Candidata do Psol abre série de roda de diálogos do Instituto Politeia
|A série de rodas de diálogo com os postulantes ao governo de Pernambuco e ao Senado teve início na noite de desta quarta-feira (12) com as candidatas do Psol Danielle Portela (governadora), Albanise Pires e Eugênia Lima (senadoras). A iniciativa do Instituto Politeia reuniu professores, alunos e gente do público externo no teatro do bloco B. O professor do curso de Direito Felipe Sarinho atuou como debatedor. A mediação foi do jornalista Daniel França.
Durante sua apresentação, Dani Portela relembrou o passado do pai. Preso político e perseguido durante o regime militar, Eribaldo de Carvalho Portela morreu aos 90 anos em 2016 vítima de febre chikungunya. Ela citou uma frase do pai para justificar a sua candidatura ao Executivo Estadual. “Seja onde você estiver, tem que usar a sua atuação para transformar não a sua vida individual, mas transformar a coletividade. É para isso que a gente está aqui”.
Portela, 43 anos, é advogada e historiadora com mestrado nesta área. Atua junto a movimentos sindicais, principalmente na área de educação. Ela falou sobre a paixão pela educação. Mencionou o filósofo Eric Hobsbawn para explicar a história recente da democracia e a importância de compreender o passado para construir o presente.
Dani Portela criticou o governo Temer. “A Emenda Constitucional 95 é uma das maiores atrocidades que um Presidente pode fazer por um país. É um absurdo que a gente congele e não limite esse investimento para o pagamento de dividendos ou de dívidas com os bancos. É uma inversão do que seria o papel do Estado na defesa de sua população”, disse ela que também fez críticas à reforma trabalhista.
Ela falou também sobre o papel feminista no processo democrático “já que Pernambuco nunca teve uma governadora ou senadora” e do sentimento de incredulidade das pessoas com a política. “As Eleições 2018 são um divisor de águas na história da democracia brasileira. A gente tem que olhar quem são esses políticos que a cada quatro anos chega próximo de nós e apresentam propostas e planos de governo que são ctrl c ctrl v da eleição anterior”.
Sobre a renovação de quadros em Pernambuco, ela fez uma analogia com a Capitania Hereditária. “Político aqui em Pernambuco parece que tem que ter sangue ou DNA, tem que ser filho de alguém, neto de alguém. A gente quer transformar uma democracia quase numa monarquia de poder vitalícia hereditária. Eu estava muito desencantada com a política como muita gente está. Essa incredulidade gerou o crescimento dessas forças conservadoras. Nunca falar em esquerda e direita foi tão atual. A gente precisa se posicionar. E é com esse desafio de tomar posição, de dialogar com o povo, partindo do princípio basilar da democracia de alternância de poder e poder popular. Precisamos ser atores e autores de nossa história.”
Dani Portela defendeu o que chamou de redimensionamento do Estado. “Óbvio que não é estado mínimo, mas um estado menor no que a gente fala sobre cargos e secretarias, principalmente cargos em comissão. Hoje a gente vê o Estado virar um balcão de negócios. Quanto maior o palanque, quanto mais siglas estão subindo naquela palanque, maior é essa máquina estatal”. A candidata respondeu a perguntas sobre geração de emprego e renda, aborto, drogas, desigualdade entre as campanhas, autonomia universitária, segurança e políticas públicas para juventude.
“A gente tem que falar em união das esquerdas sim, mas em união de esquerda com projeto de esquerda, da reorganização da luta popular, não em cima desses palanques contraditórios que a gente vê aqui em Pernambuco. Infelizmente, a capitania hereditária política de Pernambuco tem dito que a política é uma questão de hereditariedade. Quando a gente fala em novo e alternância, a gente quer se colocar como novo, mas um novo que vem de uma forma diferente. A gente precisa resgatar a esperança”, disse Dani ao se despedir do público.
Senado – Um dos pontos discutidos pelas candidatas a partir de perguntas da plateia foi o aborto. Elas defendem o amparo legal por parte do Estado à decisão das mulheres, seja qual decisão for: a de fazer o aborto ou não. “O aborto é uma realidade que não se pode negar. A intervenção do Estado deve ser contratar esta realidade. Fazer aborto não é uma opção, não é nada agradável para absolutamente ninguém. É uma dor psicológica, uma dor física. Se ela não cometer o aborto, o Estado também não lhe garante o direito a uma maternidade plena. Precisamos enfrentar esse debate de forma tranquila”.
Eugênia Lima ressaltou que a criminalização do aborto faz as mulheres recorrerem à clínicas clandestinas, aumentando o risco de morte. “A gente tem que lutar pela vida dessa mulher porque quem tá morrendo nas clínicas clandestinas são as mulheres periféricas, negras. A gente precisa tirar a máscara do moralismo. Isso não é questão religiosa e enxergar o problema que a gente vive diariamente. As mulheres tem que falar dos direitos reprodutivos delas, não dá para ver homem legislando sobre os nosso corpos, sobre nossas vidas”.