Boletim Unicap

Curso de Psicologia realiza Fórum sobre Terapia Cognitivo Comportamental

O 1º  Fórum de Terapia Cognitivo Comportamental(TCC) da Católica teve a tarde de ontem (4) dedicada à apresentação de casos clínicos. A partir da análise de situações reais, acompanhadas pelos psicólogos convidados, o público pode conhecer a aplicação desse tipo de tratamento em situação como ansiedade e timidez patológica.

Os psicólogos Igor Lemos, Luciana Gropo, Karine Torres, Laila Kurtinaitis e Marília Pereira

A mesa-redonda “A clínica de TCC na contemporaneidade” foi coordenada pela mestranda Karine Torres e debateu as perspectivas para o tratamento de transtorno obsessivo compulsivo(TOC) na infância, ansiedade generalizada, pânico e ansiedade social.

A especialista em saúde mental e mestre em saúde do adolescente, Luciana Gropo, falou sobre o transtorno obsessivo compulsivo, entidade que se caracteriza pela realização de atos repetitivos, associados a pensamentos que algo de ruim pode acontecer caso aquelas ações não sejam executadas. Segundo a psicóloga, os pacientes demoram cerca de 15 anos para buscar tratamento. Cerca de 80% dos adultos com esse distúrbio tiveram início da doença na infância. Já houve até casos de crianças que aos dois anos já apresentavam comportamentos compulsivos, como deixar os brinquedos perfeitamente arrumados após utilizá-los (algo incomum param essa idade).

Os sintomas do TOC podem incluir rituais de limpeza, superstições e ordenação. No planejamento terapêutico é importante avaliar não apenas a criança , mas também sua família. Histórias, jogos e brincadeiras são algumas das estratégias utilizadas no tratamento de crianças.

Luciana apresentou o caso de uma menina que, aos oito anos, sentia a necessidade de fazer tudo com perfeição. Entre outros comportamentos, ela lia várias vezes o mesmo texto para ter certeza de que não se esquecera do pingo da letra i.  Com a ajuda dos pais e da escola, a menina  foi submetida a tratamento e vem apresentando progressos.

Laila Kurtinaitis, especialista em TCC e mestranda em neuropsiquiatria e ciências do comportamento iniciou sua apresentação sobre ansiedade patológica dizendo que é bom ter ansiedade, visto que ela nos ajuda a fazer uma preparação melhor para as situações que vamos passar. “O problema é quando a ansiedade é mal canalizada”, explicou.  Segundo a psicóloga, até certo ponto a ansiedade nos favorece, e daí em diante, passa a prejudicar a adaptação do indivíduo.

Entre os sintomas da ansiedade estão a preocupação excessiva, irritabilidade e perturbação do sono. Foi apresentado o caso de um jovem de 24 anos, desempregado, que apresentava sintomas físicos e psíquicos decorrentes da ansiedade. O tratamento passou por uma análise de sua infância e adolescência, inclusive revivendo situações desagradáveis desse período, técnicas de respiração e relaxamento, além da prática de situações sociais que desencadeiam desconforto.  Como resultado, o rapaz apresenta mais confiança sobre seus problemas e vem tendo melhor convívio social.

“Acompanhamento terapêutico do pânico” foi o tema da palestra apresentada pela psicóloga Marília Pereira, especialista em TCC e professora da Universidade Federal de Pernambuco. A técnica envolve a exposição do paciente a situações em que ele possa se sentir desconfortável. O objetivo é desconstruir pensamentos errôneos, e  criar uma nova linguagem acerca desses fatos.

Marília apresentou o caso de uma moça com 22 anos que tinha medo de usar elevadores. Ela era levada ao shopping e ao aeroporto e era solicitada a quantificar seu grau de ansiedade quando entrava nos elevadores desses locais e também quando saía deles. Com o avançar do acompanhamento, a paciente apresentou melhoras a ponto de ficar presa por sete minutos no elevador de um hospital e ser capaz de tranquilizar as outras pessoas, ao invés de se desesperar.

A última discussão da mesa-redonda se referia à fobia social, também conhecida como timidez patológica. Igor Lemos, que está realizando o mestrado em Psicologia e especialização em TCC falou sobre essa entidade, que se acompanha de perda da autoestima do paciente e medo de críticas.

O caso clínico mostrava a história de um rapaz de 18 anos, que sofrera bullying na escola e apresentava dificuldades nos relacionamentos e nos estudos. Alguns dos objetivos do tratamento eram recuperar a confiança, fazer amigos e vencer a timidez. Um dos pontos do tratamento chegou a incluir a adição de “amigos” no MSN e no Orkut. Com as sessões, o paciente passou a se relacionar melhor com as pessoas, inclusive desconhecidos.

Professora Suely Santana

A professora Suely  Santana apresentou a palestra de encerramento do 1º  Fórum de Terapia Cognitivo Comportamental. Ela começou falando da importância de buscar novas formas de atuação. Segundo a professora, foi o desejo de fazer algo diferente que a levou a realizar o doutorado em Portugal, visto que toda a sua formação até aquele momento se realizara no Brasil, dentro de linhas de raciocínio muito semelhantes.

Suely  Santana dedicou a apresentação à teoria social cognitiva, proposta pelo psicólogo canadense Alfred Bandura, atualmente com 84 anos.  A teoria aborda conceitos como autorregulação, autoeficácia e modelação social.  Bandura observa a ação humana como resultante de influências ambientais, pessoais e comportamentais.

Entre outros aspectos da teoria social cognitiva, é possível avaliar os impactos da globalização e do avanço tecnológico sobre as pessoas, numa época em que os limites entre lazer, família e trabalho são bastante tênues.

O Fórum de Terapia Cognitivo Comportamental faz parte da programação da 8ª Semana de Integração Universidade Católica e Sociedade. Mais informações em http://www.unicap.br/siucs .

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