendo contraposição a estereótipos antigos, como o de que o francês Charles de Gaulle teria dito que o Brasil não é um país sério. Ah, e aparentemente ninguém nos Estados Unidos realmente pensa que nossa capital é Buenos Aires.

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