Colóquio discute experiências na Educomunicação
|Texto: Thiago Neres e Fotos: Lyon Valentim e Gabi Vitória
O I Colóquio de Professores, Pesquisadores e Estudantes de Educomunicação deixou ocupadas todas as cadeiras do anfiteatro do bloco G4 da Universidade Católica de Pernambuco. O evento, que fez parte das atividades do primeiro dia do Intercom 2011, reuniu acadêmicos de vários estados e cidades do país para debater e trocar experiências sobre a importância da educomunicação na construção de uma sociedade mais democrática, capaz de desenvolver um senso crítico sobre as problemáticas da atualidade. Pela manhã, as mesas redondas foram mediadas pelo professor Ismar de Oliveira Soares, que coordena o curso de licenciatura em educomunicação da USP, e pela professora Daniele Andrade, coordenadora do bacharelado em educomunicação da UFCG.
Para abrir as discussões, o acadêmico exibiu um vídeo de cerca de 20 minutos, mostrando um projeto realizado em escolas públicas e privadas, onde os alunos receberam capacitação para realizar entrevistas para rádio e televisão. Dentro desse contexto, eles abordaram não só os próprios colegas, mas também autoridades de órgãos oficiais que foram questionados sobre temáticas ambientais.
“As universidades devem aprender com esses exemplos a explorar mais possibilidades. Algumas já começam a trabalhar a comunicação dentro dos cursos de medicina, letras e pedagogia, mas não são todas. Outras, infelizmente, vão no caminho contrário. No Brasil, são um milhão de estudantes do ensino público e privado que participam de programas de educação à distância. Essas instituições criticam o Ministério da Educação e o acusam de ser retrógrado por acreditar na presença do educador”, critica o professor Ismar de Oliveira.
Entretanto, existem experiências bem sucedidas, como uma rádio implementada em uma comunidade indígena xavante, no Cuiabá, no Mato Grosso. O projeto chegou a contribuir para minimizar as diferenças de gênero na tribo. Pela tradição local, as mulheres tinham o direito de se expressar tolhido e eram censuradas, caso o fizessem na presença dos homens. Há, também, um grupo de pesquisa e extensão em Uberlândia, Minas Gerais, para a formação de educomunicadores. Ao serem requisitados para fazer assessoria de comunicação a um centro de recuperação de dependentes químicos, os professores e alunos optaram por um caminho diferente: ensinaram médicos e pacientes a fazer um jornal interno e cuidar do relacionamento com a imprensa.
A pesquisadora em comunicação Rosa Luciana Rodrigues, que faz mestrado na Universidade Federal do Pará, esteve presente ao encontro e aprovou a discussão. Ela ajudou a coordenar o projeto Rádio pela Educação, no município de Santarém, no Pará. São 57 escolas da zona urbana e rural que elaboram quadros e participam ativamente da gravação de um programa de rádio, que é transmitido pela emissora local e já conta com três edições semanais. “Os repórteres do projeto vão a essas escolas e também ensinam técnicas de reportagem. Dessa forma, alunos e professores fazem matérias nas próprias comunidades e repassam para a coordenação do Rádio pela Educação”, explica. Desde o início do projeto, que já tem 12 anos de existência, pelo menos 19 colégios conseguiram desenvolver suas próprias rádios-escolas, com financiamento e apoio da secretaria de educação municipal e outros parceiros.
Por Thiago Neres