Boletim Unicap

Clínica de Fono da Católica ajuda pessoas surdas a aprenderem português como segunda língua

O atendimento é feito pelos alunos do curso de Fonoaudiologia supervisionados pela professora Izabelly Brayner

A Clínica Escola de Fonoaudiologia da Universidade Católica de Pernambuco retoma suas atividades, neste segundo semestre de 2017, oferecendo à comunidade vários serviços, dentre eles o Audiologia Educacional para pessoas surdas.

O serviço tem como objetivo ajudar os surdos a aprenderem o português como segundo idioma, já que o primeiro é a Língua Brasileira de Sinais – Libras. O atendimento acontece todas as quartas-feiras em dois horários, às 14h30 e às 15h25. As sessões custam R$ 18,00. As pessoas que tenham dificuldade financeira podem procurar a Divisão de Ação Social (DAS) da Católica para solicitar um desconto. Agendamento e informações pelo telefone (81) 2119.4137.

Dona Márcia Maria da Silva (de camisa verde, na foto), há três anos, traz para as sessões sua filha Elisa Maria da Silva Santana, de 13 anos, aluna do 6º ano do Ensino Fundamental II. “O tratamento tem ajudado muito, ela evoluiu nos estudos. Antes, ela não tinha noção de leitura e não aprendia os assuntos da escola e, agora, ela entende. Esse serviço de ensinar o português é importante, porque ela vai ter uma base melhor e vai aprender muito mais. Na escola tem Libras mas, como todos os assuntos são dados em português,  quem não sabe não aprende”, explica Dona Márcia.

Para a coordenadora do atendimento, professora Izabelly Brayner, um grande problema no ensino aos surdos é que eles são colocados em sala de aula junto com os ouvintes que aprendem em português e muitos surdos não sabem o português, o que gera um déficit em seu aprendizado. O português é a base para aprender as outras disciplinas como História, Geografia, Física, Matemática e todas as demais. Por esse motivo, o nível de aprendizado dos surdos fica inferior aos ouvintes.

Para os alunos do curso de Fonoaudiologia, segundo a professora Izabelly Brayner, essa experiência “é um ganho incomensurável. A gente não tem, hoje no mercado, profissionais de fonoaudiologia que dominem a língua de sinais, justamente por ser uma língua nova, por ter entrado no currículo do curso há pouco tempo. A gente começou a colocar egressos que viveram essa experiência de Libras na terapia e estão capacitados para atenderem pacientes surdos em Libras”.

Essa nova modalidade no ensino da Libras na Fonoaudiologia atende à Lei 10.436 de 2002, conhecida como a Lei de Libras, que diz em seu texto: “Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil”; e atende, também, ao Decreto 5.626 de 2005, que regulamenta e determina que os cursos de Fonoaudiologia, dentre outros, de todo o país, ensinem Libras como disciplina obrigatória.

Ainda segundo a professora Izabelly Brayner, antigamente, a fonoaudiologia trabalhava a oralidade nos portadores de deficiência auditiva, mas essa técnica não funcionava para todos, pois algumas pessoas não conseguiam se oralizar. Dessa forma, a Libras se mostra a principal ferramenta de comunicação e expressão da pessoa surda.

 

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